Celesc inaugura amanhã a subestação da Agronômica, penúltima etapa para garantir que a Ilha não passe mais pela situação vivida em 2003
Sete anos depois do apagão que deixou a Ilha de Santa Catarina às escuras durante 55 horas, a Celesc inaugura uma das últimas obras importantes para a reforma e ampliação do sistema de abastecimento elétrico de Florianópolis. A subestação da Agronômica fecha o círculo que garante duas entradas de energia na Ilha, diferentemente de outubro de 2003, quando havia apenas linhas de transmissão passando pela Ponte Colombo Salles.
Utilizando tecnologia importada da Alemanha, a subestação Florianópolis Agronômica completa um sistema que, segundo o diretor-técnico da Celesc Distribuição, Eduardo Sitonio, amplia o abastecimento de energia elétrica da Capital em 30%. E que impossibilitará um novo apagão nos moldes de 2003.
Após um longo período de planejamento, uma licitação e de uma polêmica envolvendo o terreno em que seria construída a nova subestação, as obras mais importantes da reformulação do sistema de abastecimento de Florianópolis começaram em fevereiro de 2009.
Amanhã, às 10h, será oficialmente inaugurada a subestação da Agronômica, pouco mais de um ano depois de os primeiros componentes elétricos terem chegado ao local – e da previsão inicial de conclusão. O atraso na entrega da obra explica-se por um embargo da prefeitura de Florianópolis nas linhas de transmissão, entre agosto de 2009 e janeiro deste ano.
A nova estrutura custou R$ 26 milhões, o dobro de um projeto para uma subestação convencional. Instalada em um edifício com dois andares de arquitetura açoriana, com uma entrada de serviço pela Avenida Beira-Mar Norte, ao lado da Casa d’Agronômica, endereço oficial do governador do Estado, a subestação parece tudo, menos uma parte fundamental do novo sistema de abastecimento da Capital.
Vista de fora, a estrutura não lembra em nada as subestações clássicas da Celesc no Estado, que ocupam grandes áreas e têm a estrutura de transformadores e equipamentos de alta-tensão expostos. A Celesc afirma ter optado por um sistema de ponta – o primeiro com estas características no Estado –, que resultou na diminuição no quadro de funcionários e guiou a escolha do terreno para a obra na Agronômica.
Unidades do Centro e da Trindade ganharam folga
Enquanto, em uma subestação convencional, os componentes elétricos devem ficar distantes uma média de três metros para evitar curtos-circuitos, no novo sistema a distância entre eles cai para menos de 20 centímetros.
– Ganhamos em espaço, segurança e manutenção. O equipamento tem alto nível de isolamento e a manutenção é feita de forma remota, sem a interferência direta de técnicos – observa Sitonio.
O diretor-técnico da Celesc Distribuição destaca que a nova subestação resolve dois problemas da companhia na Ilha. Primeiro, absorve o crescimento do mercado de energia, desafogando as estruturas existentes no Centro e na Trindade – baixando o uso destas estações dos atuais 98% para cerca de 50%. Depois, completa o sistema operacional de abastecimento do “anel”, que tem agora no Campeche uma alternativa de ligação das linhas de abastecimento da Ilha com o Continente, o que era feito antes apenas pela Ponte Colombo Salles.
A inauguração da subestação é uma das últimas etapas de um projeto que envolveu recursos de Eletrosul, Celesc e do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. A primeira etapa, que começou em agosto de 2007, consumiu R$ 172 milhões na ampliação da subestação de Palhoça e na construção de duas novas estruturas em Biguaçu e na Ilha (subestação de Desterro).
Os investimentos da Eletrosul permitiram um traçado submarino alternativo àquele da Ponte Colombo Salles, onde, em outubro de 2003, ocorreu o acidente que provocou o apagão. A Celesc aplicou R$ 72 milhões nas reformas e ampliações das subestações do Centro, da Trindade, no novo sistema de linhas de transmissão subterrâneas e na subestação da Agronômica. Em janeiro, deve começar a reforma da subestação do Centro, última etapa do projeto.
