Sem polícia, crime predomina e população exige polícia nas ruas
A população quer polícia nas ruas. A frase é curta e grossa e representa o anseio de moradores e comerciantes diante da completa falta de segurança e da sucessão de arrombamentos, roubos e furtos que vem ocorrendo em Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu. A maioria das ocorrências é registrada na Capital, principalmente nas costas Oeste e Norte da Ilha e região na bacia do Itacorubi – que inclui Trindade, Pantanal e Córrego Grande.
Nesta terça-feira, o presidente dos Conselhos de Segurança Comunitário de Jurerê, Praia do Forte, Daniela e Ratones, Edson Guimarães entrega Ação Civil Pública ao Ministério Público Estadual, reivindicando o aumento do efetivo do 21º BPM (Batalhão da Polícia Militar) e da 7ª DP, responsáveis pela segurança no Norte da Ilha. Guimarães ressaltou que a comunidade também está organizando um abaixo assinado para entregá-lo ao MP junto com a Ação Civil Pública.
“Há quatro anos, quando havia apenas uma guarnição especial no Norte da Ilha, a região era policiada por 220 homens. Depois que a guarnição foi elevada a batalhão, o efetivo, ao invés de aumentar, foi reduzido à metade”, observou Ednaldo Lisboa da Cunha, 50 anos, líder comunitário de Santo Antônio de Lisboa, na rota gastronômica do Oeste da Ilha.
Ousadia e violência são características dos ladrões
Nas reuniões dos Consegs (Conselhos Comunitários de Segurança) é comum ouvir depoimentos, emocionados, sobre ação de bandidos cada vez mais ousados e violentos. “Eles roubam, espancam a gente e ainda saem rindo. Dizem que são menores de idade e que nada vai pegar contra eles”, relata uma empresária do Norte da Ilha, que já teve a casa assaltada cinco vezes. Na última, ela encontrou um ladrão na sala quando abriu a porta.
A situação está tão descontrolada que até os próprios delegados admitem a sensação de insegurança que está tomando conta da cidade. “No ano passado, registrávamos duas ocorrências de roubo por mês na região da Lagoa da Conceição. Hoje ocorrem dois, e, às vezes, até três roubos por semana”, revelou o delegado da 10ª DP, Anselmo Cruz.
Delegada aponta áreas desprotegidas
Julho foi um mês inesquecível para comerciantes e moradores da Costa Oeste da Ilha, que integra as localidades de Santo Antônio de Lisboa, Cacupé, Sambaqui e Barra do Sambaqui. Com cerca de 30 mil habitantes, a região oferece como opção de lazer as belezas naturais e a culinária da orla gastronômica do sol ponte.
Sem policiamento, turistas, moradores e comerciantes passaram a ser alvos de ladrões. “Muitas pessoas já nem comparecem à 5ª DP, na Trindade, que é a única delegacia que atende ao distrito. Dizem que não adianta nada registrar boletim de ocorrência”, comentou o presidente da Associação dos Moradores de Santo Antônio Lisboa, Cláudio Agenor Andrade, 42 anos.
A delegada da 5ª DP, Lúcia Stefanovich, 63 anos e 40 como delegada da Polícia Civil, fez um levantamento dos boletins de ocorrência registrados em junho por vítimas da costa Oeste da Ilha. O resultado foi surpreendente. De 1º a 25 de julho, foram 29 furtos e 10 assaltos. Ela ressaltou que a roubalheira é alarmante nos bairros Córrego Grande, Santa Mônica e Pantanal. “Os governos anteriores não se preocuparam com o planejamento da segurança pública”, advertiu.
Comandante pede mais gente
Nas reuniões com as lideranças do Norte e da costa Oeste da Ilha, o comandante do 21º BPM, o tenente-coronel Dinoh Antônio Júnior, pede à comunidade que seja parceira, sem medo de denunciar a presença de pessoas estranhas e suspeitas na região. Assim, acredita, será possível planejar o policiamento.
Dinoh sabe que o efetivo de apenas 112 homens para cobrir os 20 bairros do Norte não é ideal, e vem utilizando estratégias preventivas e ostensivas.Uma delas é o policiamento a pé e de bicicleta. “Se o comando geral me disponibilizar 10 policiais destes 463 que estarão formados em setembro, fico satisfeito”, garante.
Com estes novos policiais, a intenção do coronel é reforçar o Norte com a ronda ostensiva com o apoio de motocicleta, e resgagar a sensação de segurança ao cidadão. Para patrulhar a região Norte da Ilha – considerada a parte mais rica de Florianópolis – o oficial tem à disposição apenas 32 policiais por dia. Quando precisa de reforço, pode acionar o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) ou o Batalhão de Choque.
Na jurisdição do 21º BPM, existem sete bases. Alguns só abrem no verão, como os postos da Praia Brava, de Ratones e o localizado na avenida das Nações, na orla de Canasvieiras.
(Por Colombo de Souza, ND, 30/07/2011)
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