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Santa Catarina se prepara para mais uma temporada de verão

Entra ano, sai ano, e os manezinhos já estão espertos: é só chegar a temporada que a Ilha da Magia se enche de turistas. Segundo levantamento da Santur, é entre janeiro e fevereiro que 50% deles passam por aqui.

O carnaval que vai acontecer mais tarde, em março, dá um empurrãozinho a mais na atividade turística deste verão, já que a temporada será prolongada.

Para o presidente da Santur, Cimélio Pereira, isso deve contribuir para que o número de visitantes seja de 12% a 15% maior que no ano passado, quando 4 milhões de pessoas passaram pelo Estado.

O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav/SC), Eduardo Loch, aposta que os picos de movimento devem acontecer no Natal, Réveillon e Carnaval.

“Os hoteleiros estão um pouco preocupados que as reservas de fevereiro sejam prejudicadas com o adiamento do Carnaval, mas eu acredito que tanto fevereiro, como janeiro, surpreenderão a hotelaria”, afirma Loch.

A expectativa de Eduardo Loch é de que o número de turistas que vêm de forma profissional à Florianópolis aumente 20%. Esses visitantes, que contratam suas viagens em agências e reservam hoteis, são os preferidos, já que, segundo Loch, provocam maior emprego e renda para os catarinenses e tem uma maior disposição em gastar.

O fluxo turístico espontâneo, de pessoas que vem e aqui procuram casas ou aptos para alugar, também deve aumentar este ano. Para alegria da Abav, Loch diz que esse turismo está cada vez menor em relação ao profissional.

Quem serão os visitantes

Os catarinenses podem se preparar para ouvir muito espanhol nos próximos meses. Segundo o presidente da Abav, Eduardo Loch, é do Mercosul, em especial da Argentina, que devem vir a maior parte dos visitantes.

O presidente da Santur, Cimélio Pereira, reforça a importância da vinda de turistas estrangeiros, que são qualificados e tem gastos mais altos. “O turismo internacional é primordial e não pode ser esquecido pelos governantes de um Estado que tem características territoriais européias. Santa Catarina pode ser comparada à Nova Zelândia brasileira”, destaca.

Do mercado interno, paulistas, paranaenses e gaúchos devem estar em peso por aqui, além do próprio catarinense, que costuma prestigiar seu Estado. Em breve, Santa Catarina receberá também muitos mineiros, nova aposta da Abav, que está realizando políticas de promoção em Minas Gerais, junto com a Santur e a Secretaria de Estado do Turismo.

O transporte preferido dos turistas deve ser o aéreo, impulsionado pelo aumento na quantidade de voos charters que Santa Catarina irá oferecer.

Eles devem sair dos aeroportos direto para a Capital, que deve receber o maior fluxo, mas também para todo o litoral: Balneário Camboriú, Itapema; e para a serra catarinense, que, para Loch, será um destino muito procurado mesmo no verão.

Eduardo Loch está esperançoso que a qualidade do turista seja superior neste verão. Ele acredita que o valor dos gastos deve ficar acima dos 100 dólares diários. Dados de 2008 levantados em estudo da Santur mostram que o gasto médio era de R$ 90 para turistas internacionais e R$ 60 para nacionais.

Para atrair o turista

Quase 13% do PIB do Estado vêm da atividade turística. Dada a importância do setor para a economia, ações para atrair visitantes são realizadas durante todo o ano. As estratégias da Santur estão sendo direcionadas de forma a considerar os diferentes perfis dos turistas, que, apesar de estarem ávidos por sol e bons momentos, não são todos iguais.

O Plano de Marketing Turístico de Santa Catarina, que foi lançado este ano na Feira da Abav, no Rio de Janeiro, na Feira de Gramado, e na Feira de Buenos Aires, prega a segmentação mercadológica: observar o que cada mercado quer, e oferecer o destino que ele deseja e procura.

“Esse novo plano de marketing trabalha com emoções e sensibilidade. Quer que o turista vivencie experiências em determinado local. É com esse foco que nós desenvolvemos as nossas promoções”, explica Cimélio Pereira.

Os obstáculos da atividade turística

Por conta de seu território reduzido e da fraca infraestrutura, Santa Catarina tem que administrar os problemas logísticos que pioram na temporada.

A chegada do alto número de visitantes pressiona os serviços, e é por isso que a Santur prioriza, em suas ações, a atração de menos turistas, que sejam mais qualificados e tenham maior poder aquisitivo.

“Qualquer destino turístico possui uma capacidade de carga. Quando essa capacidade é comprometida, a percepção do visitante fica totalmente fora daquilo que nós gostaríamos. Se nós promovemos, nós temos que ter condições de oferecer o produto de qualidade”, afirma o presidente da Santur, reforçando que os governantes do setor devem trabalhar a qualificação e a segmentação do turismo, para evitar maiores problemas.

Apesar das limitações conhecidas por moradores e turistas, Pereira não concorda que a qualidade dos serviços no Estado esteja aquém do que o necessário para atender bem os visitantes.

Segundo ele, muito se evoluiu nos últimos trinta anos, e não estamos em níveis ruins, já que temos o prêmio de melhor destino. Apesar disso, Pereira defende que a capacitação dos que trabalham no setor deve ser algo constante.

Sobre a mobilidade urbana, principalmente na Capital, ele acredita ser um assunto que deve ser tratado com seriedade pelos governantes, e não com medidas paliativas, já que pode, sim, prejudicar o turismo.

Ele destaca mais uma vez a importância da segmentação do público, que nesse caso acaba separando aqueles que estão dispostos a enfrentar filas e trânsito, daqueles que preferem locais mais calmos.

“A questão da mobilidade vai ser um fator que influenciará a decisão. O turista vai pensar: será que vou para lá na alta temporada, e pegar fila? Porém, Santa Catarina oferece calor até abril. O turista pode preferir visitar o Estado fora dos meses mais agitados, ou então ir para outros destinos, como o Meio Oeste ou a Serra”, explica.

Um ponto alto do nosso turismo, para Pereira, é a gastronomia. “Temos uma gastronomia de primeiro mundo, pela questão da condição dos alimentos. Oferecemos produtos in natura, de qualidade. Isso é muito importante para o setor”.

Embora muitos reclamem que shows e peças de teatro não passam por Santa Catarina, e sim vão do Paraná direto ao Rio Grande do Sul, Cimélio Pereira não enxerga a questão cultural como uma falha do Estado.

Apesar de reconhecer que muito tem que ser feito para melhorar esse aspecto, o presidente da Santur afirma que o turista deseja praia e sol no verão, e isso ele encontra por aqui.

O objetivo da Santur, segundo ele, é manter Santa Catarina como um produto desejado. “As pessoas têm que querer visitar o Estado, tem que desejar estar aqui”.

(Tifany Rodio, Economia SC / Sebrae-SC, 10/12/2010)

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