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Os nós do transporte

A sociedade tem razões consistentes para cobrar soluções imediatas do poder público para um trânsito de veículos que não flui e para um transporte coletivo claramente deficitário.
Principal meio de locomoção para quase 65% dos moradores de capitais brasileiras, o transporte coletivo é mal avaliado pelos usuários de maneira geral, que gostariam de vê-lo no mínimo mais rápido e mais seguro. Dados de um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgados agora, revelam que para 55% dos entrevistados em todo o país os serviços oferecidos nos municípios não passam de regular. Confirmam, assim, uma percepção que, embora predominante entre os usuários, não tem sido suficiente para incentivar os responsáveis pelas linhas urbanas a oferecer alternativas de melhor qualidade, que ajudem a proporcionar aos passageiros um cotidiano de menos sofrimento e mais dignidade. Com algumas exceções, apontadas muitas vezes como exemplos de que o caos no trânsito e a precariedade na mobilidade urbana não são necessariamente inevitáveis, o transporte de passageiros nas regiões metropolitanas tem características quase rudimentares. De maneira geral, os ônibus utilizados nas linhas urbanas são antigos e malcuidados, os horários são continuamente descumpridos, fazendo com que os passageiros precisem esperar por um longo tempo em terminais improvisados, muitas vezes sob mau tempo, no escuro, e tenham que se conformar com a superlotação, além de serem submetidos continuamente à ação de criminosos. Por todo o país, são comuns os relatos de quem acorda de madrugada na tentativa de chegar a tempo ao serviço, muitas vezes sem conseguir, mesmo depois de sacrificar um período precioso do dia que poderia ser dedicado ao sono ou ao lazer.
O contraponto para esse cotidiano estressante é o de quem tem condições de se deslocar de carro. Nesse caso, a percepção constatada pela pesquisa é de que os condutores de veículos particulares se sentem menos expostos à violência. E, obviamente, não precisam acordar cedo demais, nem viajar de pé e ser empurrado durante todo o tempo, nem fazer sucessivos transbordos para compensar a falta de racionalidade nas linhas e nem, muito menos, pagar caro por isso. O simples fato de tantas pessoas circularem cada vez mais em carros particulares, muitas vezes sozinhas, faz com que o tráfego se complique e, na maioria das grandes cidades, se mostre paralisado cada vez por mais tempo.
A sociedade tem razões consistentes para cobrar soluções imediatas do poder público para um trânsito de veículos que não flui e para um transporte coletivo claramente deficitário. O ataque aos nós que limitam a mobilidade urbana e causam tantos prejuízos coletivos precisa ser assumido como prioridade.
(Editorial, DC, 06/05/2011)

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0 Comentários

  1. Hamilton Peluso disse:

    Caros.
    Eu acho impressionante como não ase fala do fechamento do anel duplicado na continuação da Beira Mar Norte, via expressa até a UFSC e a sequência a partir desse ponto até o Armazém Vieira, incluindo a duplicação da Deputado Antônio Edú Vieira. Eu não tenho nenhuma dúvida que essa obra constitui uma das melhores relações custo-benefício desse emaranhado em que se transformou o nosso trânsito, não pela rua em si mas pelo que ela representa como única alternativa para desafogar a Beira Mar Norte, com ou sem acidentes. Não vi até hoje qualquer desculpa convincente pois essa obra deveria ter o seu início planejado assim que foi concluida a via expressa até a UFSC. Quantos anos são??? Chega de desculpa esfarrapada. Não seria hora de partir para a ação???

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