Pedaços de telhas, restos de tábuas, galhos e lixo foi o que sobrou após a retirada de 15 famílias da área verde invadida no mês de maio, no bairro Vila Nova, em Palhoça. Na próxima sexta-feira, dia 6 de julho completará um mês que as moradias foram demolidas e três famílias levadas para um abrigo, onde ficaram até mo dia 22 de junho. A área degradada ainda não recebeu nenhuma melhoria, conforme assinalou o superintendente da Fcam (Fundação do Meio Ambiente) do município, Danilo Al Cicci, durante o processo de retirada dos invasores.
A área devastada ainda guarda alguns pertences dos antigos moradores como: uma mala, pedaços de brinquedos, varais com prendedores e uma blusinha infantil. A medida tomada pela Fcam para evitar novas invasões foi a instalação de duas placas de alerta sobre a área verde impassível de construções habitacionais. Dois telefones para denúncias em caso de ocupação irregular completam o quadro.
A revitalização do espaço que antes da invasão foi habitat de caranguejos não está nos planos da Fcam, segundo o superintendente, Danilo Al Cicci. “O que faremos são limpezas regulares e monitoramento do local para evitar novas ocupações”, afirmou, ao ressaltar a colocação das placas e a maior vigilância. “Nosso foco era a retirada das pessoas”, destacou.
O promotor do Meio Ambiente, José Eduardo Cardoso, está de licença e a promotora que o substitui no Ministério Público não quis se pronunciar sobre as responsabilidades de recuperação do espaço degradado.
Famílias saíram do ginásio Caranguejão
O pintor Luciano Ricardo Martins, 42 anos, cuja casa foi a última a ser demolida no dia 10 de junho, ficou abrigado no ginásio Caranguejão até o dia 22, com outras duas famílias. “Deram até as 17h do dia 22 de junho para deixarmos o ginásio. Do contrário as quatro crianças que lá estavam seriam levadas pelo Conselho Tutelar”, detalhou Martins. O ex-invasor alugou uma casa a menos de 200 metros da área verde. No local ele mora com a mulher, a filha e dois netos.
Ricardo conseguiu uma casa para que quatro pessoas que estavam com ele no ginásio fossem abrigadas. “Eles morarão de favor por até dois meses na Baixada do Maciambu, na região Sul de Palhoça”, detalhou sobre a família de Maicon Escapim, que permaneceu no Caranguejão com a mulher grávida, o filho de dois anos e a mãe idosa.
Dos 12 cães e três gatos sob a guarda de Martins ele mantém apenas cinco animais em seu quintal. Por falta de espaço o pintor cuida dos bichos na rua. “Preciso de ajuda para alimentar e tratar dos cachorros. Não quero dinheiro. Somente ração e cuidados veterinários”, disse ao oferecer seu número de telefone: 8458-6576, também para interessados em adotar os animais que ele tenta acolher.
A secretária de Assistência Social de Palhoça, Miriam Raimundo Silva, disse que das três famílias abrigadas no ginásio de esportes, no Centro de Palhoça, duas tinham cadastro no programa de habitação do município. A terceira não foi inscrita porque tinha casa própria, de acordo com os registros. “Sei que eles conseguiram uma casa emprestada para morar”, detalhou, ao explicar que não houve ameaça de retirada das crianças. “Se fosse para tirá-las dos pais teríamos feito desde o início, porque o abrigo não era um lugar adequado para os pequenos”, disse.
(ND, 04/07/2012)