Com a Ilha lotada e obras nas estradas por fazer, turistas e moradores têm perdido um bom tempo nas filas para se deslocar. Nos horários de pico, o fluxo de carros aumenta em até 60% nas rodovias que levam às praias. Para fugir do congestionamento, têm aqueles que usam vias alternativas, saem mais cedo de casa, trocam o carro pela bicicleta ou moto, ou optam por praias em outras cidades.
De casa para o trabalho de bike
O gerente de lojas Rock Waltrick sai todos os dias do bairro onde mora, a Vargem Grande, no Norte da Ilha, para ir trabalhar na Avenida Beira-Mar Norte, no Centro de Florianópolis.
Ele percorre esse trajeto, de aproximadamente 30 quilômetros, em cima de uma bicicleta, e assim consegue fugir dos engarrafamentos. O que pode ser uma loucura para alguns, para ele é sinônimo de saúde e economia de tempo e também de dinheiro.
– Não gasto dinheiro com academia para ficar em forma e com saúde, e nem com transporte público ou gasolina para o meu carro – avalia.
Sobre a falta de ciclovias ou locais adequados para circular com a bicicleta, ele acredita que o cenário está mudando pouco a pouco, com mais ciclovias inclusive no caminho para a casa dele, na SC-401.
– Existe risco, mas os ciclistas cada vez mais fazem parte do trânsito da cidade. Os moradores de Florianópolis e motoristas de ônibus já respeitam, aguardam a vez, nos dão passagem. Só os turistas é que não devem estar acostumados e respeitam menos.
Com todo o aparato, ele está pronto para dar as pedaladas de volta pra casa e para longe das filas.
Ir embora cedo, ou bem tarde
Os namorados Kaio Souza, 23 anos, e Gabriela Messnger, 24, de Florianópolis, têm algumas táticas para fugir dos engarrafamentos quando vão para a Praia Mole. Chegam na praia por volta do meio-dia e vão embora cedo, lá pelas 15h. A região, uma das mais problemáticas durante a temporada, já tem a fama de prender os veranistas por horas dentro de seus carros. Outra alternativa encontrada pelo casal é ficar até mais tarde e jantar no bairro vizinho, a Barra da Lagoa. Há ainda uma solução mais drástica, trocar de praia.
– Temos ido para a Praia de Palmas, em Governador Celso Ramos. Floripa está inviável – conta Gabriela.
Trânsito ruim todos os horários
Acompanhada de amigas na Praia Mole, a paranaense Luciana Cunha, 31 anos, já se rendeu. Há dois dias na Capital, ela tentou sair mais cedo, mais tarde, só que não houve jeito, sempre enfrentou filas.
– Eu estou morando nos Estados Unidos, e cheguei em Floripa faz dois dias. Já percebi que é difícil. Tentei de tudo e não consegui, sei que vai ter trânsito quando vir e quando voltar, então, desisti – desabafa.
Nem mesmo à noite, as filas dão uma trégua na região da Lagoa da Conceição. O engarrafamento entra na madrugada, desta vez provocado pelo grande fluxo de pessoas em busca de diversão nos bares e restaurantes.
Passar por bairros é alternativa
Na rodovia SC-401, que dá acesso às praias do Norte, o trânsito sempre foi intenso. Há 22 anos trabalhando na região, o taxista Valdenir Pinho, 58 anos, tem até um recorde pessoal. Mais de duas horas na fila, para completar o trecho de 25 quilômetros entre a Praia de Canasvieiras e o Centro de Florianópolis.
– Uma das alternativas é ir pelos bairros, mas acaba sendo mais longe, é preciso avaliar bem. Então já falo para os clientes que vai demorar – brinca Valdenir.
Aos olhos do taxista, o movimento de carro também aumentou nessa temporada. Em verões anteriores, havia menos veículos nas ruas.
Carro na garagem e sossego
Na Praia de Canasvieiras, localizada no Norte da Ilha, a situação começa a ficar complicada no final da tarde, quando as ruas que saem da praia ficam lotadas. Para evitar o estresse, o funcionário público Luiz Henrique Lima da Silva, 41 anos, que curte a praia com a filha, Emily Barcelos, sete anos, deixa o carro na garagem.
O gaúcho de Santa Maria prefere enfrentar distâncias um pouco maiores a pé, justamente para evitar o congestionamento na hora de voltar para casa.
– Só saio de carro se preciso fazer algo realmente muito longe, como no Centro, por exemplo. Estou aqui para passear, não para enfrentar essa fila – explica.
Música para evitar o estresse
O professor Vanio Bernardes, de 37 anos, precisa diariamente passar pelo Trevo da Seta para ir do Pantanal ao Rio Tavares, onde dá aulas de matemática. Nas suas férias, acaba indo para o Sul visitar familiares. Na quinta-feira, por volta das 18h30min, teve de encarar novamente a fila para levar a irmã para casa, no Rio Tavares.
Como não conhece nenhum caminho alternativo, nenhum jeito de fugir do trânsito, ouve música evangélica para relaxar. Para Bernardes, o elevado do Trevo da Seta não vai solucionar os congestionamentos.
– Só esse elevado não resolve, precisa de mais viadutos no Rio Tavares.
Dia de pressa, só com a moto
Zenir Souza, de 36 anos, acorda cedo para trabalhar de doméstica no Centro de Florianópolis. Ela mora no Ribeirão da Ilha e demora mais de uma hora para chegar ao serviço, que começa às 8h.
Quando o congestionamento está muito complicado, às vezes passa pela Rua Osni Ortiga, que liga o Rio Tavares à Lagoa da Conceição, para chegar ao Centro da cidade pelo Leste da Ilha. Quando não está a fim de enfrentar congestionamento de jeito nenhum, vai de motoneta. Dá para levantar até mais tarde.
– A única solução que vejo é duplicar a SC-405, caso contrário só vai piorar.
No caderno Variedades, dicas de trânsito para hoje no Norte da Ilha, dia em que haverá shows na região
(DIEGO MADRUGA, PEDRO SANTOS E ROBERTA KREMER, DC, 08/01/2011)
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