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Turismo predatório

Artigo escrito por C. A. Silveira Lenzi, Desembargador (DC, 08/01/2011)

Abre-se o jornal paulista de maior circulação no país, e depara-se com matéria de quase página inteira, mostrando um jovem casal chegando de helicóptero à Praia de Jurerê Internacional. Informa o texto que os novos ricos despacham os seus carrões importados em caminhões, com destino ao famoso balneário. Os novos milionários não suportam o trânsito das estradas e os engarrafamentos da imobilidade urbana de Floripa; eles chegam em avião de rosca, como dizem os manés da Ilha. A visionária produção na mídia pelo trade turístico expõe somente os brilhos e paetês dos pontos de badalação de Jurerê, a presença (?) de um mundo artístico e famosas e celebridades (?), que alugam casas a R$ 8 mil por dia, ou são convidadas pelos donos da badalação noturna.

Mas o brilho vira cinzas quando o turista comum chega pelas vias normais, deparando-se, então, com o caótico trânsito da Capital, a falta de infraestrutura turística, os preços exorbitantes das locações, da alimentação e das bebidas, e a falta de policiamento e de segurança diante do “turismo da bandidagem”. A turba que invade as ruas estaciona carros em locais proibidos e até na frente das garagens. A ganância imobiliária aluga casas para turistas marginais, farreando e perturbando dia e noite, desrespeitando os moradores de Jurerê. O engodo dos que divulgam o culto de que a nossa Ilha é o melhor destino nacional atola-se no turismo predatório praticado.

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