Pesquisa revela que maioria quer produtos sustentáveis, mas não pagariam mais por isso.
A população brasileira não acredita que os problemas ambientais podem ser solucionados com pequenas mudanças de comportamento. Para 59% da sociedade, só grandes mudanças nos hábitos de consumo, transporte e alimentação podem realmente ajudar a manter um ambiente saudável no futuro.
O desejo de 74% dos cidadãos é encontrar nas prateleiras dos mercados produtos ambientalmente responsáveis, porém 90% não estão dispostos a pagar mais por isso.
Esses dados são da pesquisa Sustentabilidade: Aqui e Agora (link para download em PDF), divulgada em 25 de novembro, que avaliou a percepção dos brasileiros em relação ao meio ambiente e às principais formas de se contribuir com um país mais sustentável.
O estudo foi realizado pela empresa de pesquisas Synovateentre, entre os dias 27 de setembro e 13 de outubro de 2010, por encomenda do Ministério do Meio Ambiente e da rede de supermercados Walmart. Foram entrevistados 1.100 homens e mulheres entre 16 e 70 anos, de todas as classes, em 11 capitais das cinco regiões brasileiras.
Em busca de conhecimento para a tomada de decisões
O perfil do cidadão brasileiro traçado pela pesquisa mostra que a informação ainda é um dos quesitos mais relevantes na hora da decisão. De acordo com o documento, 50% dos entrevistados disseram ser “mais ou menos” informados sobre meio ambiente e ecologia, enquanto 22% sentem-se mal informados e 26% com o nível de informação bom.
Apesar disso, 60% afirmaram que as preocupações existentes no país sobre problemas ambientais são pertinentes e 59% das pessoas acreditam que a preservação dos recursos naturais deve estar acima das questões relacionadas à economia.
Para 34% dos brasileiros a ciência sozinha não é capaz de resolver todos os problemas ambientais, enquanto que para 75% a preocupação com o meio ambiente no país não é exagerada. Na opinião de 79% se continuarmos usando a água da forma como estamos, em pouco tempo não teremos mais água para beber.
Outro dado mostra que são nas escolas que os brasileiros mais depositam suas esperanças. Para 24% dos entrevistados, esse ambiente é o mais propenso a atitudes responsáveis em relação ao meio ambiente e ao consumo e o mais adequado para se fazer educação ambiental.
Também foi lembrado com destaque o papel positivo que os supermercados podem desempenhar na educação para o consumo. Três ações relacionadas aos mercados foram apontadas:
•informação para facilitar a escolha do consumidor;
•postos de coleta de material descartável;
•oferta de produtos mais saudáveis.
Responsáveis
Segundo o relatório, as pessoas se mostram muito mais dispostas a doar tempo e trabalho comunitário, do que comprar produtos mais caros, ainda que mais ecoeficientes, ou contribuir com dinheiro para fundos ou organizações ecológicas.
Em contrapartida, os brasileiros apóiam programas ou ações de substituição de sacolas plásticas e para 60% da população deve existir uma lei que institua seu banimento. Separar o lixo para a reciclagem, eliminar o desperdício de água e participar de campanhas de redução de energia também são apontadas como ações possíveis de serem adotadas pelos cidadãos.
A pesquisa também revelou uma percepção de que os problemas ambientais devem ser resolvidos pelo poder público. A maioria o indicou como principal responsável por solucionar os problemas ambientais identificados, ficando em primeiro lugar a prefeitura e em segundo o governo estadual.
Meio ambiente nas cidades
Para os brasileiros, violência e criminalidade, saúde e educação são os principais problemas das suas cidades, sendo a soma dos três fatores correspondentes a 63% das respostas. Dentro das nove possibilidades de respostas apresentadas pelos entrevistadores, meio ambiente ficou em último lugar, com apenas 2% de votos.
Apesar disso, a pesquisa revelou que algumas questões como esgoto, lixo e enchentes, aparecem bem posicionadas na lista de preocupações, sem que as pessoas as identifiquem como questões relacionadas ao meio ambiente ou à qualidade dos recursos naturais.
Quando foram mencionados problemas ambientais propriamente ditos, as carências mais apontadas foram limpeza urbana, seguido de ausência de áreas verdes e de poluição.
Com relação à coleta de lixo, mais de 40% da amostra afirma que existe coleta seletiva no bairro, sendo a grande parte do trabalho feita pelos catadores de lixo, seguido pelas prefeituras e por ONGs. No entanto, o relatório mostrou que há muito a fazer com relação à destinação correta de resíduos.
• 70% dos entrevistados jogam pilhas e baterias no lixo doméstico;
• 66% descartam remédios no lixo doméstico;
• 33% jogam tintas e solventes no lixo doméstico;
• 39% descartam óleo usado na pia da cozinha;
• 17% possuem lixo eletrônico guardado em casa.
Felicidade
Os brasileiros também foram questionados sobre o que poderia lhes trazer mais felicidade, se dinheiro, tempo ou profissão. Para 44% dos entrevistados, tempo para ficar com a família e os amigos, e a fé na capacidade humana para superar as dificuldades estão entre os principais valores. Já para outros 56%, o que mais poderia trazer felicidade era ter mais dinheiro e melhorar seu desempenho profissional.
– Leia a pesquisa na íntegra –
(Adital, 30/11/2010)
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1 Comentário
O conflito, em todos os níveis e locais, faz parte da história da humanidade, ele pode ser acentuado ou minimizado, dependerá de pessoas de ‘boa vontade’ e as circunstâncias temporais conciliar os interesses. Penso que deveríamos refletir, educar, conscientizar e propagar o que seria realmente o tal de ‘desenvolvimento sustentável’. Acredito que as populações locais devem conhecer melhor sua história local, seus patrimônios, sua identidade. Para que isso ocorra é preciso implantar no sistema de ensino, do fundamental ao superior, uma educação patrimonial participativa, valorizando os aspectos locais, sua história. O resultado previsto é a identificação com esses símbolos, a perpetuação de sua história, memória e identidade, de superior valor em relação ao lucro, que também deve ser contemplado.