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27/02/2011
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27/02/2011

Um movimento verde está ganhando força nas indústrias, no comércio e no setor de serviços. Mas se mostra presente também no marketing. Na busca por melhores resultados e por uma boa imagem no mercado, todo mundo quer ser sustentável. Cabe aos consumidores ficarem atentos para diferenciar os serviços e produtos que realmente fazem a diferença no quesito preservação daqueles que só investiram no rótulo.

(DC, 27/02/2011)

O valor de pequenas ações

Do vocabulário dos ambientalistas para o dos executivos e também dos marqueteiros, o conceito de sustentabilidade ganha fama.

O relatório Nosso futuro comum, das Nações Unidas, propôs, em 1987, o desenvolvimento sustentável como “aquele que procura atender às necessidades e aspirações do presente sem comprometer a capacidade de atender às do futuro”. Mas o jornalista Ricardo Arnt, organizador do livro O que os economistas pensam sobre sustentabilidade, defende que, hoje, sustentabilidade é um termo vago e difuso. “Todos são sustentáveis. Existem empresas admiráveis, mas a maioria realiza programas pontuais e o marketing reivindica crédito planetário”, escreve.

O professor do centro sócio-econômico da UFSC, Hans Michael van Bellen, doutor em gestão ambiental, reconhece o risco de banalização do termo. Ele defende a criação de parâmetros para orientar o consumidor.

– Mas fazer algo simples já é positivo. A sustentabilidade é uma direção, não necessariamente um lugar a ser alcançado – afirma.

O superintendente de desenvolvimento sustentável do Santander, Sandro Marques, concorda.

– A sustentabilidade é um processo. Começa com algo menos impactante e evolui. Mas é melhor fazer algo do que não fazer nada.

No Santander, ações de sustentabilidade se transformaram em critério para avaliar a liberação de empréstimos para empresas.

– Esse tipo de ação é um indicativo de que a companhia é melhor gerida, logo, é uma melhor pagadora para o banco – explica.

Mais do que pautar ações dentro de empresas tradicionais, a sustentabilidade também cria novos negócios. A Novociclo, de Florianópolis, nasceu há dois anos para atender empresas, condomínios e comunidades quando o assunto é garantir o destino correto para o lixo. Os serviços de consultoria respondem por 80% da renda. Mas a empresa tem um lado com envolvimento comunitário.

No Bairro Coqueiros, na Capital, criou o primeiro Espaço Recicle. Moradores entregam materiais recicláveis e, em troca, somam pontos que podem ser usados para “comprar” produtos confeccionados a partir do que era lixo.

– Com o dinheiro da venda dos resíduos, pagamos artesãos e empresas com trabalhos de reciclagem. É o ciclo do não lixo, do resíduo limpo – diz o presidente da Novociclo, Rodrigo Sabatini.

(DC, 27/02/2011)

Cliente é parte da mudança

A mudança de hábitos do consumidor é um pré-requisito para que algumas iniciativas sustentáveis tenham resultados concretos. As sacolas retornáveis, oferecidas como alternativas aos modelos de plástico, são um exemplo que está ganhando popularidade.

As maiores redes supermercadistas do Estado aderiram à moda, seja comercializando as sacolas ecológicas ou distribuindo o modelo em promoções.

O discurso pelo fim das sacolas plásticas está centrado no impacto ambiental do material, que além de não ser renovável, demora mais de cem anos para se decompor. Mesmo com a campanha contra, a Associação Brasileira de Supermercados aponta que o setor distribui 12 bilhões de sacolinhas plásticas a cada ano, o que significa cerca de 60 unidades anuais por brasileiro.

Em SC, Angeloni, Imperatriz, Giassi, Comper e Hippo são algumas das redes que oferecem os novos modelos ecológicos.

O Hippo, de Florianópolis, adotou a ideia em 2007. No último ano, foram vendidas cerca de 2 mil sacolas retornáveis nas duas lojas da rede. A empresa substituiu, também, o modelo tradicional pela sacola de plástico oxibiodegradável, que promete rápida decomposição. O custo para a empresa é cerca de 20% maior do que com os modelos de plástico tradicional.

A dona de casa Viviane Cavalli, 39 anos, de Florianópolis, abandonou as sacolas plásticas há quatro anos. E só tem elogios para os modelos retornáveis:

– É muito mais prática, é resistente e é lavável, o que permite colocar alimentos úmidos – destaca, lembrando que usa as sacolas ecológicas nos supermercados, na feira e na farmácia.

Em Joinville, a Associação de Pequena, Micro e Média Empresa (Ajorpeme) estuda alternativas para reduzir o consumo das sacolas plásticas nos supermercados e comércios da cidade. Os modelos retornáveis e a cobrança pelas sacolas plásticas estão entre as ideias para cortar em até 50% o uso do material na cidade.

Xanxerê, no Oeste do Estado, largou na frente. Em 2009, por iniciativa dos supermercadistas, as sacolas plásticas deixaram de ser distribuídas gratuitamente. Quem fizer questão do modelo, deve pagar R$ 0,10 por unidade. A população reagiu bem. No primeiro ano do projeto, a cidade deixou de consumir 40 toneladas de sacolas.

