É melhor crescer para cima, com os arranha-céus, ou para os lados, com os condomínios horizontais nas periferias? Esta é a dúvida das grandes cidades que vivenciam o aumento exponencial de seu número de habitantes, mas ainda não sabem onde é o melhor lugar para construir suas moradias
Alargadas pela busca de novos espaços para moradia, as grandes cidades brasileiras estão crescendo de forma errada e sem planejamento. Tema que permeia as discussões de arquitetos e urbanistas há mais de três décadas, o debate sobre soluções mais sustentáveis para o inchaço imobiliário das metrópoles começa a ganhar corpo entre o público mais atingido pelo assunto: os habitantes desses centros urbanos. E o motivo do interesse crescente é o prenúncio de que, se não mudarmos a forma de nos relacionarmos com o lugar em que vivemos, um colapso se aproxima.
Espraiados em direção aos extremos, condomínios horizontais que apelam para o contato com a natureza e a tranquilidade chegam a ficar 70 quilômetros distantes dos centros econômicos em um município como São Paulo. Na outra ponta, novos programas habitacionais – e também a falta deles – empurram a população mais pobre para periferias ainda mais afastadas do local onde estão os empregos dos trabalhadores. Enquanto isso, espaços subutilizados em bairros centrais, à espera de revitalização ou de novos empreendimentos, são degradados pela falta de iniciativa do poder público.
– É importante abrigar uma quantidade grande de população com continuidade, com condições saudáveis, tanto ambientais quanto sociais. Se você tem uma cidade que usa mais intensamente, isso quer dizer que ela vai expandir menos para a periferia. E, com isso, vai ocupar menos terrenos agrícolas e mananciais ao redor dela – explica a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) Maria Lucia Refinetti Martins.
(Por Pedro Moreira, ClicRBS, 26/07/2011)
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