A situação fez o superintendente do Ipuf reavalizar a implantação do sistema online na Capital
Os funcionários da Zona Azul paralisaram as atividades na tarde desta quinta (8) por falta de cartão e por dificuldades no sistema eletrônico. Com isso, sobram dúvidas sobre a eficiência do sistema online, que estava planejado para funcionar na Capital no início do mês. O superintendente do Ipuf, José Carlos Ferreira Rauen, disse que irá tomar medidas emergenciais e acredita que o serviço será normalizado ainda esta sexta-feira.
Desde o início da semana, quem estacionou em área de Zona Azul e estava sem cartão precisou de um monitor para registrar sua entrada e saída pelo sistema online, sem comprovante. Porém, às 14h de quinta (8) os funcionários cruzaram os braços por não conseguirem mais trabalhar. O sistema, que deveria ser prático, é lento e leva em média cinco minutos para registrar a vaga.
Segundo Rauen, a falta de cartões ocorreu por um problema na homologação da licitação para adquirir novos cartões. Porém, ele informou que vai comprar novos cartões de forma emergencial. “O problema é que eu só soube agora que estavam sem cartões, deveriam ter me avisado antes. Teremos também que avaliar o sistema para saber por que está lento e fazer mais testes. Queremos um sistema eficiente, com credibilidade, se está com problema não conseguiremos migrar”, justificou Rauen na tarde desta quinta-feira.
Sistema atual
Os usuários da Zona Azul reclamam que o sistema atual já não funciona bem. Além da dificuldade de encontrar uma vaga, o motorista chega a esperar mais de 30 minutos até encontrar um monitor para comprar o cartão, quando consegue encontrar. Determinados pontos ficam sem fiscalização durante o dia , impedindo a rotatividade. São apenas 87 auxiliares de trânsito para cuidar de 3.847 vagas distribuídas no Centro e no Estreito.
Everson Hilleshein, 29, tem uma empresa de instalação de ar-condicionado e quase todos os dias precisa estacionar próximo à avenida Beira-mar Norte. Ele conta que raramente encontra monitores por ali e acaba deixando o veículo sem cartão. “Eu não posso ficar esperando e atrasar com os clientes. Compro de bloco e já deixo no carro, mas quando acaba e não estou no Centro fica difícil conseguir um cartão novo”, reclamou Hilleshein.
No início da semana, a equipe de reportagem do ND ficou cerca de 30 minutos em frente à praça Governador Celso Ramos e nenhum monitor apareceu. Dos 43 carros estacionados em frente à praça e ao hotel Majestic, apenas cinco tinham cartão da Zona Azul. O flanelinha Edson José Leonel, 45, aproveita a ausência da fiscalização para cuidar dos carros e ganhar gorjetas. Ele fica no local o dia inteiro e afirma que há mais de um mês não aparece nenhum monitor por ali.
Continente
No Estreito a situação é parecida. Na rua Heitor Blum, que fica ao lado do Direto do Campo os motoristas nem se preocupam, nenhum dos 16 veículos estacionados no local tinha o cartão. O representante comercial Luiz Fabiano dos Santos permaneceu 40 minutos na vaga sem nenhum problema. “Sinceramente eu achei que isso nem valia para cá, só para o Centro, porque nunca vi nenhum monitor aqui”, relatou. O mecânico André Luiz Gouvea Alves, 30, possui uma loja na Fulvio Aducci há um ano e também afirma que não vê os monitores na região. “Não tem ninguém para vender. Isso não funciona aqui”, afirmou.
Rauen afirma que realmente são poucos funcionários e no Estreito não há monitores. Porém não é possível contratar mais monitores porque os funcionários da Zona Azul são contratados pela Aflov (Associação Florianopolitana de Voluntários) conveniada à prefeitura. “Precisamos que se desenrole o processo no Ministério Público para que haja abertura de vagas para contratação de pessoal efetivo”, explicou.
(Letícia Mathias, ND, 08/03/2012)