Política de incentivos fiscais e a implantação de quatro polos industriais fazem o Estado atrair estaleiros
Santa Catarina começa a despontar no cobiçado e elitizado mercado de embarcações de luxo no país. Além das iniciativas locais, desde 2010, quando o estaleiro italiano Azimut-Benetti, um dos maiores do munto, decidiu instalar uma unidade no Estado, outras marcas estrangeiras seguiram o seu caminho.
O motivo é muito simples. O mercado de luxo brasileiro, que inclui iates e lanchas de altíssimo padrão, pode ser considerado emergente, movimentando US$ 4 bilhões por ano, mas cresce a taxas de 45%, algo impensável em mercados maduros e em recessão, como o europeu.
Para aproveitar este mar de oportunidades, Palhoça, Joinville e Itajaí entraram na briga pelos novos investimentos, que, somados, podem chegar a R$ 520 milhões. Biguaçu tenta se juntar ao grupo e lança amanhã seu o projeto para se tornar um polo naútico.
Além das iniciativas de cada cidade, pesa a favor de SC um programa de incentivos fiscais, incluindo-se aí o desconto no ICMS, criado especificamente para atrair empresas do setor, o Pró-Náutica.
Como resultado prático, a Associação Catarinense de Marinas, Garagens Náuticas e Afins (Acatmar), estima que, nos últimos dois anos, o Estado tenha passado do terceiro para o segundo lugar no ranking nacional do segmento.
– Estamos atrás apenas do RJ, e muito próximos. Nos últimos dois anos, muitos estaleiros novos abriram no Estado. O setor cresce 20% por ano – afirma Leandro Ferrari, presidente da Acatmar.
Segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda, Itajaí abriga 12 estaleiros, o que a coloca na liderança da lista de cidades com indústrias deste segmento em SC. Mas a conta inclui empresas que produzem embarcações de pequeno e grande portes para uso comercial – como os barcos utilizados para pesca e balsas. Se for considerado apenas o segmento de esporte e lazer, Palhoça assume a ponta, com 10 estaleiros de um total de 34.
Dona de um parque industrial de respeito e infraestrutura, Joinville conseguiu atrair o estaleiro americano Brunswick e negocia com uma empresa italiana e uma brasileira.
Biguaçu quer entrar na briga
Biguaçu, que perdeu, no ano passado, o investimento do estaleiro OSX, do bilionário Eike Batista, para o Rio de Janeiro, também decidiu entrar no páreo no segmento de esporte e lazer. A idea é criar na cidade o primeiro cluster (conglomerado de estaleiros e fornecedores) náutico planejado em conjunto pela iniciativa pública e privada.
A proposta do polo de Biguaçu será lançada oficialmente amanhã, na abertura da 3ª Exponáutica. O projeto foi acelerado após a visita do grupo italiano Aicon Yachts ao município no início deste mês.
– Eles nos disseram que seria interessante se o município tivesse uma área construída de 20 mil metros quadrados em um terreno com área de pelo menos 50 mil metros quadrados, porque esta opção serviria para eles e para outros estaleiros – revela o procurador-geral de Biguaçu, Anderson Nazário.
A prefeitura diz ter encontrado uma área adequada. Também promete um plano de gerenciamento costeiro local e uma revisão do seu plano diretor. A isca está lançada.
(Por Alessandra Ogeda, DC, 22/06/2011)
Municípios usam as suas armas
Palhoça e Biguaçu saíram na frente para consolidar os primeiros clusters organizados do setor náutico. As duas cidades, assim como Itajaí, Navegantes e Joinville, receberam investimentos da indústria, mas sem organizá-los em um único lugar para facilitar a produção e reduzir custos de logística.
Com o maior número de estaleiros que produzem barcos de luxo de SC, Palhoça lançou uma licitação para viabilizar seu polo náutico. O Grupo RTV venceu a concorrência e assumiu o terreno de 250 mil metros quadrados às margens do Rio Cubatão, onde a expectativa é de instalação de 60 empresas e investimentos de R$ 300 milhões.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento de Palhoça, Josué da Silva Mattos, estão sendo feitas obras de infraestrutura no terreno, adquirido pela prefeitura e repassado à iniciativa privada através de licitação. A expectativa é de que as obras de uma marina, com capacidade para 1.050 embarcações, comecem até o final do ano no local.