– A previsão é que as obras terminem no mês de maio, porque durante a alta temporada não conseguiremos avançar muito com elas – projeta o engenheiro-chefe da divisão de subestações da Celesc, Jânio Antônio Búrigo.
(ALESSANDRA OGEDA, DC, 08/12/2010)
Festas de fim de ano serão iluminadas, garante a Celesc
A população de Florianópolis mais do que duplica na virada de ano e na temporada de verão. Obviamente, o consumo de energia acompanha este crescimento, especialmente, nas praias do Norte e do Sul da Ilha.
O sistema ampliado da Celesc deve suprir com “folga” este aumento, segundo a previsão do engenheiro-chefe da divisão de subestações da Celesc, Jânio Antônio Búrigo.
O secretário de Desenvolvimento Urbano de Florianópolis, José Carlos Ferreira Rauen, prevê que a Capital pode ultrapassar a marca de 1 milhão de pessoas em algum dia no período entre 24 de dezembro e 3 de janeiro.
– Este será o período de maior fluxo de turistas e da população flutuante em Florianópolis. Fizemos reuniões diárias com Casan e Celesc para garantir que não teremos qualquer tipo de colapso na cidade nestas datas.
A prefeitura de Florianópolis está trabalhando com uma projeção de alta de até 10% no número de turistas este mês em relação ao final de 2009, segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano. Isso significa receber 390 mil visitantes no período.
No dia 27 de dezembro do ano passado, o governo municipal registrou uma produção de lixo doméstico de 957 toneladas na cidade, volume que serve de indicativo da quantidade de população fixa e variável na Capital.
– Como temos uma população fixa de 420 mil habitantes e um número que varia nesta época do ano de mais 150 mil a 180 mil pessoas de outras cidades da região, naquela data calculamos cerca de 350 mil turistas na cidade. Este número deverá ser maior este ano – projeta Rauen.
Apenas no quesito voos fretados, o presidente da Santur, órgão oficial do Cimélio Marcos Pereira, acredita em um crescimento de 15% em relação aos números da temporada anterior, quando foram registrados 720 pousos com origem nacional e internacional.
(DC, 08/12/2010)
Consumo deve dobrar nas praias
A nova subestação da Agronômica irá desafogar o uso das unidades do Centro e da Trindade. Mas esta área não preocupa a Celesc. O aumento da demanda de energia no Centro da cidade em razão da procura maior por hotéis e shoppings pelos turistas acaba compensado pela queda da população residente com o término das aulas, explica o engenheiro-chefe da divisão de subestações da Celesc, Jânio Antônio Búrigo.
– O problema maior é registrado na região das praias, no Norte e no Sul da Ilha. Mas estamos bem tranquilos em relação à demanda, mesmo na virada do ano, porque trabalhamos com folga .
A subestação Ilha Norte, que abastece as praias daquela região, tem uma capacidade máxima nos transformadores de 92 MVA (potência transmitida para o abastecimento dos consumidores). De acordo com a Celesc, durante o ano, os consumidores utilizam de 25 MVA a 30 MVA, em média. Na virada de ano, o consumo chega perto de 80 MVA, e, no Verão, gira em torno de 70 MVA.
No Sul da Ilha, a subestação da Celesc tem a capacidade máxima aproximada de 53 MVA. A população fixa da região gasta, em média, 25 MVA durante o ano, volume que dobra no Verão.
Segundo Búrigo, o consumo histórico na Capital cresceu a uma média de 4% a 5% ao ano. Nos últimos dois anos, este índice variou de 12% a 15%.
– Estamos despreocupados e nos sentimos seguros em relação ao abastecimento de energia elétrica na cidade. Diferentemente da Casan, a Celesc tem atendido 100% dos nossos pedidos de ampliação de rede – afirma o secretário de Desenvolvimento Urbano da Capital, José Carlos Ferreira Rauen.
Para ele, se ocorrer queda de energia na Ilha será por problemas estruturaisde residências e edifícios, como fiações inadequadas e sobrecarga no uso de aparelhos, problemas que não envolvem o abastecimento da Celesc.
(DC, 08/12/2010)
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