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Da coluna de Moacir Pereira (DC, 10/11/2011)

Duas exposições técnicas mostrando a situação de absoluta fragilidade e de colapso iminente da Ponte Hercílio Luz marcaram a instalação da Câmara de Transporte da Fiesc, agora sob a presidência do empresário Mário Cesar de Aguiar.

Os depoimentos sobre o risco de queda do maior símbolo de Florianópolis e de Santa Catarina e um dos ícones da engenharia mundial foram feitos pelos engenheiros Khaled Mahmoud, da Universidade de Nova York, e Honorato Tomelin, da Universidade Federal de Santa Catarina.

Khaled mostrou que a Silver Bridge, ponte gêmea da Hercílio Luz, construída em 1928 (dois anos após a catarinense) foi ao chão em 1967, matando 46 pessoas. Causa: ruptura de uma barra de olhal. Rigorosamente o mesmo problema denunciado por Gaston Arango, consultor da empresa Steimann, de Nova York, depois de inspeção na ponte, em 1982, em documento enviado ao diretor do DER, Cleones Bastos. O alerta levou o governo a bloquear a travessia.

Desde então, todos os estudos, sugestões e avaliações técnicas recomendaram a troca daquela barra de olhal e de todas as outras em idêntica situação. Passaram-se quase 30 anos e nada aconteceu.

Khaled Mahmoud não foi nem catastrófico nem otimista. Mas seu realismo revelou que o risco de um colapso – expressão que mencionou dezenas de vezes na exposição da Fiesc – é evidente.

O engenheiro Honorato Tomelin foi mais contundente. Mostrou outro problema igualmente grave na estrutura de sustentação da Ponte Hercílio Luz, depois de enfatizar que a obra ficou sem qualquer manutenção durante mais de 60 anos.

DESLEIXO

Tomelin é o engenheiro com mais informações, documentos, registros fotográficos e análises técnicas sobre a Hercílio Luz. Vem estudando, fazendo advertências públicas há 30 anos, desde a antiga Escola de Engenharia da UFSC. Tem sido uma espécie de Dom Quixote no esforço de agilizar medidas para preservar o mais famoso monumento da engenharia existente no Estado.

Exibiu na Fiesc fotografias assustadoras. Os quatro pilares de concreto sobre o mar sustentam as duas torres. Cada uma delas tem duas bases, que terminam mais estreitas, em forma de pirâmide invertida. Sua função é vital: atuam como “joelhos” na movimentação da estrutura pênsil da ponte. Desgastadas, com “fraturas expostas” e corrosões visíveis a olho nu, elas representam outro risco de colapso. Um vento mais forte pode aumentar o movimento das torres, elevando a carga do vão central. Como o movimento na base é impossível, pois o “joelho”, enrijecido, não funciona, a estrutura pode desabar.

Como evitar a tragédia? Tomelin mostrou a solução técnica. A montagem da plataforma de aço para a sustentação do vão central. Seriam, então, substituídas as barras de olhal e os quatro pontos de aço nas bases das duas torres.

Há, contudo, problemas financeiros, jurídicos e políticos que estão atrasando a execução. O Consórcio Florianópolis Monumento está com o projeto atrasadíssimo. A plataforma tem apenas seis estacas fincadas das 16 contratadas. Deviam estar prontas há mais de um ano. Eram para encontrar rocha sã a 35 metros de profundidade. Estão chegando a 79 metros. Explicação: não houve prévia sondagem física do subsolo. Além disso, o consórcio exige aditivo contratual que o governo não aprova.

O engenheiro Hubert Beck Júnior, que fiscalizou os serviços de manutenção durante 15 anos, fez a última intervenção na Fiesc com uma previsão catastrófica: “A Ponte Hercílio Luz está próxima do fim!”.

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2 Comentários

  1. Márcio disse:

    Tomara que caia logo esta porcaria..
    assim é uma coisa a menos para roubarem dinheiro desde povo sofrido..

    Alguém ai pega ônibus para vir trabalhar após as 7 da manhã?

    isso é deplorável e muitas vezes humilhante….

  2. João Andreata de Souza disse:

    Tenho acompanhado desde 1981 quando interditaram a ponte Heecilio Luz, todas as tentativas de encontrar uma solução para mantê-la como identidade da nossa capital. O que se pode concluir é uma verdadeira falta de responsabilidade dos administradores públicos na condução das atividades públicas. Enquanto o critério para ocupar cargos for baseado nas urnas sem a presença técnica, tal com é a nossa cultura, não se pode esperar nada além do que está acontecendo, e a ponte por ser objeto não pensa, não reclama, não pede ajuda enfim, não reage a agressões. Estamos perante um problema que exige decisão técnica com acompanhamento dos políticos e não o inverso. Decidam logo para que a história não precise registrar fatos desagradáveis, normalmente destacando a contagem de vítimas, tão desencessário quanto fazer promessas para ganhar votos e depois de eleito não cumprir.

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