Nem os mais otimistas arriscam dar um palpite de data final da reforma
O cronograma estimado para a conclusão da obra pela equipe técnica da FCC é setembro, no mais tardar outubro. O primeiro prazo informado foi março de 2010. O segundo, julho. O terceiro, setembro – ou, mais tardar, outubro. Pelos dois troncos de madeira que escoram o teto do teatro Ademir Rosa, do Centro Integrado de Cultura (CIC), não dá para ter muito o que imaginar mais em matéria de prazos.
Na verdade, a reforma do CIC se arrasta desde setembro de 2009. Datas se alteram com facilidade desde então. Dois presidentes da Fundação Catarinense de Cultura (Anita Pires e Ubiratan Alencastro) já a tiveram como principal assunto de suas gestões. Agora, o novo presidente, Joceli de Souza, também vai concentrar esforços na conclusão da obra. Até porque não tem outra saída.
Na planta, o projeto do novo cinema e do novo teatro estão prontos desde dezembro de 2009. Mas o único espaço realmente reformado, de acordo com os funcionários da FCC, é a sala de exposições Lindolf Bell. Isso por conta da exposição Prêmio Marcantonio Vilaça, aberta desde o dia 9 de dezembro do ano passado. A própria necessidade de utilização do espaço fez com que os promotores da mostra e do Prêmio – CNI, Sesi e Fiesc – tomassem frente à reforma do espaço de 900 metros quadrados.
O custo inicial da reforma do Centro Integrado de Cultura foi orçado em R$ 6,5 milhões. Hoje, já chega à R$ 9 milhões. De acordo com o secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Cesar Souza Junior, a polêmica restauração consumiu cerca de R$ 5,5 milhões dos cofres do Estado, que deve gastar mais R$ 3,5 milhões até a conclusão do projeto.
No prédio, podem ser vistos poucos operários, trabalhando de maneira dispersa. É uma das situações que mais incomodam Joceli de Souza.
– Cerca de 70% da obra já foi paga, mas não se vê resultado. Tem várias salas, áreas em obras, mas nenhuma fica pronta. Não é melhor trabalhar por módulos? É uma das mudanças que queremos fazer nos trabalhos – explica o presidente.
Auditoria no governo e Tribunal de Contas
O secretário Cesar Souza Junior já determinou uma auditoria por parte da secretaria para apurar em que pé está a obra, e as suas respectivas contas. O mesmo procedimento deverá ser feito pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), conforme pedido encaminhado ao tribunal.
– Nossa intenção é realizar uma auditoria justa. De maneira alguma terá caráter revanchista – promete Joceli.
Os números da gestão anterior, porém, eram diferentes dos divulgados na terça-feira por Souza Junior: os gastos já teriam alcançado R$ 7,7 milhões – R$ 6,5 mi do primeiro edital mais um aditivo de R$ 1,2 milhão.
Um passeio pelas dependências do CIC demonstram que, realmente, alguns casos são intrigantes. As obras da área das oficinas de arte continuam no mesmo pé em que foram encontradas pela reportagem em 30 de abril do ano passado, com poucas melhorias na área de acabamento. Muita sujeira, materiais empilhados, e ambientes que carecem de segurança para servidores e visitantes.
(RENÊ MÜLLER, DC, 13/01/2011)
Contratempos ampliam atraso
O objetivo era resolver toda a confusão do CIC até o final do ano, ou seja, deixar toda a reforma concluída, e devolver os 10 mil metros quadrados de área do complexo para o uso da comunidade. Porém, o Teatro Ademir Rosa e o cinema são trabalhos impossíveis de serem concretizados nesse período. A FCC trabalha como prazo o final do ano que vem.
As escoras de madeira que seguram o teto sobre os controles de som e luz do teatro Ademir Rosa comprovam a precariedade que acomete o local desde maio de 2009, quando foi fechado. O projeto para os novos cinema e teatro já estão prontos desde dezembro daquele ano. Em 2010, o maior empecilho correu por conta da burocracia do processo licitatório. Empresas que participam da licitação das obras do cinema e do teatro – realizadas em conjunto – impugnaram concorrentes.
O cinema, de fato, pode ter mais sorte, e ficar pronto antes. É um espaço menor, mas que está de “pernas para o ar”, como mostram as imagens feitas pelo Diário Catarinense. Alguns dos posters que faziam o charme da sala e de sua entrada, como o do filme Aliança de Aço (Union Pacific, clássico de Cecil B. DeMille lançado em 1939 pela Paramount), estão sofrendo com a má conservação, ajuntados junto à poeira. O cinema não tem luz– permanentemente fechado, padece com a umidade.
Os valores para a reforma do cinema e teatro estavam orçados até mês passado em R$ 4,5 milhões. Estão em um edital separado do restante do CIC. O que impressiona é que a área reservada para o público – que conta com a que é considerada a maior coxia (passagem entre as fileiras de poltronas) do país – apresenta diversos “buracos”. Dezenas de cadeiras foram removidas, fato que intriga o novo presidente da Fundação.
– O que consta é que foram doadas. Mas até agora, não foi possível encontrar um documento que autorizou ou pelo menos oficializou a doação – afirma Joceli.
O palco do teatro continua servindo de depósito para móveis, telas das oficinas de arte, e até para material de construção.
Entre as surpresas, a falta de rede de esgoto
As obras no centro cultural também sofreram atrasos por conta de surpresas “inacreditáveis”. Estava prevista a reforma da rede de esgoto “existente”. Mas, durante o andamento dos trabalhos, a FCC descobriu que nem havia tal rede. Os banheiros do local também tiveram de passar por reforma inesperada. Os existentes eram insuficientes, e também não estavam adaptados para portadores de necessidades especiais.
Saiba mais
Promessas sem conclusão:
– O CIC seria reaberto em dezembro de 2009. As obras começaram em maio do mesmo ano. Atraso em função da chuva adiou a obra, cuja conclusão foi então anunciada para fevereiro de 2010. A primeira etapa seria entregue em março de 2010.
– Um novo atraso foi justificado por problemas na infraestrutura que não estavam previstos no projeto de recuperação.
– Em função da instalação da rede de esgoto, a reinauguração foi protelada para setembro. A FCC anunciou inclusive a reabertura do cinema do CIC.
– A FCC informou que parte do prédio (1ª etapa) voltaria a funcionar em novembro. A data teria sido suspensa porque, com o atraso no pagamento da empreiteira, as obras foram paralisadas.
Etapas previstas para 2009:
– Pelo projeto, a primeira fase de recuperação do CIC contemplaria a parte de infraestrutura do prédio: Masc, oficinas, hall de entrada, bilheterias, café e espaço de convivência. Segundo os números da administração anterior, a obra já consumiu R$ 6,5 milhões e receberia outros R$ 2,3 milhões.
– A segunda será a renovação total do Teatro Ademir Rosa e da sala de cinema. A licitação está sendo contestada pelos participantes. Os dois projetos estão orçados em R$ 7 milhões.
– A última etapa seria a reforma do espaço onde será instalada a área administrativa, onde, no ano passado foi realizado um evento de decoração. O valor da obra não foi informado.
Espaços já concluídos:
– Masc e Mis
– Sala Lindolf Bell (já utilizada)
– Toda a rede de energia e o ar-condicionado central estão instalados; a rede de esgoto também sofreu reparo.
(DC, 13/01/2011)
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