Os congestionamentos estavam menores desta vez no carnaval de Floripa. Os comerciantes reclamavam da falta de turistas neste feriado. E o assunto foi pauta do jornal local de meio-dia da Rede Globo na sexta-feira pré-carnaval. Um analista dizia que a ocupação da rede hoteleira ficou em 60% neste feriado (ano passado foi 78%). Placas de “aluga-se” estavam por todos os lados, nos hoteis e pousadas mas também nas casas de temporada. Os restaurantes estavam mais vazios. As praias também. Os clubes também. A arquibancada do desfile oficial da cidade deu tristeza de ver pela TV: era um enorme buraco de falta de gente.
A região “gay” da Ilha sofreu menos. A The Week lotou em três de suas cinco festas (e só “encheu” nos outros dois dias, domingo e sexta). A E.Joy lotou no domingo, mas não muito na terça. O after In Sano fez duas de cinco festas bem cheias. O clube Concorde comemorou a temporada. O Pop Gay recebeu 40 mil pessoas. Mas é claro que a cidade estava bem mais vazia e desanimada que em seus anos anteriores (esse é meu quinto carnaval na cidade).
E tudo isso é culpa da própria cidade que não consegue reter seu turista. Florianópolis é linda, estupenda. Tem praias de tirar o fôlego, respeita sua natureza como nenhuma outra capital litorânea do país e se orgulha de seu ar interiorano. A cidade também tem clubes que não devem em nada para São Paulo e Rio, e viu crescer (muito) o investimento em festas eletrônicas durante o verão. Prova disso é que neste ano teve show de Kelly Rowland, Peter Rauhofer e David Guetta no carnaval da cidade. Só para citar alguns.
O que falta? Estrutura turística. Transporte público é a falha mais grave. Conseguir taxi é luta inglória. As linhas de ônibus são poucas e cobrem apenas parte da cidade. Há hotéis grandes no centro, mas as pousadas das regiões de praia são tão ruins que a maioria simplesmente não possui ar-condicionado. E, pior, restaurantes ruins (quando você encontra um), padarias de dar pena (e um certo nojo) e a total falta de supermercados só espantam ainda mais o turista que vai uma vez para a cidade _e não quer voltar nunca mais. Além dos famosíssimos congestionamentos, é claro. Florianópolis é linda, mas irritante.
Vou reforçar que nada disso espantou o turista gay, que lotou tudo nas regiões da Mole e da Barra da Lagoa. Mas esse povo todo vai pela farra, pela festa, e já sabe bem como se virar no meio das falhas da cidade. Mas se Florianópolis não se cuidar vai perder até este turista que já lhe é fiel há 18 anos.
(Marcelo Cia, MixBrasil, 10/03/2011)
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