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Artigo escrito por Elson Manoel Pereira – Doutor em Urbanismo, Professor da UFSC (DC, 10/11/2011)

O anúncio da contratação do projeto executivo para a construção da nova ligação Ilha-Continente traz uma grande preocupação para aqueles que querem verdadeiramente uma solução para o problema de (i)mobilidade urbana em Florianópolis e para aqueles que, como eu, ainda acreditam que o planejamento possa reger nossas ações.

O projeto de localização da nova ponte anunciado está completamente desvinculado de um plano integrado de mobilidade que deveria se alicerçar em princípios de ocupação do território, num sistema viário adequado e na definição de um modal preferencial de transporte. Isto seria o que todos conhecemos como Plano Diretor, que, paradoxalmente, está sendo (?) elaborado em Florianópolis, mas completamente ignorado por aqueles que defendem o referido projeto. Isto sem falar que os projetos para o BRT e para o metrô de superfície, segundo o próprio governo, estão em andamento.

Como elaborar projetos independentes para um mesmo espaço urbano de maneira desintegrada? Discutiu-se muito pouco a localização da ponte. O local previsto para sua cabeceira insular não suporta novos fluxos. Em países europeus, norte-americanos ou no Japão dedica-se muito mais tempo à etapa de planejamento do que à execução do projeto. Quando, naqueles países, se começa uma obra, ela já está muito bem pensada e assimilada pela população. Se quisermos copiar algo daqueles países, que seja a capacidade de pensar o próprio território.

Temos que lembrar que esta nova ligação Ilha-Continente é uma obra de grande impacto urbano e, pelo Princípio da Precaução, ela só deveria ser iniciada quando todos os aspectos relacionados à sua execução estivessem muito bem pensados. Ao se definir apressadamente sua localização sem um amplo debate público e sem discutir alternativas, estaremos, talvez, cometendo um dos maiores e irreversíveis erros da história urbana de Florianópolis.

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