– SC pode ter vários polos em diferentes cidades, porque temos um mar que é pouco explorado – diz.
Para atrair mais investimentos, os municípios oferecem incentivos parecidos, com redução de impostos como o IPTU e o ISS, assessoria para buscar o terreno e agilidade nos processos burocráticos.
Itajaí trabalha para viabilizar um complexo náutico e ambiental que deverá custar R$ 35 milhões e abrir uma marina para 875 barcos de lazer. Além do investimento de 200 milhões de euros da italiana Azimut-Benetti, a cidade conquistou uma das etapas da Volvo Ocean Race, uma das principais competições de veleiros do mundo, segundo Clayton Batschauer, secretário de Desenvolvimento de Itajaí.
Grandes estaleiros estrangeiros descobriram o potencial de SC. A companhia Brunswick, dos EUA, promete investir US$ 25 milhões em uma fábrica em Joinville. Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento, Rodrigo Thomazi, outras duas empresas do setor, uma italiana e uma brasileira, também querem investir na cidade.
A italiana Sessa Marine, que opera junto à Intech Boating, em São José, diz que investirá 10 milhões de euros nos próximos anos em SC.
Comentários:
JOSUÉ MATTOS – Secretário de Palhoça
“Estamos 50 anos ou mais atrasados no processo de formar polos náuticos. Mas ainda há tempo.”
CLAYTON BATSCHAUER – Secretário de Itajaí
“Itajaí tem tudo para se tornar um polo internacional. Como a Azimut, mais empresas vão chegar à cidade.”
RODRIGO THOMAZI – Secretário de Joinville
“Joinville se diferencia pela mão de obra especializada e por ter setores de fibra e plásticos bem desenvolvidos.”
(DC, 22/06/2011)
Exponáutica começa amanhã
Embarcações de luxo e equipamentos de última tecnologia vão movimentar os 50 estandes da terceira edição da Exponáutica, uma das maiores feiras do setor no país. A programação abre amanhã, às 10h, na Marina Pier 33, em Biguaçu. O objetivo dos organizadores é superar a edição do ano passado, que registrou R$ 25 milhões em vendas.
Promovida pela Associação Catarinense de Marinas, Garagens Náuticas e Afins (Acatmar), a feira ultrapassou a marca de 40 mil visitantes nas duas edições anteriores. Com uma área para exposição 30% maior este ano, os organizadores do evento esperam atingir os mesmos 30% de aumento na visitação do público e também em vendas.
Além dos estandes para negócios, a feira terá praça de alimentação, programação artística e cultural, competições esportivas, exposições de carros e motos e uma ação social pelo projeto Barca dos Livros. Entre os expositores deste ano, algumas das principais empresas do mercado, como as catarinenses Schaefer Yachts e Fibrafort.
Durante o evento, a prefeitura de Biguaçu lançará o projeto do polo náutico para o município e a Acatmar divulgará o projeto Marina Legal, que oferece consultoria judicial e ambiental para a regularização dos empreendimentos.
– O maior problema é que SC aumenta sua produção de embarcações, mas elas não ficam no Estado pela falta de infraestrutura de marinas. Cada barco numa marina emprega quatro pessoas diretamente e oito indiretamente – explica Leandro Ferrari, presidente da Acatmar.
Segundo ele, é preciso legalizar todas as estruturas existentes no Estado, ampliar as opções atuais e criar novos empreendimentos de marinas. Atualmente, segundo os cálculos da Acatmar, SC tem 50 marinas, a maior parte localizada na Grande Florianópolis, Porto Belo, Balneário Camboriú e Joinville.
Serviço
– Onde: Marina Pier 33, Rua Doutor Lauro Locks, 33, Centro, Biguaçu.
– Quando: abertura será amanhã, às 10h, e a feira segue até domingo.
– Entrada: valor não foi definido pela organização do evento.
(DC, 22/06/2011)
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