Usadas para cruzar vias com segurança, as passarelas na Capital nem sempre são mantidas como deveriam e acabam sendo esquecidas pelo poder público. A do Terminal Rodoviário Rita Maria, no Centro, foi inaugurada em 1986 e é, em muitos casos, o primeiro trajeto de turistas que chegam a Florianópolis de ônibus. Porém, há 25 anos ela continua conforme foi construída, sem os reparos e manutenções devidas da Secretaria de Obras do Município.
Em agosto de 2011, o Notícias do Dia publicou uma matéria que tratava da estrutura das 11 passarelas existentes na cidade, administradas pela prefeitura e Deinfra. Na época, o secretário municipal de Obras Luiz Américo Medeiros disse que a prefeitura havia contratado uma empresa para fazer o levantamento do estado das passarelas e aguardava o laudo para avaliar o que poderia ser feito e tomar previdências. Sete meses depois nada aconteceu.
Parte da estrutura de ferro, que não deveria ser visível no piso, aparece por causa do concreto desgastado. O piso, especialmente na parte central, é uma armadaliha a cada passo. É possível ver o asfalto da rua abaixo por dois buracos que medem cerca de um palmo. Há ainda barras de proteção soltas na lateral, ferrugem e sinais de corrosão em toda a estrutura. Se a passarela for vista debaixo é possível observar mais de dez furos, a maioria nas laterais da travessia.
A dificuldade dos pedestres
O estudante François Afonso Oliveira Simion, 16, há um ano usa a passarela de segunda a sexta-feira e nunca viu ninguém trabalhando no local ou realizando manutenção, pelo menos no último ano. Ele passa por ali porque vem de Palhoça para estudar e trabalhar na Capital, e o ônibus que o traz para Florianópolis encerra o itinerário na rodoviária. “É bom não passar na linha do buraco porque ele pode quebrar mais e outras partes também devem estar frágeis. Infelizmente a gente acaba acostumando, mas precisava de mais atenção, de uma manutenção ou reforma”, opinou.
O secretário Luiz Américo disse que há um projeto de recuperação para as passarelas da cidade, mas por enquanto apenas a passarela que fica próximo ao CIC, na Beira-mar Norte, está em processo de licitação. Para todas as outras não há previsão. Segundo Medeiros, a recuperação da passarela do Rita Maria deve custar em média R$ 500 mil. “Por enquanto estamos monitorando e continuará assim. Sei que há buracos, se não for mexido é certo que vai se agravar, mas precisamos captar recursos e ainda não temos data para estas recuperações”, afirmou.
É preciso mais atenção para não tropeçar ou se machucar, segundo o pescador Reinaldo dos Santos,52. Ele e sua mulher, Zenilda dos Santos, cozinheira, 49, tem um filho que mora em Jaraguá do Sul e pelo menos duas vezes por mês passam na passarela para ir até a rodoviária. O casal afirma que às vezes sente medo de passar ali. “Essa travessia é, ou pelo menos deveria ser, a nossa segurança, o espaço destinado pra nós pedestres sem riscos, mas desse jeito não tem como se sentir 100% seguro”, lamentou Zenilda.
(ND, 30/03/2012)