Estudo do Ministério da Saúde aponta que índice de morte por acidente em Florianópolis é maior do que taxa de assassinatos
Florianópolis é uma das únicas capitais brasileiras onde as taxas de morte por acidentes de trânsito superam as de homicídio. São 24,3 mortes no trânsito para cada 100 mil habitantes, contra 22,5 homicídios, também a cada 100 mil habitantes. Os dados constam do estudo Saúde Brasil 2009, divulgado pelo Ministério da Saúde.
O relatório, com dados de 2008 sobre nascimento e morte dos brasileiros, aponta que a Capital está em sexto lugar no ranking de risco de morte em acidentes de trânsito e na 23ª colocação na lista de maiores taxas de homicídios.
Apenas quatro capitais apresentam este mesmo perfil. Em Teresina (PI), Campo Grande (MS), Boa Vista (RR) e Palmas (TO), o número de acidentes de trânsito também é superior às taxas de homicídios. Em todas elas, as mortes decorrentes de acidente de transporte terrestre seguem a tendência observada no país. No Brasil, a maior parte das vítimas do trânsito é composta por pedestres (24,2%) e motociclistas (23,4%).
– O número de mortes de motociclistas aumenta também porque há mais motos nas ruas, e cada vez mais desprotegidas. É por isso que eles estão entre as maiores vítimas – afirma o chefe do Setor de Operações do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária de Santa Catarina (BPMRv), major Marcelo Pontes.
Em Florianópolis, entre os triênios 2001-2003 e 2006-2008, a variação proporcional na taxa bruta de mortalidade por homicídios em homens de 20 a 39 anos foi de -23,3. Isso significa que houve redução parcial.
– Não posso dizer com certeza se houve diminuição do número bruto de homicídios, mas posso afirmar que a polícia tem trabalhado muito nos últimos anos. Faltam vagas nos presídios porque estamos efetuando cada vez mais prisões. O ano de 2010 foi muito bom para nós, pior para os bandidos – diz o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Cláudio Monteiro, para quem a polícia está mais bem preparada do que em anos anteriores.
O estudo também mostra que morrem mais homens que mulheres nas faixas etárias entre 10 e 69 anos. De 70 anos em diante, a mortalidade entre mulheres é maior.
O que diz o relatório
Mortes por homicídios (a cada 100 mil habitantes)
1 Maceió 101,6
2 Recife 61,2
3 Vitória 58,9
4 Salvador 57,1
5 Belém 50,3
6 João Pessoa 48,4
7 Curitiba 43,1
8 Porto Alegre 41,7
9 Porto Velho 39,8
10 Cuiabá 38,6
11 Belo Horizonte 37,7
12 Manaus 35,5
13 Macapá 35,4
14 São Luís 33,7
15 Goiânia 33,6
16 Fortaleza 32,9
17 Brasília 30,5
18 Natal 28,4
19 Rio Branco 26,5
20 Boa Vista 26,2
21 Aracaju 25,9
22 Campo Grande 24,6
23 Florianópolis 22,5
24 Rio de Janeiro 22,3
25 Teresina 20,9
26 São Paulo 16,0
27 Palmas 13,8
Capitais com mais homicídios
1º São Paulo 1.725
2º Salvador 1.720
3º Rio de Janeiro 1.218
4º Maceió 926
5º Recife 923
Capitais com menos homicídios
1º Palmas 24
2º Boa Vista 65
3º Florianópolis 87
4º Rio Branco 78
5º Macapá 120
Mortes por acidentes no transporte terrestre (a cada 100 mil habitantes)
1 Porto Velho 37,5
2 Boa Vista 36,8
3 Palmas 31,6
4 Campo Grande 29,9
5 Cuiabá 25,5
6 Florianópolis 24,3
7 Teresina 23,7
8 Rio Branco 23,0
9 Goiânia 22,3
10 Curitiba 21,8
11 Aracaju 20,8
12 Brasília 19,7
13 Maceió 18,2
14 São Luís 17,3
15 Belo Horizonte 17,0
16 João Pessoa 17,0
17 Manaus 16,5
18 Macapá 15,3
19 Fortaleza 15,1
20 Vitória 14,3
21 São Paulo 13,5
22 Belém 11,3
23 Porto Alegre 10,5
24 Recife 9,2
25 Natal 8,4
26 Salvador 4,7
27 Rio de Janeiro 4,5´
Cinco principais causas de óbito em 2008
Região Sul
1ª Doenças do aparelho circulatório
2ª Neoplasia (crescimento não controlado de células, como os tumores)
3ª Causas externas (homicídios, acidentes de trânsito, suicídios, quedas acidentais, afogamentos, etc.)
