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22/03/2011
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Travessia entre as duas regiões de Florianópolis ganha espaço como opção para a quarta ligação Ilha/Continente
A construção da quarta travessia Ilha-Continente é discutida há anos em Florianópolis e ganha força, agora, que o governo do Estado assumiu a obra como prioridade. Das três propostas levantadas pela Secretaria de Infraestrutura, uma ponte entre a Beira-Mar Norte e a Continental se tornou a opção mais cotada. Isso porque ela criaria uma ligação direta com a BR-101 e se autofinanciaria.
O estudo preliminar, elaborado pela empresa de engenharia consultiva Prosul, aponta que a travessia seria na altura do trapiche da Beira-Mar Norte, no lado insular, e perto da Ponta do Leal, no Continente. Nos dois lados seria necessário ampliar o aterro para criar um novo sistema viário de acesso à ponte. A maior mudança ocorreria a partir do Balneário do Estreito, que teria uma nova via, costeando o mar, até Biguaçu, onde se ligaria à BR-101.
Como é uma obra trabalhosa, a ideia é dividir em duas etapas. A primeira seria construir a ponte, ligada ao sistema viário local. A Prosul prevê que isso poderia ser feito até meados de 2014, antes do final do mandato do governador Raimundo Colombo. A segunda etapa, com prazo de três anos, seria a ligação com a BR-101.
A opção da travessia no eixo norte evitaria o aumento no fluxo de carros pelo Centro da cidade, que hoje é a passagem única para entrar na Ilha. Em 2009, a Prosul fez um levantamento indicando que dos 150 mil veículos que passavam pela Pedro Ivo Campos e Colombo Salles ao dia, 55 mil – 30% – estavam indo ou vindo da BR-101 Norte. Hoje, o número de carros nas pontes já chega a 170 mil diariamente.
Definição deve sair em 90 dias
A Prosul vai apresentar ao Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) uma ponte igual à Pedro Ivo Campos e à Colombo Salles. Seria uma opção mais interessante do que a estaiada – com cabos de sustentação ligados a torres –, proposta feita anteriormente, que ficaria a menos de 350 metros da Hercílio Luz e poderia confrontar com o cartão postal.
Outra vantagem da ponte convencional é que o sistema viário custaria R$ 835 mil, R$ 190 mil mais barato do que a estaiada.
De acordo com o diretor de Obras da Prosul, Celso de Magalhães Carvalho, a travessia também se tornaria bem mais interessante por ser autofinanciável.
– O projeto se paga com a venda de parte da área aterrada para a iniciativa privada e renderia R$ 1,4 bilhão para a execução da obra.
O secretário de Infraestrutura, Valdir Cobalchini, diz que a escolha do tipo de travessia e local será definida em 90 dias. Estudos sobre quatro opções de ligação serão apresentados ao governador Raimundo Colombo. Cobalchini adianta que o Estado não tem recursos para obras desse porte, e é simpático a projetos financiados pela iniciativa privada.
(DC, 22/03/2011)
Opção existe há 20 anos. Falta decisão
A ideia de se fazer a quarta ponte que ligue Beira-Mar Norte e Continente existe há 20 anos. O que está faltando é um governo que abrace o projeto e coloque a mão na massa. Entidades como o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) alertam que passou da hora de o governo definir um plano para seguir em frente.
– O importante é escolher uma proposta já e fazer o projeto – diz o presidente do Crea, Raul Zuccatto.
Antes mesmo da inauguração da Ponte Pedro Ivo, em 1991, o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis estudava a ligação ao norte das atuais pontes. A travessia consta no Plano Diretor de 1997. O Deinfra fará este mês uma reunião com entidades de classe para tratar do tema.
(DC, 22/03/2011)
Plano B parte da Via Expressa
O presidente do Deinfra, Paulo Meller, define a ponte entre a Beira-Mar Norte e Continental como a proposta que traria solução mais efetiva para o tráfego, por pulverizar melhor o trânsito. Mas está preocupado com a dificuldade em conseguir licenças ambientais para construir na baía.
Uma ponte estaiada entre a Colombo Salles e Pedro Ivo também estaria no páreo por ser mais fácil de receber as autorizações de construção. Segundo Meller, a Capital precisa de uma nova ligação urgente, pois as duas pontes em funcionamento operam com o dobro da capacidade. Cada uma foi projetada para 40 mil veículos por dia.
Pela proposta da Esse Consultoria, a ponte entre as duas estruturas já existentes seria uma espécie de continuidade das quatro novas faixas que serão construídas na BR-282 (Via Expressa). A ideia é que o fluxo seguisse pela nova ligação e, depois, por elevados até o túnel Antonieta de Barros. Também haveria uma saída para a Avenida Mauro Ramos. Assim, os motoristas que trafegam entre o Continente e Sul da Ilha não precisariam passar pelo Centro.
A proposta necessita do apoio do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), responsável pela Via Expressa, para executar os elevados do lado continental. Deinfra e Dnit ainda não chegaram a um acordo, caso a alternativa da ponte estaiada seja escolhida.
Para o diretor da Esse, Severino S. Silva, se não for feita uma nova ligação, em pouco tempo o trânsito na Colombo Salles e na Pedro Ivo se tornará um caos. Uma prospecção elaborada por ele aponta que em oito anos o número de carros nas travessias chegará a 334 mil por dia, o dobro do que passa hoje.
(DC, 22/03/2011)
Túnel subaquático perde força
A outra proposta elaborada pela empresa Prosul, o túnel subaquático, perdeu força com o avanço dos estudos. Para o diretor de Obras da Prosul, Celso de Magalhães Carvalho, o túnel não seria a melhor opção.
– Apesar de o valor ser similar ao da ponte, a manutenção do túnel custaria muito caro. Teríamos que importar profissionais e materiais, pois no Brasil nunca se construiu esse tipo de estrutura – diz.
Profissionais da área também questionam os benefícios de um túnel subaquático e vão além nas críticas: não consideram nem o valor de construção atrativo. Especialista em pontes, o engenheiro Gilberto Scaforo, afirma que um túnel submarino deve custar três vezes mais do que uma ponte e necessita de um grande canteiro de obras. Isso porque precisa ser construído em blocos fora da água.
– Tanto o túnel quanto a travessia entre a Colombo Salles e Pedro Ivo são ideias absurdas. Essa última por fazer a ligação numa área saturada. A única solução viável é uma ponte na altura da Beira-Mar Norte – analisa Scaforo.
O prefeito de Florianópolis, Dário Berger, principal defensor do túnel subaquático, não concorda. Para ele, é uma opção que não interfere no visual da cidade e é bem desenvolvida em outros países.
– No Brasil nunca foi feito porque não se investe no novo. Aqui a engenharia é conservadora – dispara o prefeito sobre o fato de existir mais de 100 obras do tipo no mundo.
Em 2009, o governo de São Paulo anunciou que faria um túnel pelo mar entre as cidades de Santos e Guarujá. Voltou atrás pois custaria o triplo de uma ponte estaiada, opção escolhida.
(DC, 22/03/2011)

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