Biofiltro, que está sendo instalado na estação de tratamento de esgoto, deve acabar com o odor do local no início de agosto
No próximo dia 1o de agosto, o cheiro de esgoto que infesta a entrada de Florianópolis, a capital turística do Mercosul, deve acabar. Esta é a data prometida pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) para solucionar o problema, que se arrasta há quase 15 anos, quando foi inaugurada a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Insular.
A Casan já havia tentado, sem sucesso, resolver a questão. Em 2005, passou a misturar esgoto puro com tratado na etapa de pré-tratamento. O odor diminuiu, mas não desapareceu. Foram gastos cerca de R$ 30 mil para mudar tubos de lugar.
O presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental em Santa Catarina (Abes/SC), Sebastião Salvador, trabalhava na Casan na época em que a ETE foi implantada. Ele lembra que um especialista francês que visitou as obras perguntou onde estava a câmara de gases, estrutura onde seria eliminado o mau cheiro, que estava previsto.
– Não sei por que não foi feito naquele momento – diz Salvador.
Agora, o que deve liquidar a situação é um biofiltro, que está sendo construído ao custo de R$ 400 mil, já que não existem planos para transferir a estação de lugar. De acordo com a Casan, o projeto estava engavetado há quase três anos por falta de verbas.
– Não entendo a demora. Não é algo caro. E não é uma ideia maluca – afirma o professor do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Henrique Lisboa, que elaborou a proposta com o colega Paulo Belli Filho.
Os trabalhos estão a pleno vapor.
– Agora, só vai atrasar se chover muito e tivermos de parar as obras por isso – afirma o superintendente da Casan na Grande Florianópolis, Carlos Alberto Coutinho.
O equipamento que está sendo erguido filtrará os gases produzidos pelo esgoto in natura que chega à ETE e os transformará em gás carbônico, 23 vezes menos danoso para o efeito estufa. O engenheiro sanitarista e ambiental da Casan Lucas Arruda, responsável por todas as ETEs da Grande Florianópolis, garante que, pela quantidade, as substâncias inicialmente liberadas não poluem o ar, só cheiram mal.
A entrada de Florianópolis foi escolhida para abrigar a ETE Insular porque, segundo o gerente de Construção da Casan, Fábio Krieger, possibilitou o barateamento do projeto original. A intenção era construir a estação em uma área que já havia sido comprada no Campeche, mas, em 1991, a Casan ganhou o terreno no Centro de Florianópolis, que pertencia à União, mas estava cedido ao governo do Estado.
As obras da estação, que hoje recebe rejeitos de 150 mil pessoas, começaram no ano seguinte.
– Além de o local ter sido cedido sem custo nenhum, não precisamos gastar com o transporte do esgoto para o Sul da Ilha. Isso encareceria muito o projeto – explica Krieger.
Atualmente, está sendo implantada a ETE do Campeche, que deve atender 25 mil habitantes da região. O investimento, de R$ 30 milhões, faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, com contrapartida da Casan.
(Por Anita Martins, DC, 21/07/2011)
Tratamento em São José
Outro município de Santa Catarina que enfrenta o problema de cheiro de esgoto nos arredores de uma estação da Casan é São José, na Grande Florianópolis. No Bairro Potecas, o odor incomoda a população há aproximadamente 20 anos. O que acontece no local é que o tratamento é feito em um sistema composto por três lagoas. A primeira, que recebe rejeitos puros, cheira muito mal.
O gerente de Construção da Casan, Fábio Krieger, explica que, para resolver a questão, estão sendo construídos quatro reatores, que são caixas fechadas por onde o esgoto vai passar antes de ir para a lagoa. Os gases ficarão retidos nas estruturas, onde serão queimados. O investimento total é de R$ 7,2 milhões, incluindo recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. O prazo para a conclusão da obra é setembro deste ano.
(DC, 21/07/2011)
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