Para você, Santa Catarina é um Estado seguro? De acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 84,3% dos catarinenses se sentem protegidos dentro de suas casas. O Estado fica atrás apenas do Piauí.
Dentro de casa é seguro. No bairro, um pouco menos. E na cidade, a sensação de segurança é menor ainda. Esta é uma das conclusões da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que traz dados de 2009. De acordo com o estudo, a sensação de insegurança aumenta conforme a população se afasta do local onde mora.
Mas há quem não se sinta protegido no Estado, na cidade, no bairro e nem exatamente na própria casa.
Uma casa no Bairro Coqueiros, em Florianópolis, é rodeada por cerca elétrica, tem um cachorro, alarme e vigilante, que o dono, Luiz Aquino, contratou, junto com outras casas da mesma rua, para fazer a ronda durante a noite. Mesmo assim, Luiz está longe de se sentir seguro.
– Eu já fui furtado quatro vezes, conheço três pessoas que foram assassinadas. Vivemos uma situação de insegurança crescente.
Há dois anos, quando ladrões tentaram pular o muro da casa de Luiz, ele decidiu colocar cerca elétrica. Depois disso, e dos outros dispositivos de segurança que instalou, ele não teve mais problemas, embora ainda se sinta em perigo.
Em outro ponto da cidade, sentado na Praça XV, Centro de Florianópolis, o operador de telemarketing Luiz Cabó lê um livro de autoajuda. Frequentador da praça pelas manhãs, ele se sente protegido, apesar de vez ou outra ser incomodado por algum mendigo. Ainda assim, ele conta que nunca sofreu furto ou assalto.
– É seguro. Eu me sinto bem na cidade, tem câmeras e polícia nas ruas. Eu fico aqui até anoitecer. Nunca me aconteceu nada, mas as ruas ficam desertas. Melhor não dar chance, né?
Para o coronel Eugênio Moretzsohn, os índices do IBGE mostram que o Estado, quando comparado com outros do país, é seguro. O militar, que já morou em seis estados diferentes, garante que SC tem menos mortes violentas do que em outros lugares.
– Atravessar uma rua para ir à padaria é uma aventura perigosa, principalmente nas cidades grandes. Os índices educacionais daqui, a forte influência da colonização europeia, a oferta de empregos certamente contribuem para a redução do banditismo causado pelo ócio – destaca.
PEDRO SANTOS, DC, 23/01/2011)
Renda desigual contribui
No Brasil, cerca de metade das pessoas não se sente protegida na cidade em que moram. Membros do IBGE não apontam causas para a violência. Mas para o pesquisador Dequex Silva Junior, que integra o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a principal causa dos crimes no Brasil é a desigualdade de renda, que se agravou com o passar dos anos.
– No Brasil, e nos demais países da América Latina, os direitos econômicos, políticos e civis são precários devido ao longo tempo da ditadura militar. Mesmo assim, nas últimas décadas, a democratização tenta acolher esses direitos. Política pública de segurança tem que ser coletiva, distribuída de forma igualitária para todos – explica.
Em 2009, 78,6% dos brasileiros declararam se sentir seguros na casa onde viviam, 67,1% no bairro e 52,8% nas cidades em que vivem.
(DC, 23/01/2011)
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