Objetivo do Deinfra é diminuir a chance de acidente no trecho mais perigoso da rodovia que leva ao Norte da Ilha, na Capital
Em 10 dias, deve começar a obra de readequação da chamada “curva da morte” da SC-401, o trecho mais perigoso para quem trafega do Norte da Ilha rumo ao Centro de Florianópolis. Desde 2006, já ocorreram 468 acidentes e quatro mortes nos 500 metros do km 18,5 e km 19, próximo ao Bairro João Paulo. Depois de tantas fatalidades, o governo do Estado agora resolveu elaborar um projeto paliativo, que deve ser apresentado na terça-feira, enquanto o definitivo é elaborado.
Para minimizar o problema de inclinação da pista – necessária para ajudar o carro a não escapar na curva –, será feita uma elevação de 8% na camada de asfalto no lado direito. De acordo com o presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Paulo Meller, a alteração será feita de forma emergencial e a obra deverá durar quatro dias.
Conforme Meller, a proposta é aumentar a curvatura da “curva da morte” e da outra que fica bem próximo dela, mas do lado oposto – no sentido Norte da Ilha.
– Também será pavimentada uma rua lateral em direção às praias e construído um viaduto para atender moradores das margens da via. A expectativa é de que o custo de toda a obra seja de R$ 7 milhões a R$ 9 milhões – explica Meller.
Na manhã de ontem, o presidente do Deinfra esteve com os técnicos do órgão e a Polícia Rodoviária Militar (PMRv) no local, para analisar de perto os problemas da pista.
Na visita, a PMRv levou o radar móvel e constatou que a causa dos acidentes vai além das questões de engenharia da curva. Em pouco mais de meia hora, 230 veículos foram flagrados em excesso de velocidade. A maioria trafegava acima de 90 km/h, embora a velocidade máxima permitida no trecho seja de 60 km/h.
À tarde, nem mesmo os operários da empresa Sotepa, responsável pelo projeto, conseguiam fazer com tranquilidade a medição da topografia para os estudos das alterações da pista. Por mais que eles levantassem as bandeiras vermelhas para solicitar a redução de velocidade, os motoristas mais desatentos freavam bruscamente e outros quase passavam por cima dos trabalhadores. A PMRv vai reforçar a fiscalização no local todos os dias, em horários diferentes, na tentativa de coibir quem costuma pisar mais fundo no acelerador.
(Por Roberta Kremer, DC, 30/07/2011)
Em cinco anos, já são 468 acidentes
Os 468 acidentes e quatro mortes em cinco anos em um trecho de apenas 500 metros são o resultado da soma entre uma curva mal projetada, excesso de velocidade e imprudência em dias de chuva.
No último dia 18, um acidente ainda não totalmente esclarecido culminou na morte do argentino Ernesto Alberto Sansurjo Arias, 55 anos. Ele perdeu o controle do carro, saiu da pista e bateu contra um muro, próximo ao viaduto do Bairro João Paulo.
O homem ficou preso às ferragens e o resgate foi auxiliado por bombeiros, que utilizaram o helicóptero Arcanjo. O segurança Lucas Perreira, 23 anos, que mora ao lado da curva, foi o primeiro a tentar socorrer Arias.
– Estava sentado na pedra em frente de casa e o carro passou perto de mim. Aqui é assim: choveu, é acidente na certa – conta o jovem, que ajudou vítimas de outras batidas.
Perto dali, na descida da curva, mora a dona de casa Adelaide Rassweiler, 37 anos, que constantemente é surpreendida pelos barulhos dos acidentes. Ela conta que um carro chegou a destruir o ponto de ônibus, localizado bem no início do trecho mais perigoso da rodovia.
Os guard-rails normalmente estão quebrados, devido à quantidade de carros que se perdem, como ocorreu em 23 de junho. Uma jovem, com identidade não revelada, se perdeu na pista e capotou a sua Mitsubishi Pajero, no km 18,7.
Para o chefe de Operações do Batalhão da PMRv, Marcelo Pontes, a reformulação da curva vai melhorar as condições de tráfego. Porém, ele alerta que isso não resolverá o problema dos acidentes, se não houver a mudança de postura dos motoristas.
– É muito grande a imprudência por parte dos condutores. A curva é acentuada, mas a sinalização é bastante agressiva, com placas fluorescentes alertando sobre o perigo e a velocidade máxima de 60km/h. A segurança no trânsito não depende só da condição da via, mas do tempo, do veículo e, principalmente, do condutor – reforça Pontes.
(DC, 30/07/2011)
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