Engenheiro é acusado de desvio de verbas em obra de ponte na Capital
Há cinco anos sem falar com a imprensa, o engenheiro Miguel Orofino, principal réu no processo que investiga um possível superfaturamento de US$ 35 milhões (R$ 54,7 milhões) na construção da Ponte Pedro Ivo Campos, resolveu aparecer. Ele saiu de sua casa em Angelina, na Grande Florianópolis, para conceder entrevista ao colunista Cacau Menezes, no Jornal do Almoço, e ao DC. Ele voltou à cena para comentar a decisão da Justiça de fazer nova perícia nos contratos da obra. Algo que requer desde 1996, quando a denúncia chegou à Vara da Fazenda Pública de Florianópolis.
Vinte anos após a conclusão da então chamada Terceira Ponte, Orofino, que era superintendente da obra, teve a primeira sensação de vitória na tentativa de provar sua inocência. Foi condenado em três processos, pagou três anos e 10 meses de uma pena de 10 anos. Recebeu o indulto em 2004 e ainda responde a 12 ações. A maioria baseada na perícia realizada por um técnico do Instituto Geral de Perícias (IGP), e, segundo Orofino, por um engenheiro de trânsito e som.
O juiz Antonio Fornerolli foi o primeiro a determinar uma nova avaliação dos sete termos aditivos, focos da suspeita de superfaturamento e desvios de recursos. A justificativa é ter um laudo isento para o julgamento.
Ele afirma que a perícia é a única forma de provar que era impossível concluir uma ponte ao custo de U$S 55 milhões (R$ 86,6 milhões), desviando mais da metade do dinheiro. Compara, inclusive, o valor da Ponte Pedro Ivo com o da Colombo Salles. De acordo com Orofino, a mais antiga teria custado US$ 60 milhões (R$ 93,8 milhões), valor similar ao da obra que comandou. Se a perícia não comprovar o superfaturamento, o engenheiro vai exigir o ressarcimento pelos danos morais e o tempo que passou na cadeia.
A nova análise das contas deixou Orofino mais seguro, mas não afasta a impressão que ficou depois que, em 1992, ele fugiu do país com Meire Mendes Ouriques – sua amante na época, quando deveria prestar depoimento sobre o superfaturamento.
Aos 58 anos, está com os cabelos grisalhos e demonstra rancor com seu partido de origem, o PMDB. Ele costuma fazer em casa os projetos e consultorias às prefeituras de Angelina e Alfredo Wagner. Também usa o Twitter para criticar o cenário político. Conta ter reatado o relacionamento com os três filhos e está na fila do cadastro de adoção.
Se foi “testa de ferro”, levou a “bolada” ou é inocente, a única certeza que se tem é da lentidão do processo, que passou a ser acompanhado pelo Justiça Plena, um projeto para acelerar julgamentos de repercussão no país.
(Por Roberta Kremer, DC, 04/08/2011)
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