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Sumiço de centenas de quatis na Ilha do Campeche, em Florianópolis, está sendo apurado por Fatma e Polícia Ambiental

O bichinho curioso que ganhou dos índios guarani o nome “nariz pontudo” desapareceu da Ilha do Campeche, ao Sul da Ilha de SC. Centenas de quatis que alegravam e também incomodavam turistas e nativos da região não foram mais vistos desde o começo do verão.

A Polícia Ambiental e a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) fizeram na terça-feira a primeira vistoria para apurar denúncia de suposto crime ambiental que pode resultar em prisão do responsável.

Os araçás espalhados na areia são um sinal de que não há mais quatis na Ilha do Campeche. Eram mais de 500, segundo as pessoas que trabalham ali. O silêncio predomina entre pescadores e comerciantes sobre o destino dos animais que habitavam a Mata Atlântica, a praia, roubavam sacolas dos turistas e pulavam nas mesas dos restaurantes para ganhar comida.

—Jacaré entrou no céu porque tem boca grande— disse um pescador, sugerindo que se alguém falar, sofre represália.

Silêncio na comunidade

Com garantia de anonimato, algumas pessoas contaram que os animais foram envenenados, além de degolados por armadilhas colocadas na mata, e parte foi transportada com vida até a praia da Lagoinha do Leste, perto dali. Os mortos teriam sido enterrados. Estas suposições foram relatadas às equipes da Fatma e da Polícia Ambiental que começaram a investigação na terça-feira, no local.

—Por enquanto, não há vestígios de que foram mortos, mas também não há quatis. Encontramos apenas um filhote numa árvore —contou o fiscal da Fatma, o geógrafo Carlos Eduardo Soares, que passou o dia percorrendo trilhas e coletando informações, junto da colega fiscal, a bióloga Vanessa Moraes Nunes, com apoio técnico da Polícia Ambiental.

— Caso tenha sido usado veneno, quem fez conhece o comportamento do animal e sabe a forma de atingi-lo. Os quatis tinham contato com os humanos e comiam de tudo. Disseram que um pacote de bolacha foi encontrado pendurado numa árvore, no meio da trilha — observou a bióloga.

Confira as fotos na Ilha do Campeche

Crime ambiental

Com base no relatório de fiscalização, os dois órgãos decidirão a partir de quarta-feira o que fazer. Se houver suspeita de crime, o Ministério Público Estadual é informado e abre ou não processo criminal contra o autor. Se for comprovado crime, o autor pode pegar entre seis meses e um ano de cadeia e pagar uma multa de R$ 500 por animal morto, de acordo com a Lei Federal de Crimes Ambientais, número 9.625.

— Em caso de crime, se não for encontrado o autor, o autuado será o responsável pela Ilha —disse o gerente de fiscalização da Fatma, Carlos Rocha.

No caso, é a Associação Couto de Magalhães, que por meio de sua assessoria jurídica informou que só vai se manifestar depois da conclusão da investigação.

Animais não tem predadores

Apesar de ser um animal nativo de Santa Catarina, o quati não é um mamífero nativo da Ilha do Campeche. Há cerca de três décadas ele foi levado para lá e como não existem predadores que o ameacem no local e existe alimento em abundância ele se reproduziu descontroladamente. O problema é que eles se alimentam não só de frutas e insetos, mas também de ovos de pássaros como o tiê-sangue, que está ameaçado de extinção. De acordo com entrevista do biólogo publicada no DC em 6 de junho de 2011, os quatis já são um problema ambiental na área.

(DC, 06/03/2012)

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