4ª Doenças do aparelho respiratório
5ª Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas
Outros dados
O estudo Saúde Brasil 2009 analisa a situação de saúde das capitais do país a partir de dois questionamentos: como nascem e como morrem os brasileiros.
COMO NASCEM OS BRASILEIROS
– Menos nascimentos
registrados no país
De 2000 a 2008, o número de nascimentos caiu de 3,2 milhões para 2,9 milhões. Essa tendência foi observada em todas as regiões, menos no Norte do país. A maior queda foi no Sul: -17,7%.
Adolescentes (15 aos 19 anos) e jovens adultas (na faixa dos 20 a 24 anos) respondem por 93% da queda nos partos. Ainda assim, dos partos registrados em 2008, 20% foram de mães com idade entre 15 e 29 anos. Mulheres na faixa dos 20 a 24 anos respondem por 29% dos partos. As regiões Norte e Nordeste são as que têm o maior número de partos nas faixas etárias mais jovens.
– Cesarianas
A proporção de partos feitos por cesariana aumentou de 38% para 47%. A maior proporção de partos cesáreos está na região Sudeste (54%) e a menor fica no Nordeste (35%). Mulheres com mais de 12 anos de estudo são as que mais fazem a cirurgia. Os locais com mais cesarianas registraram mais bebês com baixo peso – aqueles com menos de 2,5 kg.
– Desnutrição infantil
está superada
A proporção de brasileiros de idade inferior a cinco anos com baixo peso caiu de 7,1% em 1989 para 1,8% em 2006. No mesmo período, a ocorrência de crianças com baixa estatura passaram de 19,6% para 6,8%.
De acordo com o Ministério da Saúde, esses dados indicam que o problema da desnutrição infantil, um dos principais causadores da morte na infância, foi superado.
A taxa de mortalidade entre crianças de até cinco anos caiu 58% entre 1990 e 2008.
COMO MORREM OS BRASILEIROS
– Número de óbitos
Do total aproximado de 1 milhão de mortes de brasileiros em 2008, 47% ocorreram no Sudeste. A região Sul notificou 15,87% dos óbitos no país. Na faixa etária de 10 a 69 anos, homens morrem mais que mulheres. A maior razão de mortalidade entre os sexos no país foi no Espírito Santo, onde morreram 56% mais homens do que mulheres. Em SC, a razão é de 43%.
– Violência
Dos mortos em acidentes ou por homicídio em 2008, 83% eram homens. O risco de mortes por causas externas foi 5,1 vezes maior entre as mulheres.
As principais causas foram agressões (40,6% do total), especialmente por armas de fogo (29,4%). Em seguida, aparecem os acidentes de trânsito (26,9%).
Entre as mulheres, acidentes de trânsito (30% do total) correspondem às principais causas de mortes.
(PEDRO SANTOS, DC, 09/01/2011)
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1 Comentário
Com certeza, o trânsito pode se tornar uma arma, por isso, é preciso uma grande e firme gestão na segurança. Parcerias com a iniciativa privada também são válidas, por exemplo, em Brasília, caso ocorra a construção da quadra 500. Teremos grandes melhorias de uma forma geral e também no trânsito, ou seja, precisamos apoiar iniciativas assim.