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Indústria inova para satisfazer consumidor e preservar a natureza

O consumidor ambientalmente consciente e que deseja o melhor produto para consumir vive alguns dramas cotidianos. Ele não tem, por exemplo, a segurança de que o garrafão de 20 litros de água mineral seja devidamente utilizado quando está nas residências e o resultado é uma eterna suspeita quanto à real capacidade das envasadoras de garantir a perfeita higiene das embalagens. Esse consumidor também joga no lixo frascos de plástico sabendo os mesmos não vão se deteriorar muito brevemente. Ele também gostaria de usar adoçantes, mas não aprecia o sabor residual do produto. Os três casos citados estão com os dias contados graças a inovações que estão em desenvolvimento em Santa Catarina.

“As empresas que se antecipam na apresentação de soluções para
problemas como esses ganham expressivas vantagens competitivas”, salienta o diretor regional do SENAI de Santa Catarina. Além dos cursos de educação profissional, a instituição presta serviços de metrologia e de consultorias em gestão ambiental e tecnológica. Esta última auxilia as indústrias a desenvolver inovações.

Camisinha da água mineral
Em 2011 deverão chegar ao mercado as primeiras bombonas de 20 litros de água mineral revestidas com uma película de plástico, que separa o frasco do líquido. Chamada oficialmente de Watterbag, mas apelidada de “camisinha da água mineral”, a invenção é uma iniciativa da Radcontrol Tecnologias para o Futuro, de Florianópolis. A empresa buscou um fornecedor de um plástico apropriado para uso em alimentos e no SENAI encontrou o apoio para a construção da máquina. A solução tecnológica foi encontrada e aprovada e o segundo passo é a redução do tamanho e a ampliação do número de cabeçotes, para facilitar a instalação e permitir o uso por envasadoras com maior volume de produção.

A Radcontrol constatou que é possível melhorar a qualidade da água vendida. Pesquisa do Inmetro em nove estados mostrou que, em alguns casos, até 70% das amostras estavam inadequadas por possuírem quantidade excessiva de microorganismos (patogênicos ou não). Outra vantagem pode ser econômica. Com a película, as envasadoras poderão pleitear uma mudança na legislação que determina o prazo de 36 meses de validade das bombonas. No segundo semestre de 2010, os consumidores da Grande Florianópolis perceberam que os supermercados começaram a prestar atenção à data de validade dos vasilhames recebidos. A Vigilância Sanitária apertou a fiscalização e as indústrias tiveram que colocar novas bombonas no mercado. “Outra redução de custos pode ocorrer no processo de produção, já que hoje a limpeza dos garrafões exige o consumo de 10 litros de água mineral (ou seja, 50% do volume a ser vendido”, explica o físico Walmoli Gerber Jr, diretor da Radcontrol.

Bisnaga biodegradável
A C-Pack, de São José, será a primeira indústria brasileira a lançar bisnagas biodegradáveis para cosméticos. A embalagem é produzida com uma resina extraída do milho e irá se decompor em 180 dias em condições de compostagem. Um ganho ambiental significativo, pois a maioria dos polímeros utilizados atualmente para esse fim demora mais de 100 anos para se decompor. O desafio foi grande, já que a composição química de produtos para higiene pessoal possui substâncias que não são compatíveis com embalagens orgânicas, o que poderia provocar alterações estéticas e funcionais da bisnaga. Os consultores do SENAI participaram do desenvolvimento do produto e das adaptações do processo produtivo, já que a resina biodegradável possui comportamento mecânico diferente das demais matérias-primas utilizadas. “A C-Pack sempre contou com o SENAI em meios estratégicos de desenvolvimento técnico e tecnológico”, afirma o presidente Luiz Gonzaga Coelho. A previsão da empresa é de que o produto seja lançado em maio.

Adoçante reduz sabor residual
O trabalho dos consultores do SENAI vai além do desenvolvimento do produto em si e aborda todo o processo produtivo, além de aspectos mercadológicos e logísticos. “O trabalho contribuiu para a formulação do adoçante, na estruturação do processo industrial e no desenvolvimento da embalagem”, explica Marcelo Cordeiro, presidente da Sachê e Sachê, de Ilhota. No desenvolvimento do produto, a novidade foi o uso da taumatina como princípio ativo que tem maior poder de adoçar e reduz o gosto residual amargo, típico dos demais adoçantes. O lançamento do adoçante Meu Gosto, no segundo semestre de 2010, colocou a Sachê e Sachê em um novo patamar. “Deixamos de ser embaladores de açúcar e adoçantes para sermos os fabricantes de um novo produto”, explica Cordeiro.

Entrevista com físico Walmoli Gerber Jr., diretor da Radcontrol Tecnologias para o Futuro

– Em que circunstâncias surgiu a ideia de produzir uma película para proteger a água mineral?
– A partir do momento em que a gente observou que os garrafões retornáveis são mais suscetíveis à contaminação, devido ao fato de serem emlabalagens retornáveis. A bombona retorna aberta para a envasadora e o próprio consumidor em situações eventuais pode utilizá-la para outros fins, como guardar algum outro líquido, jogar dejetos de materiais diversos, toco de cigarro. Isso tudo proporciona a possibilidade de contaminação do garrafão.

– A película elimina por completo o risco de contaminação?
– Com essa película para a proteção interna a bombona, a água não vai mais ter contato com o garrafão; sempre vai ter contato com embalagem virgem, especialmente produzida para alimentos. A possibilidade de contaminação vai ser a mesma que ocorre nas embalagens pet, não retornáveis, de cinco litros, de um litro, de meio litro. Diminui exponencialmente a possibilidade de contaminação.

– Qual foi oi objetivo Radcontrol em buscar o apoio do SENAI no desenvolvimento desta inovação?
– O papel do SENAI foi fundamental, porque a partir do SENAI Inovação, lançado em 2009, apresentamos o projeto para a entidade. A iniciativa obteve aprovação em contexto nacional, em projetos que seriam investidos pelo próprio SENAI em Inovação tecnológica em Santa Catarina.

(Ivonei Fazzioni, FIESC, 21/02/2011)

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