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Tecnologia será a alternativa?

Os setores tradicionais dão sinais de desindustrialização e as novas opções de desenvolvimento ainda não se firmaram

Com os setores tradicionais da economia catarinense dando sinais de desindustrialização, o Estado precisa se reinventar para aproveitar as oportunidades de desenvolvimento do século 21. A indústria limpa de inovação e tecnologia pode ser uma saída, mas grande parte nasceu para atender os setores tradicionais, ainda depende das compras governamentais e também se ressente do dólar desvalorizado.

Segundo o presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Rui Gonçalves, as empresas do setor nasceram da necessidade de inovação nas indústrias da base econômica de SC. Grandes empresas de Joinville surgiram para atender as metalmecânicas, a mesma coisa ocorreu com outras tantas empresas de tecnologia que suprem as têxteis, as cerâmicas e o agronegócio.

– A indústria do conhecimento gera produtos inovadores para garantir valor agregado aos setores tradicionais. São parceiras desses setores e sofrem com os problemas que eles têm. Outra questão é que dependem do poder de compra do Estado. Hoje, cerca de 30% do PIB da Tecnologia de Informação (TI) são das compras das três esferas de governo.

Ainda assim, o setor é forte no Estado, que não tem âncoras multinacionais (como o RS, onde estão Dell e HP), mas de marcas próprias. Hoje, o movimento do setor, no Estado, passa de R$ 1,2 bilhão por ano e o polo catarinense tem a pretensão de se tornar o Vale do Silício da América Latina.

Para o presidente da catarinense Paradigma, Gerson Schmitt, que já foi diretor de vários setores da indústria tradicional, o problema está no modelo vocacional voltado para a produção, produtividade e valor agregado.

– O que temos que priorizar é o valor percebido. Uma indústria que não gire em torno da oferta, mas da demanda. Atualmente se paga mais por algo desde que tenha um diferencial, uma inovação. O futuro está na indústria do intangível para o consumidor mais exigente – diz Schmitt, que é presidente da Associação Brasileira de Empresas de Software.

Segundo ele, quando um produto inovador chega no mercado só precisa garantir a margem de lucro e um bom giro. Produtos baratos podem parar no estoque. Personalizar e chegar na frente é atender a demanda.

– A indústria de TI tem capacidade ilimitada de criar. Ideias são de baixo investimento, puro capital intelectual. A dificuldade de ler essa nova indústria está na cabeça dos clientes, a maior parte com base no modelo “oferta”. E as exportações do setor são, na maioria, de serviços e não de produtos.

No mercado nacional, a TI movimenta US$ 15 bilhões por ano. Dos US$ 3 bilhões de exportações anuais, apenas 10% são venda de produtos. O restante é contrato off shore (serviço prestado), o que equivale dizer que o país exporta mais “homem/hora”.

– Chegar antes com produto bom. Esse é o segredo. A mudança do foco da oferta para a demanda – resume.

Foi o que a Paradigma fez ao criar softwares para mais de 50 pregões eletrônicos de cotação. Agora, a empresa inova ao fazer a comunicação entre os portais independentes, com um banco de dados que funciona como canal de venda.

(DC, 14/03/2011)

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