Segundo Dom Murilo Krieger a campanha tem duas dimensões, uma voltada para as ações da igreja e outra para ações externas.
Ontem, 270 dioceses espalhadas por todo o país deram início à Campanha da Fraternidade 2011, que tem como tema “Fraternidade e Vida no Planeta”, e lema “A criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22). O objetivo deste ano é alertar para as ações do homem que tem provocado a destruição do meio ambiente e, em consequência, a destruição da vida na Terra. Em Florianópolis, uma Celebração Eucarística realizada na tarde de ontem na Catedral Metropolitana abriu a campanha, que tem duração de 40 dias.
Segundo Dom Murilo Krieger, administrador apostólico da Arquidiocese de Florianópolis, que presidiu a cerimônia, a campanha deve conscientizar a população sobre a importância de preservar os recursos da Terra. “Deus disse ‘dominai a Terra e submetei-a’, mas acho que ele foi mal entendido pelos homens, porque eles começaram a destruir seus recursos sem pensar que são limitados, não se renovam. É preciso educar para um uso sustentável e conscientizar a população de que a Terra é o nosso lar”, comenta.
A campanha, segundo Krieger, tem duas dimensões: uma interna, voltada a ações dentro da igreja, e uma externa. “Queremos que o tema seja refletido em todos os níveis, levando o debate a universidades, meios de comunicação, entre outros, para que a população se envolva e comece a se questionar sobre o que é preciso fazer para mudar essa grave situação”, afirma. Para ele, o questionamento do tema pode fazer pressão para a aprovação de leis adequadas, levando o governo a proibir certas ações, como o desperdício da água. “As indústrias também precisarão se organizar para evitar o lançamento de resíduos no meio ambiente. É uma multiplicação de gestos que levarão a uma conscientização ecológica”, conclui.
Tema é de grande interesse para o Estado
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é quem escolhe o tema da Campanha da Fraternidade. Bispos das 16 regionais são consultados e o tema é então aprovado pela CNBB. Segundo Krieger, a sugestão do tema para Santa Catarina é uma questão vital. “Os recursos do Estado e belezas naturais são conhecidos em todo o país. Muitas vezes esquecemos, mas quem vem de fora nos mostra as maravilhas que temos aqui. Caso nosso jardim seja destruído, não teremos o que oferecer aos nossos visitantes”, destaca.
Entrevista. Dom Murilo Krieger, nomeado pelo papa o novo arcebispo da Arquidiocese de Salvador, na Bahia
Notícias do Dia – Como o senhor vê sua nomeação à arcebispo e sua mudança a um Estado com cultura muito diferente da catarinense?
Dom Murilo Krieger – No dia 25 (de março) assumo meu cargo em Salvador. É uma responsabilidade muito grande, já que serei arcebispo primaz, isto é, da primeira diocese fundada no Brasil, em 1561. Mais de três milhões de habitantes frequentam aquela arquidiocese. Foi uma surpresa ser nomeado e eu me senti muito honrado em saber que o papa confiou essa posição a mim. Não tinha como dizer não a ele. É um desafio e uma realidade muito diferente da atual. Eu quase não tive tempo para pensar como será minha vida lá, porque estou ainda como administrador da Arquidiocese de Florianópolis, colocando as coisas em dia para minha partida.
ND – Há quantos anos faz parte da Igreja Católica?
Dom Murilo Krieger – Sou natural de Brusque e sirvo à igreja já há 41 anos, 26 deles como bispo. Já estou nesta arquidiocese (de Florianópolis) há 15 anos: seis como bispo auxiliar e nove como arcebispo.
ND – Sua caminhada se deu em grande parte em Santa Catarina. Como avaliaria o povo catarinense?
Dom Murilo Krieger – É um povo com espírito acolhedor, que tem seriedade no trabalho, um povo privilegiado. Sua característica principal está na diversidade: um povo de todas as raças e cores. Sou muito grato pela experiência que tive aqui. Santa Catarina é o meu chão, aqui estão os meus parentes, a cultura que eu conheço. Costumo não imaginar como será ficar longe daqui, porque quero ir com o coração.
(Por Emanuelle Gomes, ND, 09/03/2011)
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