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População deixa regiões tradicionais de Florianópolis

Apenas o bairro Cacupé, no Norte da Ilha, encolheu 30% e hoje tem 601 moradores, de acordo com os dados do Censo 2010 do IBGE
Em meio ao crescimento expressivo da população da Capital, que nos últimos dez anos passou de 340 mil para 420 mil habitantes, segundo dados do censo 2010 do IBGE, a saída de moradores dos bairros tradicionais da cidade chama a atenção. É o caso do Cacupé, na costa Oeste da Ilha, que encolheu 30% de acordo com os números do instituto e hoje tem 601 moradores, apesar de o distrito de Santo Antônio de Lisboa, do qual faz parte, ter crescido 18%. O inchaço populacional nas diferentes localidades de Florianópolis, principalmente no Norte da Ilha, foi detalhado em matéria publicada pelo ND neste fim de semana.
O Morro das Pedras faz parte do distrito do Campeche, que cresceu 60% nos últimos dez anos. No entanto, a população do bairro caiu pela metade (-48,9%), passando a contabilizar 781 residentes. Da mesma forma, os bairros Canto dos Araçás e Canto da Lagoa perderam moradores em 36,8% e 12,9%, respectivamente, enquanto o distrito da Lagoa da Conceição cresceu 20%. Os bairros oficialmente têm, em 2010, 258 e 854 moradores.
A supervisora de Documentação e Disseminação de Informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no Estado, Sueni dos Santos, garante que estas regiões não sofreram alterações de zoneamento, a exemplo do que ocorreu com o Santa Mônica.
Duas quedas no Continente
Entre os 20 maiores bairros da Capital (dos 88 contabilizados pelo IBGE em 12 distritos), apenas dois tiveram queda na população: Capoeiras e Coqueiros, ambos no lado continental, com -3,6% e -2,4% respectivamente. Com 18,6 mil moradores, Capoeiras caiu de segundo para terceiro maior bairro, enquanto Coqueiros tem 13,2 mil habitantes, segundo o último censo.
Pequenos bairros delimitados por praias famosas, no entanto, também tiveram incremento significativo na população. A praia Brava, por exemplo, cresceu exatamente 7,5 vezes (650%) entre os dois censos do IBGE, saltando de 130 para 975 moradores. Já a Praia Mole saltou de 108 para 206, (90,7%), e a Daniela, de 426 para 787 (84,7%).
Arquiteto defende descentralização metropolitana
Enquanto o Ipuf fala em promover aglomerados urbanos no eixo viário da Capital, na visão do arquiteto Lino Peres, perito em estudo de Impactos Urbanos e representante da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) no Núcleo Gestor do Plano Diretor Participativo, qualquer ação que incentive concentração de pessoas dentro da Ilha é prejudicial ao inchaço populacional e de mobilidade.
De acordo com ele, o novo modelo de ocupação da região metropolitana – e não apenas da Capital – deve ser descentralizado. Como regra geral, qualquer estatal, núcleo de transportes ou de serviços deveriam ser retirados da Ilha. “É importante que, pelo menos, que não se crie mais novos, como está ocorrendo com o Sapiens Parque. Não é irônico o aeroporto internacional estar localizado na ponta do Estado, e ainda na ponta da Ilha? É necessário alterar a matriz de crescimento; algumas universidades já estão agindo nesse sentido há algum tempo, como a UFSC e a Udesc, criando campi em municípios mais afastadas da Capital.”
Segundo Peres, os números dos bairros contabilizados pelo IBGE sinalizam que “o paciente está com febre”, e que um freio demográfico deve ser colocado com urgência. “Se o próximo plano diretor ainda leva algum tempo em debate e aprovação, que pelo menos se cumpra o plano atual”, diz. Com o respeito à ocupação do plano diretor vigente (que data de 1985 nos balneários e 1997 na região central) seria possível diminuir a pressão populacional que a cidade passa enquanto se melhora as regras de ocupação futura de acordo com os modelos de menor impacto, como já ocorreu após as discussões do Campeche – da ideia inicial de 400 mil habitantes do distrito, o estágio atual do Plano Diretor já entenderia 150 mil como um limite aceitável, segundo o urbanista.
(Por André Lückman, ND, 19/07/2011)

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