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A casa dos espíritos

Recém-ocupada, sede da ACL e do IHG abriga mais problemas do que história

A Casa de José Boiteux ainda não aconteceu. Inaugurada há seis meses, o prédio restaurado para abrigar a Academia Catarinense de Letras (ACL) e o Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina (IHG-SC)já apresenta sérios problemas. A obra custou R$ 1,6 milhão aos cofres públicos. Há cupim na maior parte do forro e a infiltração marca as paredes. O reboco de algumas salas está caindo.

O elevador está instalado, mas não funciona. Quando chove, surge um pequeno lago no hall de entrada. Ali, o busto de José Boiteux e uma placa com os nomes das autoridades que viabilizaram a obra – o então governador Luiz Henrique da Silveira, o administrador da obra Joceli de Souza, hoje presidente da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) – entre outras autoridades, representam a ocupação do local, inaugurado em 20 dezembro do ano passado. Nesse dia, foi assinada a lei 15.382, que garante às entidades cessionárias (ACL e IHG-SC) o apoio técnico, financeiro e administrativo por meio da FCC. Mas até agora, a lei não foi cumprida.

No lado direito do casarão, o Instituto Histórico e Geográfico acomodou parte de seu acervo. Mas ainda falta o mobiliário. A única mesa que pode ser usada no manuseio do material de pesquisa está constantemente com serragem de madeira deixada pelos cupins. Tentar limpar a mesa é como varrer a areia da praia.

Mesmo assim a bibliotecária voluntária que trabalha no casarão se desdobra para atender aos estudantes. Há uma preocupação com a preservação do material, pois não há climatização e o casarão é muito úmido. A sensação é que tanto o IGHSC e ACL compraram gato por lebre.

– Estamos com nossas atividades cerceadas. Demora tanto para que as ações oficias sejam efetivas – diz o professor Jali Meirinho, membro da diretoria, que há 30 anos trabalha como voluntário no Instituto.

Ele diz que já foi solicitada uma audiência com o secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Cesar Souza Junior, pedido que até ontem não tinha sido respondido.

Na ACL, a situação não é diferente. A biblioteca e o acervo documental ainda estão no Centro Integrado de Cultura (CIC). Fechado numa sala há quase um ano, precisa de higienização para a transferência. Não há serviço contratado para este trabalho. Sem internet, a ACL está isolada.

Outra carência é falta de funcionários para a manutenção do espaço público. Na última segunda-feira à tarde, uma funcionária da FCC estava varrendo o auditório, porque ali haveria uma reunião da ACL.

Os quatro funcionários que trabalham no prédio (três do IGH e um da ACL) também sofrem com a falta de segurança. A porta fica aberta sem nenhum controle, o que empresta ao casarão um ar de abandono.

(Jacqueline Iensen, DC, 01/06/2011)

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