População de SC cresce 1,1%, aumento superior ao índice médio brasileiro e dos outros estados do Sul, Sudeste e Nordeste
Em um ano, a população de SC cresceu 1,1%, e passou de 6,24 milhões para 6,32 milhões de pessoas. Pela estimativa 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o aumento superou o índice brasileiro (0,84%) e dos outros estados do Sul, Sudeste e Nordeste – regiões mais habitadas do país. Florianópolis foi a capital que mais cresceu no Sul e Sudeste.
Segundo ranking divulgado na semana passada, Florianópolis teve o maior aumento em números absolutos em SC. Passou de 421,2 mil para 427,3 mil habitantes – 6.058 pessoas.
Conforme o professor de Planejamento Urbano Elson Manoel Pereira, da Universidade Federal de SC (UFSC), o crescimento populacional se deve à migração do interior de SC.
– O crescimento tem a ver com o processo de “litoralização”. Florianópolis é uma das capitais que mais crescem por causa dos bons índices de educação, além da violência ser menor comparada a outras grandes cidades do país. Outro fator é a imagem que se vende para o resto do país de cidade-paraíso – analisa.
Em percentual, o município que mais cresceu foi Araquari, com 4,23%. Segundo o professor, boa parte dos migrantes paranaenses – que lideram a procura por SC, junto com gaúchos e paulistas – está vindo para o Norte do Estado, mais desenvolvido industrialmente. A cidade tem 25,8 mil habitantes e vem recebendo empresas nacionais e multinacionais.
Em seguida vem Itapema, que no Censo 2010 tinha ficado em primeiro lugar. Para a coordenadora de Divulgação de Informações do IBGE em SC, Sueni Juraci de Mello dos Santos, os atrativos da cidade são a qualidade de vida e suas belezas naturais.
– É um município que gera oportunidades de trabalho, passa por um crescimento imobiliário e fica próximo a Balneário Camboriú – observa.
Sueni explica que o país passa por uma mudança na mobilidade espacial da população. Em julho, o estudo Reflexões sobre os Deslocamentos Populacionais no Brasil apontou que a migração atual é maior para a Região Sul, sobretudo SC, polo de atração turística. Nas décadas de 1960 a 1980, a corrida era para o Sudeste.
(Por Roberta Kremer, DC, 05/09/2011)
Florianópolis está no limite
Se o crescimento populacional continuar alto e nada for feito para melhorar a mobilidade urbana, Florianópolis pode perder o status de “capital da qualidade de vida” para a do estresse no trânsito, como ocorre hoje com São Paulo. Para o professor da UFSC Elson Manoel Pereira, a Ilha já sofre com os problemas de trânsito pela falta de conectividade, ou seja, ligações estratégicas entre as vias.
De acordo com Pereira, as ruas de Florianópolis foram mal planejadas e a maioria desemboca nas mesmas saídas. Ele dá o exemplo da Avenida Beira-Mar Norte, onde qualquer acidente costuma parar o trânsito, como ocorreu com o tombamento de um caminhão no Elevado Vilson Kleinübing, na quinta-feira. Das 15h30min até o início da noite, o trânsito ficou lento em toda a região.
Além disso, para o professor, a cidade precisa de modais alternativos, com mais linhas de ônibus, metrô de superfície e mais ciclovias.
– Quanto mais pessoas, mais se ocupa o solo e mais mobilidade precisa – observa.
Um estudo desenvolvido pelo pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Valério Medeiros, divulgado em 2009, aponta que Florianópolis tem o segundo pior índice de mobilidade do mundo e o deslocamento mais complicado entre 21 das principais capitais brasileiras. Foram levadas em consideração a organização e a conexão das ruas.
Mudanças no FPM
– O aumento do número de habitantes entre 2010 e 2011 mudará a faixa no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para Navegantes, Caçador e Xanxerê, que ampliarão em mais de R$ 1 milhão o repasse em 2012. Só uma cidade de SC terá queda no FPM: Coronel Freitas, no Oeste, devido à redução populacional.
– O FPM é composto por 23,5% da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Do total, 10% vão para capitais, e 90% aos demais municípios, de acordo com o número de habitantes.
(DC, 05/09/2011)
Municípios do Oeste lideram êxodo
Dos 10 municípios com maior êxodo entre 2010 e 2011 em SC, oito são do Oeste. De acordo com o professor-doutor em História Claiton Márcio da Silva, pesquisador em migração de sulistas, isso se deve a uma série de fatores ocorridos após a Segunda Guerra Mundial.
Entre elas estão o esgotamento de produção das propriedades, crise da agricultura familiar, o pensamento de que na cidade é melhor, a falta de políticas e de lazer no campo e a globalização, que ampliou o horizonte dos moradores do interior.
– Tem gente que vai para a cidade ganhar R$ 500, mas fica feliz em poder ir ao McDonald’s – afirmou.
Para o prefeito de Marema – a terceira cidade com maior queda na população –, José Antônio Marchetti, um dos principais fatores da evasão é a saída de jovens para estudar.
– É preocupante, pois só estão ficando os velhos na roça – avaliou.
Dirceu e Sonia Provensi ficaram sozinhos. Em 2006, a filha mais velha foi cursar Nutrição em Chapecó. Hoje ela trabalha em Lajeado Grande. No início do ano, o outro filho foi estudar Odontologia em Chapecó.
– Ficamos só nós e as vacas – lamentou Dirceu.
Os pais queriam que o filho cursasse Agronomia e voltasse para casa depois de formado. Agora, sabem que dificilmente um dos dois voltará.
(Por Darci Debona, DC, 05/09/2011)