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31/01/2012
Sustentabilidade
31/01/2012

Hermanos na Ilha Eles já são de casa

Eles estão por toda a parte e já integram a paisagem do verão na Ilha de Santa Catarina. Segundo a Santur, há 7% a mais de argentinos no Estado este ano. Com seus estilos próprios, nossos vizinhos buscam prazer, belezas naturais e gastronomia, mas sem gastar tanto

Se era comum escutar o sotaque argentino nas praias de Florianópolis, nesta temporada, ouvir o português está ainda mais raro. São tantos os argentinos em família, sozinhos ou com amigos, que é de se duvidar das centenas de quilômetros que separam o litoral catarinense do país vizinho.

A Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte (Santur) ainda não tem dados conclusivos, mas adianta que há 7% a mais de argentinos no Estado este ano. Essa presença garantida, não só nos balneários, como nos hotéis, no Centro e na rodoviária da cidade, surpreende até os próprios hermanos.

– Quando a gente viaja, quer conhecer gente do lugar. Argentino a gente já vê o ano inteiro! – ressalta Victoria Cuadro, 29 anos.

A administradora e o namorado Alejandro Vanadía, de Córdoba, encararam 30 horas de ônibus rumo ao país mais belo do mundo – como definem o Brasil –, para aproveitar as praias. Nas primeiras horas na cidade, eles já escutaram o próprio idioma no hotel e na Praia de Canasvieiras. Para eles, a onda dos hermanos se deve às águas mais quentes e tranquilas das praias da Ilha.

Para os representantes da área de Turismo, os argentinos estão mais econômicos. O perfil é de um turista com poder aquisitivo médio, que aproveita a praia, e está aberto a conhecer novas atrações do litoral catarinense, mas que procura alternativas baratas de alimentação e hospedagem.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SC), Fábio Queiroz, fala sobre as novas escolhas dos argentinos em Santa Catarina:

– O Brasil, não só para os turistas estrangeiros, está caro. Os argentinos procuram economizar, comendo em casa ou em restaurantes que não entram nas nossas pesquisas, como bufê a quilo, que oferecem comida mais simples.

Para Queiroz, os argentinos também vêm muito em família, por isso não saem tanto à noite, como outros turistas estrangeiros, que vêm solteiros e com amigos.

João Eduardo Moritz, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-SC), diz que os argentinos, hoje, acrescentam pouco à ocupação dos hotéis e pousadas na temporada. A principal forma de hospedagem, segundo ele, é casa ou apartamento alugado, onde até três famílias dividem as despesas.

Outra tendência do turismo de argentinos no Litoral, de acordo com o presidente da Santur, Valdir Walendowsky, é permanecer, no mínimo, sete dias e, no máximo, três semanas, em períodos diferentes ao longo da temporada. Isto porque, ele afirma, as férias na Argentina estão mais distribuídas. Também, para os argentinos, Natal e Revéillon são passados em casa. Só depois eles pegam a estrada.

Segundo a Santur, os argentinos viajam para SC, principalmente, de avião e carro. Quando vêm da Grande Buenos Aires, Córdoba, Rosário e Mendoza – lugares mais distantes do Brasil – escolhem os voos charter, ou fretados, aqueles que são reservados pelas operadoras de turismo. Já os que partem de Missiones, estado de onde vêm muitos turistas todo o ano, por fazer fronteira com o Brasil no Oeste catarinense, viajam de carro.

Os argentinos, também, estão circulando mais pelo Estado. Além deFlorianópolis e Balneário Camboriú, estão indo para Bombinhas, Nova Trento, Brusque, e praias do Sul de SC.

E foi isso que resolveu fazer a família de Nancy Duarte, que se apaixonou por Bombinhas.

– É lindo o mar de lá, a água é muito calma – destaca o marido, o técnico de comunicação, Alfredo Duarte.

Praias que não eram tão conhecidas também estão caindo na preferência dos hermanos. O professor Atílio Marcon se hospedou com a família pela primeira vez na Guarda do Embaú, em Palhoça. A sugestão de um amigo foi muito aprovada.

– É muito bonito o Rio (da Madre) desembocando no mar. A praia é muito familiar. Eu voltaria para cá, com certeza – ressalta.

(Por Gabrielle Bittelbrun e Janaina Cavalli, DC, 31/01/2012)

Belezas naturais e opções de lazer

As belezas naturais é o que mais chama turistas argentinos para SC. A família de Nancy Duarte, de Buenos Aires, ressalta que o clima catarinense é melhor e não há vento constante como nos balneários argentinos.

