Projeto de Palhoça é tentativa solitária de usar o mar para se locomover na região metropolitana
Congestionada pelo excesso de carros, com falta de vias adequadas para escoamento do tráfego e refém de apenas uma opção de entrada na Ilha, a Capital não consegue implantar um sistema de transporte hidroviário que una a cidade aos municípios da região metropolitana.
A prefeitura de Florianópolis não tem nenhum projeto na área, de acordo com o vice-prefeito e secretário de Transportes, João Batista Nunes. Ainda segundo Nunes, este não é um compromisso desta gestão, voltada para outras possibilidades para o transporte coletivo na Capital.
– Nosso foco são as ciclovias, o BRT (Transporte Rápido de Ônibus, modelo curitibano de transporte) e a licitação do transporte público. É nisso que eu estou concentrado – diz.
O único envolvimento da prefeitura com o tema é a colaboração técnica, por meio do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), com a prefeitura de Palhoça, que tenta implantar o transporte marítimo na cidade desde 2010.
Depois de passeio, ideia volta ao papel
No ano passado, o prefeito de Palhoça, Ronério Heiderscheidt, promoveu um passeio num catamarã semelhante ao modelo que deve ser usado na cidade, e chegou a dizer que o transporte marítimo entraria em funcionamento em 2011. Mas a ideia não saiu do papel.
O que há de concreto até o momento é a lei municipal que viabiliza o sistema. Nesta semana, será lançada a licitação para escolher a empresa que fará o projeto a ser enviado para a Superintendência do Patrimônio da União (SPU), responsável por liberar terrenos de Marinha e demais espaços onde serão construídas as estações de embarque.
Também falta a aprovação pelos órgãos ambientais dos itens para a preparação da hidrovia e do entorno, obras a cargo do município.
– Eu não posso afirmar quando vai funcionar ou não. A gente está fazendo de tudo para começar – enfatiza o secretário de Desenvolvimento de Indústria, Comércio e Serviço de Palhoça, Josué da Silva Mattos.
(Por Anelize Salvagni, DC, 24/10/2011)
Porto Alegre esperou por três décadas
Enquanto, em Florianópolis, as baías Sul e Norte ficam restritas a passeios, práticas de esportes e pesca artesanal, Porto Alegre conseguiu implantar uma travessia até a cidade de Guaíba. A diferença principal de lá para cá é que o governo gaúcho encampou a ideia, compartilhada pelos dois municípios beneficiados. Aqui, além do governo estadual não fazer parte das tratativas para implantação, a prefeitura de Florianópolis já declarou ter outras prioridades.
A travessia entre as duas cidades, feita pelos 14 quilômetros do Rio Guaíba que as separam, começará na sexta-feira sob a expectativa de quem vai gastar 20 minutos para fazer uma viagem que dura ao menos uma hora e meia. Foram 30 anos de espera.
Um catamarã da Marinha do Brasil, equipado com ar-condicionado e acesso à internet, vai levar os 120 passageiros, que vão pagar R$ 7 pela passagem durante a semana e R$ 6 aos sábados, domingos e feriados.
Foram sete tentativas anteriores de colocar a ideia em prática. Só na oitava é que o sistema saiu do papel. A licença da hidrovia tem autorização da Marinha por seis meses, período em que o governo gaúcho deverá buscar uma licença definitiva.
Iniciativa privada possibilitou a realização
A concretização veio quando uma empresa privada assumiu a ideia e investiu R$ 7 milhões, e o governo fez as obras de infraestrutura necessárias – dragagem do canal e construção das estações e ancoradouros.
– Um dos principais fatores desta vez foi a boa vontade. Eu enfrentei muita má vontade da Secretaria de Portos e Hidrovias. Mas a Marinha foi de extrema boa vontade. A empresa que ganhou a licitação também – conta o secretário de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano de Porto Alegre, Luiz Carlos Busato.
Ele acredita que a nova possibilidade de transporte vai ajudar a aliviar outra questão que perturba a população há bastante tempo.
– A ponte do Guaíba é um problema sério. Essa alternativa não resolve, mas dá algum conforto – afirma.
Segundo o secretário de Mobilidade Urbana de Guaíba, Cléber Quadros, o município investiu na preparação do entorno da hidrovia para viabilizar a operação.
– Foi um grande trabalho em parceria para que esse dia chegasse. Não são 30, são 50 anos de espera – diz.
(DC, 24/10/2011)
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1 Comentário
Prezados Senhores,
Em relação ao parágrafo “Porto Alegre esperou por três décadas”, participo que o catamarã citado não pertence ao inventário de navios e embarcações da Marinha do Brasil.
Atenciosamente
Claudio da Costa Lisboa
Capitão-de-Mar-e-Guerra
Capitão dos Portos de Santa Catarina