Processo de identificação e separação dos resíduos de serviço de saúde são indispensáveis para a eficácia do tratamento no aterro sanitário
Identificar, classificar e separar resíduos hospitalares são funções dos próprios geradores, sejam estes farmácias, laboratórios, hospitais, clínicas médicas ou odontológicos, desde 2004, quando publicada a norma 307, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Além da separação do material por grupo; se cortante, radioativo ou reciclável; as empresas devem se preocupar com o encaminhamento e tratamento dos resíduos, a fim de que, uma vez descartados, não ofereçam riscos à saúde pública.
Os cuidados com o popular lixo hospitalar é uma das maiores preocupação dentro do grupo Laboratório Médico Santa Luzia, que possui 40 postos de coleta, 11 hospitais e clínicas, além de um quadro de 600 colaboradores. Há dois anos, o trabalho ganhou ainda mais atenção, com a implantação do Plano de Gerenciamento de Resíduos do Serviço de Saúde. Capacitar os colaboradores constantemente, para que os cuidados sejam respeitados durante a separação e acondicionamento do lixo, é atribuído ao profissional de segurança do trabalho.
“Separamos tudo em tudo em dois tipos de embalagem, branca e vermelha. Assim, quem coleta tem como saber o que é material cortante e o que precisa ser esterilizado, por exemplo”, explica a bioquímica, Magali Rodrigues Pereira. Ela destaca que os resíduos descartados do setor de microbiologia são autoclavados no local, antes de serem encaminhados ao aterro sanitário. “Esses materiais tem grande potencial infectante, por isso são esterilizados aqui também, para que sejam eliminadas as bactérias dos restos de coleta”, esclarece.
Investimento que vale a pena
A bioquímica Magali observa que os cuidados com o lixo hospitalar oferecem benefícios não só ao meio ambiente e à população, mas também tem papel fundamental na prevenção de doenças ocupacionais. “É um investimento que vale a pena. Prezamos a excelência na qualidade dos nossos serviços em todos os setores e na saúde dos funcionários”, destaca. Ela avalia que o grupo gasta cerca de R$ 7 mil mensal, para terceirizar a coleta dos resíduos em saúde, feita diariamente em toda a rede.
Na Grande Florianópolis, a Proactiva Meio Ambiente, que administra o PGR (Parque de Gerenciamento de Resíduos) em Biguaçu, é a responsável pela coleta, transporte e tratamento dos resíduos de serviço de saúde gerados na maioria da região. Uma vez coletado, o lixo aguarda a passagem pela máquina de autoclave em uma câmera refrigerada. No processo de esterilização, o material é elevado a uma temperatura de 150 graus, a uma pressão de quatro quilos. O processo dura em média 50 minutos.
Acompanhamento do processo
Para garantir a eficácia da esterilização dos resíduos hospitalares, semanalmente a responsável pela autoclave da Proactiva Meio Ambiente, Salete Sônia Vicente, faz um controle de amostragem, cujo relatório é encaminhado à Fatma (Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina). “Usamos uma ampola dentro da máquina, que depois é analisada em uma incubadora, que acusa se houver bactérias vivas após a autoclavagem. Isso nunca ocorreu, pois fazemos manutenções periódicas na máquina”, explica a enfermeira.
A engenheira sanitarista da empresa franco-espanhola, Fernanda Vanhomi, destaca os últimos cuidados do processo de tratamento dos resíduos, antes de serem levados ao aterro. “Na Central de Tratamento de Resíduos de Saúde temos um sistema de filtros, que evitam a emissão desses gases, oriundos do processo de esterilização”, explica. Na Proactiva são esterilizados cerca de 1.200 quilos de lixo hospitalar por dia. O processo elimina a sobrevivência de qualquer bactéria ou vírus, como a hepatite, o mais potente e que não resiste a temperaturas acima de 130 graus.
(Por Carol Ramos, ND, 26/07/2011)
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