– Na Argentina sempre tem areia grossa e voando, não dá para desfrutar tanto a praia – reforça a técnica em radiologia.

A família prefere gastar cerca de R$ 500 no segundo verão em Florianópolis do que investir o mesmo valor em praias mais badaladas da Costa Leste da Argentina.

Para eles, a variedade de passeios turísticos, como de banana boat e de escuna, e de balneários a pouca distância são mais atrativos na Capital catarinense. Os Duarte já foram em outras praias do Norte da Ilha como Ponta das Canas e Ingleses, mas sempre preferem Canasvieiras.

O mar mais calmo também fez com que Canasvieiras fosse o “ponto central” da família do joalheiro Flavio Varchioni, de Buenos Aires. Há 15 anos, ele passou o verão na Capital catarinense pela primeira vez, pela valorização da moeda argentina em relação à brasileira. Mesmo com a distância e com a viagem ficando mais cara, Flavio continuou voltando em busca da combinação “praia, águas quentes, sol e belas mulheres”.

O grupo de cinco amigos de Buenos Aires veio passar as férias em Canasvieiras pela primeira vez. Exatamente cinco horas após desembarcarem na cidade, eles já estavam dispostos a conhecer tudo o que a Ilha pode oferecer. E com economia.

– Não vamos nem jantar para poder ir à danceteria e conhecer mais lugares – contaram os amigos bem-humorados.

(DC, 31/01/2012)

Sapato na areia ou bumbum grande?

Identificar na praia quem é brasileiro ou quem é argentino exige algumas teorias. O casal de namorados Lucia Viegas, 34 anos, e Jose Horlnus, 39 anos, considera que os argentinos são mais barulhentos e colocam música mais alta, enquanto os brasileiros seriam mais calmos.

Já para a argentina Nancy Duarte, os brasileiros que são mais expressivos, gesticulam mais e fazem mais alvoroço ao chegar na praia.

O professor de história Alejandro Vanadía, 34, elogia a simpatia brasileira. Mas, para ele, há argentinas igualmente sorridentes.

– Quis namorar a Victoria (Cuadro) porque ela é simpática, parece brasileira – brinca o namorado.

A tática do joalheiro de Buenos Aires Flavio Varchioni, para saber de onde é a pessoa na praia, é olhar para os pés:

– Só os argentinos andam de tênis ou sapato nas praias. Os brasileiros vêm descalços ou de chinelo.

Para um grupo de Buenos Aires, as brasileiras são mais “desenvoltas”.

– Elas vão usar biquíni não importa a idade ou o peso – ressalta o estudante Jonathan Kauffman.

O grupo bem animado tem ainda uma maneira mais rápida para julgar se é brasileira.

– Os bumbuns são maiores – dizem, aos risos.

Mas não são muitos os setores que denunciam a origem dos praieiros. Cilene Volkmer, moradora de Florianópolis e frequentadora da praia de Canasvieiras, diz que costumava identificar os argentinos pela moda. As mulheres da Argentina, segundo ela, usavam biquínis com alças mais baixas e, os argentinos, abusavam da bermuda xadrez. Nos últimos anos, as vestimentas se aproximaram e a fisioterapeuta tem que observar bem para arriscar quem é argentino ou não.

A argentina de Córdoba Maria Ribeiro concorda que, em dia de praia cheia, é difícil saber quem são os conterrâneos.

Nem tudo agrada

Apesar de todos argentinos garantirem que as centenas de quilômetros compensam, nem tudo em SC agrada aos visitantes. A sensação de insegurança é o que preocupa a professora Lucia Viegas, 34. Para se garantir, ela preferiu pagar mais caro para alugar um apartamento em um local que parece mais seguro.

Para a estudante Maria Ribeiro, 21, o problema na estadia na cidade foram os petiscos na praia. Segundo ela, são oferecidas muitas frituras, como pastéis e camarão frito.

A técnica em radiografia Nancy Duarte diz que não há muitas opções de lazer para o filho, Juan Cruz, 16. Na Argentina, ela conta que há festas e mais fliperamas que distraem o jovem. A família também não consegue acostumar com o estilo buffet livre dos restaurantes. Para ela, são poucas opções e a carne também tem um corte diferente e é mais dura. Mas para cada ponto negativo, segundo o marido Alfredo, há muitos pontos positivos:

– A gente compensa com cerveja e frutos do mar.

(DC, 31/01/2012)

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