Contribuintes amargam perdas enquanto obras não saem do papel na Grande Florianópolis
Rios assoreados, valas entupidas, bueiros obstruídos, encostas sem obras de contenção são na maioria das vezes as causas dos prejuízos ao patrimônio privado e público. Enquanto projetos tramitam em diversos órgãos das esferas municipais, federais e estaduais, o cidadão comum se mune de lonas, aterro e fé para evitar a perda de sua casa.
É o caso dos moradores da rua Vicente Silveira, em Santo Amaro da Imperatriz, que desde 1998 pedem a reconstrução da encosta do Rio Cubatão, que ameaça 13 residências na localidade conhecida como Estrada Velha.O terreno da aposentada Célia Enerstina Rodrigues, 60 anos, possui 73metros de comprimento na escritura. “Agora só me restam 16 metros”, afirma. O restante da terra do quintal foi levado pelo rio. Nascida e criada no local onde mora com dois filhos e o marido, Célia viu mais uma vez a tragédia bater à sua porta na madrugada de domingo. “Há mais de 10 anos que pedimos providências. Não estamos em área invadida”, desabafa.
Célia lembra que a falta de cuidados com o Rio Cubatão está destruindo sua casa. “Foram 12 anos de economias que estão prestes a ser levados pela água”, lamenta olhando os estragos. O desespero da moradora é ainda maior porque a casa vizinha à sua foi parcialmente destruída. Vizinha e irmã de Célia, a aposentada Dalci Enerstina Porto, 62, está cansada de investir. Com o capricho do povo de Santo Amaro a moradora ainda trabalhava na reconstrução de seu quintal, após uma enxurrada no dia 24 de fevereiro. “Porque ninguém faz nada? Não quero morar de aluguel social. Quero minha casa protegida”, pede. A paciência de Dalci é testada a cada nova chuva que invada seu terreno e leva parte do muro e calçadas.
Recursos não chegam
O diretor da Defesa Civil de Santo Amaro da Imperatriz, Jair Rodrigues, lembra que a destruição é sempre rápida enquanto as obras de recuperação ou de prevenção levam anos ou, muitas das vezes, décadas. “Ainda nem nos refizemos das perdas de janeiro”, observa. Aos R$ 18 milhões de prejuízo, outros R$ 8 milhões se acumulam agora, aumentando o tempo para reconstrução. “Temos os planos de trabalho, falta a verba”, reclama, lembrando que Santo Amaro registra nova situação de emergência sem ter saído da anterior.
O prefeito Edézio Justem afirma que os estudos para obras de reconstrução das encostas do rio estão sendo feitos pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) há 18 meses. “Pediremos a finalização do projeto para licitarmos a obra”, adianta. Para desassorear o rio um projeto de R$ 29 milhões foi enviado à Funasa (Fundação Nacional de Saúde) em Brasília, na mesma época.
(Por Alessandra Oliveira, ND, 15/03/2011)
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