Para garantir eventos esportivos na Grande Florianópolis, Estado vai readequar piso da Arena Multiuso de São José
O secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Santa Catarina, Cesar Souza Junior, confirmou na tarde desta segunda-feira (25) que a Arena Multiuso de Canasvieiras não servirá mais a eventos esportivos. Além de mudar o perfil da arena, que passará a atender turismo de negócios além de escola de gastronomia para formação de profissionais de nível médio como garçons, camareiras, cozinheiros e guias turísticos, a SOL decidiu readequar a Arena Multiuso de São José para receber grandes eventos esportivos. As alterações no projeto haviam sido divulgadas pelo Notícias do Dia no início de julho.
As mudanças, de acordo com o secretário, são necessárias para acabar com a sazonalidade do Norte da Ilha, que gera emprego e renda no verão, mas no inverno fica ocioso. “Vamos readequar e vocacionar o local para turismo de negócios”, afirma. “Os mais de R$ 5 milhões investidos não serão perdidos, além disso o custo total do projeto deve cair em cerca de R$ 5 milhões porque não haverá mais arquibancadas”, completa.
O projeto total era de R$ 26 milhões. Com a redução, passa para R$ 21 milhões. Dos R$ 16 milhões que ainda faltam, a SOL espera contar com recurso federal de R$ 7,8 milhões, atualmente emperrado na Caixa Econômica Federal à espera das adequações no projeto, e bancar com verba própria os R$ 8,2 milhões restantes. Caso a CEF não libere o dinheiro, Cesar Souza Junior garante que o Estado vai assumir a obra, sem possibilidade de o projeto atrasar mais uma vez.
O relatório da comissão sugere que a administração da arena fique com a iniciativa privada, mas Cesar Souza diz que a tendência é uma parceria entre o público e o privado. “Não está nada decidido. A gestão precisa ter foco no mercado, atrair eventos, mas, com o investimento público, também terá que atender ao interesse público”, ressalva, lembrando que o modelo pode ser estendido às outras arenas construídas pelo governo no Estado, hoje com dificuldade de manter as atividades.
Solução paliativa para o esporte
Até o ano passado, a Secretaria de Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis era a responsável pelo projeto da arena que envolveria complexo esportivo e de lazer. A licitação foi vencida em 2009 pela Construtora Viseu, de Jonville. A condução da obra rendeu críticas da comunidade, comerciantes e até do trade turístico que viram na execução um projeto diferente do que havia sido discutido.
No início do ano, a Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte assumiu o projeto e paralisou as obras. Formou comissão que discutiu a readequação em audiências públicas e deu outro destino ao espaço. Para não manter a Capital órfã dos grandes eventos esportivos – Florianópolis tem hoje, por exemplo, um dos melhores times de voleibol do país, a Cimed/Sky, mas não dispõe de local adequado para jogos – as secretarias contataram a Prefeitura de São José e propuseram readequar a Arena Multiuso do município.
Sem dimensão mínima para receber jogos de voleibol, handebol e basquete, o piso será ampliado e elevado mais 2,80 metros para ficar na altura da arquibancada. Serão investidos cerca de R$ 1,5 milhão na obra prevista para o início de 2012. “O Centro Multiuso é uma obra pronta que requer apenas reforma. Já tem acesso, estacionamento, segurança, iluminação. A curto prazo é um ganho, mas Florianópolis precisa de uma arena climatizada para 8.000 pessoas para entrar no circuito mundial de eventos. O governo precisa criar esse projeto até 2014”, avalia o presidente da Fesporte, Pecos Borsatti.
Obra mais que atrasada
Sobre os atrasos na obra, que se arrasta desde 2009, passou o ano de 2010 a passos de tartaruga e em 2011 foi definitivamente paralisada, tanto Cesar Souza Junior quanto Renato Hinnig preferem não apontar culpados. Ambos afirmam tratar-se de “gestões passadas”, mas Cesar Souza diz que “por opção política” houve um “aperto financeiro” no governo anterior.
Sem os repasses, a empresa deixou de executar a obra. Hoje, o terreno localizado no Sapiens Park, na rótula de acesso a Canasvieiras, ostenta um esqueleto de vigas de concreto – que precisou ser respeitado na hora da readequação do projeto para não jogar dinheiro público fora – e também pilhas de entulhos e peças enferrujadas.
O novo projeto
Piso térreo – Espaço de exposição com 4.700 m2, oito lojas, serviços de alimentação e bebidas, depósitos, palco, bilheteria, camarins, banheiros, elevadores, rampas de acesso, ambulatório, com área total de 7.825 m2.
Piso superior – Espaço para convenções de 3.800 m2, salas de apoio, escola de hotelaria, workstation, depósitos, banheiros, serviços de alimentação e bebidas e administração, com área total de 6.447 m2.
* Projeto inclui ações de boas práticas como acessibilidade universal, coleta seletivo de lixo, reaproveitamento de água da chuva, captação de energia solar, tratamento de esgoto, entre outros.
Entenda o caso
Novembro de 2009 – Assinada ordem de serviço para a construção da Arena com previsão de conclusão em 18 meses. Espaço seria um misto de complexo esportivo, cultural e de lazer.
2010 – Obra se arrasta o ano todo por falta de vontade política e repasses financeiros.
Fevereiro de 2011 – Secretaria de Turismo decide paralisar a obra que vinha recebendo críticas de todos os lados.
Abril de 2011 – É montada comissão para repensar projeto em audiências com a comunidade e comerciantes do Norte da Ilha
Julho de 2011 – Relatório de readequação do projeto é concluído e apresentado. Opção é vocacionar arena ao turismo de negócios e escola de hotelaria. Para os eventos esportivos, governo decidiu readequar piso da Arena Multiuso de São José
1º trimestre de 2012 – Previsão para concluir reforma do piso da arena em São José
2º trimestre de 2012 – Previsão para concluir obra da arena de Canasvieiras
(Por Maiara Gonçalves, ND, 26/07/2011)