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Áreas de risco em morros de Florianópolis seguem sem solução

Parece que foi ontem, mas já faz sete meses desde a tragédia que le­vou três casas abaixo e deixou uma mulher de 65 anos morta no Morro da Mariquinha, na região central de Florianópolis. Desde aquele dia 13 de dezem­bro de 2011, quando o corpo de Claudete Ferreira ficou soterra­do, pouca coisa foi feita na re­gião e cerca de 2.000 famílias permanecem na zona conside­rada de risco. Outras áreas, com risco muito alto de deslizamen­to – são nove de acordo com es­tudo – também não receberam investimentos significativos. Moradores dessas regiões estão entregues à própria sorte, pelo menos até que o Plano Munici­pal de Redução de Riscos de Es­corregamento seja atualizado.
Na próxima quarta-feira (25), a prefeitura lança uma nova tomada de preço para a contratação de empresa para prestar serviços de consultoria e revisão no Plano, elaborado pela Universidade Federal em 2007. O documento já havia alertado que a região da Mariquinha fa­zia parte de área de risco mui­to alto. Logo após a tragédia de dezembro, uma empresa fez es­tudo geofísico na rocha que fica sob parte da comunidade.
A revisão do plano atualiza­rá as áreas por escalas de risco. Indo de R1, risco baixo, até R4, as consideradas de risco muito alto. O documento atual aponta como área de risco muito alto o Morro da Penitenciária, Nova Jerusalém, Horácio, Morro do 25, Mariquinha, Caieira e Tico Tico. Desde a criação do Plano não houve intervenção na maio­ria das comunidades, exceto em algumas regiões do Maciço do Morro da Cruz que foram beneficiadas por obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Drama de perder a casa
A consultoria e revisão do Plano custarão R$ 300 mil ao município. Os estudos começarão em três meses, após processo de licitação. Tempo de mais para os pais do porteiro Rudnei Pereira, 46 anos. O casal Rubens Pereira, 83 anos, e Nair Pereira, 80 anos, mora de aluguel em São José desde que a cozinha da casa na Mariquinha desabou. Para piorar, os R$ 300 repassados pela Prefeitura da Capital para custear moradia não chega ao casal desde junho.
Pereira relatou ainda que a casa dos pais, com escritura pública, foi demolida, mas não devem ser indenizados. “Os poderes públicos estão sediados de frente para o morro. A situação pode ser vista das janelas deles. Está na hora de agir”, provocou. Ele enfatiza que a idade avançada dos pais não permite uma briga judicial. “Meu pai morou aqui por mais de 70 anos”. (Alessandra Oliveira)
Dinheiro parado melhoraria 36 pontos
O estudo que será revisado norteará novos projetos. Em novembro de 2011, antes da tragédia, a prefeitura assinou convênio de R$ 9 milhões, captados pela Secretaria de Habitação, para obras de melhorias em 36 pontos de risco. A verba é fruto de convênio com a Caixa Econômica Federal. As obras deveriam começar em fevereiro, mas o processo licitatório se arrasta entre trâmites burocráticos e não foi concluído. Os recursos não devem atender a Mariquinha, pelo fato da área não estar em zona de “interesse social”.
Muros de contenção resolveriam o problema da região
Desde a tragédia no Morro da Mariquinha, 21 famílias foram removidas de suas casas e passaram a depender do aluguel social para viver — o pagamento deste mês está atrasado desde o dia 15. O benefício recebido é de R$ 300 para cada grupo familiar.
Na Mariquinha, o cenário é desolador – quatro casas foram demolidas, entre elas a de Ruben e Nair. Outros 12 imóveis estão desabitados e, segundo o presidente do Centro Comunitário do Morro da Mariquinha, Marcelo Ferreira, podem ser recuperadas e devolvidas aos moradores. “Basta que se façam as obras de contenção necessárias”, explica Ferreira. “Mas desde a tragédia nada foi feito aqui na comunidade. Todo mundo continua em risco e esperando pelo pior a qualquer momento”, declara.
O estudo geofísico aponta que a montanha rochosa tem efeito balança e, com fortes ventos ou chuvas, pode levar as moradias da região abaixo.
(ND, 23/07/2012)

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