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Menos lixo, por favor!

Artigo de Carina Zanotto – trilheira (DC, 30/03/2012)

Andar pelos costões nunca foi fácil. É preciso, além de cautela extrema e calçado apropriado, orgulho verde, disposição e sintonia com o próprio mundo. Com o tempo, você adquire uma melhor cicatrização nas canelas e alguma tonelada mental de revolta (e essa já nem precisa de tanto tempo assim). Agora, imagine quatro pessoas carregando aproximadamente mil litros de lixo acumulados num trecho de 800 metros! O Diego, a Juliana e a Patrícia toparam (e com bom humor) a empreitada comigo: limpar o costão de Palmas, em Governador Celso Ramos.

Chegamos à cidade por volta das 08h30min e só finalizamos a coleta às 16h. Sem paradas, exceto os minutos fotográficos. Da meia dúzia de pescadores que lá estavam, me perguntei quantos viriam a jogar as latas de alumínio, as garrafas pet, as bitucas de cigarro, as sacolas plásticas e os apetrechos de pescaria que recolhemos. Também teve o que esqueceu R$ 2,50 junto a pedaços de camarão e iscas artificiais. Sem esquecer da ação das marés, regurgitando no costão as latas de óleo, os litros de água sanitária, as botas, as boias de arremesso, a cabeça de boneca, o preservativo e mais uma infinidade da imundície humana.

A maior parte dessa indignação perante os detritos, que em mim ficou, não pode ser registrada em muitas fotos devido à dificuldade de caminhar naquele trajeto. Sem exceção, todos que passaram pelos sacos de lixo enfileirados perguntaram qual era a ONG ou o trabalho de faculdade. Sacos que tivemos que levar até a rua de acesso à praia, pois não havia lixeiras próximo ao Rio Águas Negras. Fui informada que, sem elas este ano, o lixo continuaria sendo recolhido em alguns pontos. Pontos imaginários, vale lembrar. Outro absurdo.

Matheus, responsável pela locação de caiaques em Palmas, nos cedeu um deles para que um bote gigante fosse resgatado da ponta final do Costão. Já na ponta inicial, onde uma turma fazia churrasco à sombra, por entre dezenas de latas de cerveja e restos de isopor, pude receber nosso maior prêmio: uma das famílias nos pediu um saco e resolveu contribuir. Recolheram o lixo produzido por eles e por outros. E se perguntaram: para onde levamos?

Educação ambiental – já o próprio nome diz – não nasceu para ser feita aos gritos. É aquele trabalho de formiguinha que não deixará de crescer porque muitos ainda não se conscientizaram. Faça a sua parte. Participe de mutirões de limpeza, compartilhe o que sabe com quem anda no seu compasso ou, simplesmente, faça por si, com dedicação. E não importa em qual época do ano, de frequentar a praia, disponha-se a ver o mar sob outros ângulos. Não se contente em presenciar o horizonte da areia da praia. É sempre diferente, de marejar os olhos, instigante. É um verde-esmeralda que urge pela vida, levando ao questionamento mais doloroso: quando cada um entenderá que as questões ambientais afetam, de forma direta e irreversível, a vida em si, em todas as suas manifestações?

Por menos lixo, por favor.

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