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Economia Criativa: “Não podemos perder o bonde da história”

Professora da pós-graduação “Políticas públicas e sociedade” da Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde lidera um grupo de pesquisa sobre indústrias criativas, Cláudia Leitão acaba de assumir a Secretaria da Economia Criativa, recém-criada pelo Ministério da Cultura. Estimular a cultura empreendedora e viabilizar novas ideias são os principais desafios da ex-secretária de Cultura do Ceará, que está na reta final de um livro em que conta sua experiência de gestão na área.

Como podemos definir economia criativa?

CLÁUDIA LEITÃO: Como o termo é recente, há uma dificuldade de conceituação. Trata-se de uma estratégia de desenvolvimento sustentável que tem como principais insumos o conhecimento e a criatividade. É também uma economia capaz de gerar renda, criar empregos e desenvolver pequenos arranjos produtivos, trabalhando o protagonismo local e as riquezas territoriais.

Quais serão as principais propostas da secretaria?

CLÁUDIA: O primeiro passo é mapear como a economia criativa vem se desenvolvendo no país. Há poucas pesquisas sobre o tema e as metodologias existentes são frágeis. Outro desafio é investir em parcerias com agências de fomento para criar linhas de crédito capazes de viabilizar negócios criativos, além de estreitar as relações do estado com empresas e universidades para criar uma cultura empreendedora.

Ou seja, ainda temos um longo caminho a percorrer.

CLÁUDIA: Sim, temos um longo caminho pela frente até deixarmos para trás a nossa raiz colonialista, que ainda influencia a nossa forma de trabalhar. Há municípios inteiros girando ao redor de suas prefeituras, que não geram riquezas suficientes. Também acreditamos que fazer concurso público é sinônimo de estabilidade. É preciso criar condições para que pessoas criativas possam transformar suas ideias em inovação.

Quais são os segmentos de negócios que estão mais evoluídos, no que se refere a intercâmbio e aproveitamento de novas ideias?

CLÁUDIA: Há dados que mostram que, no Brasil, arquitetura, moda e design são os setores mais desenvolvidos. Mas é pouco diante do potencial do país. Ainda não nos destacamos em audiovisual, games e novas mídias, por exemplo. E também não compreendemos que a economia criativa pode ser uma estratégia de desenvolvimento. Faltam cursos de formação para gestores culturais e políticas públicas de incentivo ao mercado interno, do artesanato à tecnologia.

Como mudar?

CLÁUDIA: Compreendendo que a economia criativa cresce em todo o mundo e que não podemos perder esse bonde da história. Vivemos a era do conhecimento. É preciso que empresas, universidades, bancos, agências de fomento e fundações de amparo à pesquisa façam um mutirão para que a expressão perca sua carga ideológica e se torne algo comum.

(Extra, 30/01/2011)

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