(DC, 27/02/2011)

Para fazer mais com menos

A alternativa criada para lavar os carros em países gelados se transformou em um bom exemplo de empresa preocupada com o meio ambiente em Florianópolis. Com a lavação a vapor, a VapWash promete usar apenas três litros de água para limpar um automóvel. No processo tradicional, o gasto é de cerca de 300 litros em uma única lavação – com a mangueira aberta pode chegar a 500 litros.

– Desde o início, a ideia era criar algo com o mínimo impacto ambiental. Pesquisei muito e fui achar a ideia nos países em que neva muito e o vapor é a alternativa para lavar os carros – afirma o diretor da VapWash, Carlos Kanji Sato, que montou a empresa há pouco mais de um ano, em sociedade com o amigo Leon Nunes.

Entre os clientes que aprovaram a ideia, Sato reconhece que nem todos procuram o serviço motivados pela questão ecológica.

– Além de ter menos impacto ambiental, a lavação é eficiente. O vapor tira sujeira que apenas água não tira. A qualidade do nosso serviço ainda é mais atrativa do que o fator ecológico – afirma.

A lavação básica na VapWash dura duas horas e custa R$ 30 – lavação por fora e aspirador por dentro. Para serviços de recuperação dos bancos, com o equipamento a vapor, os preços sobem. Em média, são lavados 150 carros por mês. Sato reclama da concorrência, que puxa o preço para baixo.

– Tem muita gente irregular, que não paga impostos, e o mercado nivela o preço por baixo. A maioria dos clientes não quer pagar mais por um serviço, mesmo sendo um trabalho com menor impacto ambiental – lamenta.

O equipamento, desenvolvido a partir de um maquinário industrial, foi adaptado especificamente para a lavação de carros. O investimento inicial foi de R$ 50 mil. A meta agora é licenciar o aparelho para abrir filiais em outras cidades. A previsão é ter o retorno do montante aplicado em 2012. A empresa funciona na sede da Associação Comunitária do Bairro Santa Mônica. Em troca do aluguel, dá desconto para os associados.

A economia de água também entrou na pauta da Associação Nacional das Empresas de Lavanderias (Anel). A entidade acaba de lançar o Selo de Qualidade e Sustentabilidade para Lavanderias. A ideia é baseada nos certificados ISO. Entre os critérios, estão a economia de água e energia, o destino correto dos resíduos e a segurança dos funcionários.

(DC, 27/02/2011)

Vestidos para preservar

A moda também está atenta ao conceito de sustentabilidade. SC abriga empresas de confecção e de comércio que comprovaram o sucesso da onda verde. A blumenauense Fujiro Ecotêxtil, que faz camisetas com fios fabricados com garrafas PETs, coleciona prêmios pela inovação.

Com experiência há 10 anos no setor de camisetas promocionais, os sócios Bruno e Ana Paula Sedrez criaram a empresa para trabalhar com o novo processo em 2006. Os produtos são fabricados com 50% de algodão e 50% de fio de garrafas PET. A confecção tem parceria com associações de catadores e com fábricas de SP e do PR, que transformam o plástico em fio. São produzidas, em média, 70 mil camisetas por mês.

Para cada camiseta, duas garrafas PET são retiradas do meio ambiente. Desde o início do projeto, a empresa já reaproveitou mais de 2,7 milhões de garrafas PET. Hoje, além da fábrica com 30 funcionários, a Fujiro tem dois quiosques, um em Blumenau e outro em Balneário Camboriú, para comercializar a linha para o varejo, com criações próprias. Os preços vão de R$ 19 a R$ 50. A Capital terá o seu quiosque da rede em maio, anuncia Bruno.

Em Florianópolis, a empresária Jeane Puntel montou a Ecobio Fashion há pouco mais de um ano, resultado de R$ 80 mil em investimentos. A loja, na Lagoa da Conceição, vende exclusivamente produtos ecológicos – roupas de algodão orgânico, acessórios com lona recuperada e peças confeccionadas a partir do reaproveitamento de tecidos.

Jeane diz que já conseguiu conquistar um público fiel, disposto a pagar, em média, 20% a mais do que pelas roupas tradicionais.

Também na Capital, foi inaugurada em 2010 a Eco Moda, especializada em roupas ecológicas para crianças. A preocupação ambiental vai até a embalagem.

– Utilizamos papel de seda para embrulhar os presentes. E as nossas sacolas são feitas a partir da reciclagem de caixas de leite longa vida – descreve a empresária Andréia de Amorim, dona da loja.

(DC, 27/02/2011)

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1 Comentário

  1. Verônica H. Massing disse:

    Legal esta matéria. Estive em floripa, em janeiro/2011, e recebi um mapa chamado mapa turístico sustentável bela floripa. Achei muito legal o mapa que além de ser informativo, é sustentável. Parabéns pela inciciativa em abordarem este assunto que se faz mais que necessário. Acho que floripa se preocupa com o assunto. Cabe aos administradores também fazerem a sua parte.

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