Com a SOS Mata Atlântica
16/12/2010
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16/12/2010

Cidade cheia na temporada e com três hospitais em obras

Reformas do Florianópolis e das emergências do Celso Ramos e Joana de Gusmão só devem estar concluídas depois do verão

Três hospitais da Capital vão permanecer em reforma durante a temporada de verão, quando a população passa de 500 mil para cerca de 1 milhão de habitantes. A emergência do Celso Ramos, que ficaria pronta em janeiro, deve ter as obras estendidas por mais dois meses. O Florianópolis será entregue somente em abril. E no Infantil Joana de Gusmão, as melhorias de três setores começaram há menos de 30 dias.

Fechado há um ano, o Hospital Florianópolis, no Bairro Estreito, deveria estar com a reforma, que vai custar R$ 2,3 milhões, concluída em novembro. De acordo com a assistente da Superintendência dos Hospitais Públicos da Secretaria de Estado da Saúde, Mara Regina Grando, primeiro seria feita só a reforma da emergência e, depois, as dos segundo e terceiro andares.

Mas quando começou a demolição das paredes, os forros dos pisos superiores se movimentaram, trazendo riscos de segurança para servidores e pacientes. Assim, se optou por restaurar todo o edifício.

Para a obra completa, outras duas licitações precisaram ser feitas. Segundo a gerente de Obras e Manutenção da Secretaria da Saúde, Lea Alt Lovisi, duas empresas que perderam a concorrência recorreram, gerando atraso. O prazo precisou ser estendido, também, por causa de adequações de projetos.

Regional de São José começa a ficar lotado

O atraso na reforma da emergência do Celso Ramos, no Centro, teve o mesmo motivo. Lea explica que são estruturas antigas e precisam de muitas adaptações de projeto. Enquanto isso, somente pacientes trazidos pelo Samu ou ambulâncias são atendidos. Com a reforma, o setor ficará 30% maior e ganhará dois novos centros cirúrgicos. O investimento é de quase R$ 2 milhões.

No Hospital Infantil Joana de Gusmão, na Agronômica, a reforma da cozinha, unidade de queimados e as rampas de acesso devem ficar prontas em um mês. Outra obra que começou é a restauração do centro cirúrgico, da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o centro de material esterilizado. No totla, R$ 5 mihões serão gastos.

– Para fazer as melhorias, é necessário o sacrifício do usuário. Tivemos que colocar os três hospitais em obra porque o governo estava com orçamento e tínhamos que aproveitar – justifica a superintendente Mara Regina Grando.

Ontem, a promotora do Ministério Público de SC, Sonia Maria Piardi, realizou vistoria nos hospitais Celso Ramos e Florianópolis para verificar a quantas andam as obras e considerou normal o aumento do período para a conclusão, devido às justificativas da Secretaria de Saúde.

Enquanto as reformas não ficam prontas, a população reclama da dificuldade de receber atendimento. Na terça-feira, Silvana Costa, 33 anos, esperava há duas horas por cuidados na recepção da emergência improvisada do Hospital Florianópolis. Com pneumonia, ela reclamava da demora nos procedimentos e da falta de médicos. Mais de 20 pessoas aguardavam na sala de espera.

– Esses dias já tinha vindo aqui à noite e tive que dormi no banco esperando um exame ser levado ao laboratório do Hospital Regional. Falta infraestrutura, e daí mandam a gente ir para o posto de saúde, mas lá ninguém quer atender caso como o meu – lamenta a moradora do Bairro Monte Cristo.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Serviços de Saúde (Sindsaúde), Edileusa Garcia Fortuna, afirma que o Regional, em São José, está ficando superlotado com a demanda da Capital. Segundo ela, as pessoas chegam a esperar mais de 12 horas por atendimento.

Para onde ir

Em caso de doenças e problemas menos graves

– Dirija-se a unidades de saúde voltadas à atenção básica, como postos de saúde e unidades de pronto-atendimento. Nestes locais, os profissionais terão mais disponibilidade para investigar as causas da doença e estabelecer um diagnóstico.

Em casos de emergências
– Procure o setor de emergência de um hospital. Os casos de emergência são os que implicam em risco imediato de morte, constatado por critérios clínicos. Na Capital, a emergência do Florianópolis funciona em um prédio improvisado, já a do Celso Ramos somente os pacientes vindos de ambulâncias ou pelo Samu são atendidos. Outras opções são os hospitais da Universidade Federal, na Trindade, e o Regional, em São José.

Em casos de urgências
– Vá às unidades de pronto-atendimento Norte e Sul da Ilha. Mas atenção: é preciso avaliar. Urgências são consideradas as necessidades “inadiáveis” que levam as pessoas a buscar assistência com maior rapidez frente a outros problemas de saúde. Estas necessidades, porém, não implicam em risco imediato de morte.

(ROBERTA KREMER, DC, 16/12/2010)

Reclamações de quatro entidades

O atraso nas obras do Hospital Florianópolis, motivou a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa a promover uma vistoria junto aos representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência de Santa Catarina (Sindprevs), Sindicato dos Trabalhadores em Serviços de Saúde (Sindsaúde) e Associação de Amigos do Hospital Florianópolis.

Na visita da última semana, as entidades apontaram irregularidades na reforma da unidade. Com base nos relatos, a promotora Sonia Piardi foi conferir a obra na manhã de ontem.

A deputada Ana Paula Lima (PT), da comissão, tinha ressaltado, na última semana, irregularidades nos setores já reformados, como degraus na entrada das ambulâncias, o que dificultaria o acesso de macas.

– Detalhes como teto baixo, altura de pias inadequadas, má ventilação foram pontos visíveis que precisam de reparo – frisou.

Inquérito será finalizado após avaliação da Vigilância Sanitária

A representante do Ministério Público de Santa Catarina confirmou as reclamações na visita de ontem. No entanto, disse ter se convencido de que os problemas não afetariam o atendimento, ao receber as justificativas da Secretaria de Estado da Saúde.

– Antes de finalizar o inquérito civil vou solicitar a vistoria da Vigilância Sanitária, pois não sou especialista no assunto – acrescentou.

Na manhã de ontem, a assistente de direção do hospital Marli Nunes explicou à promotora Sonia que as pias têm 80 centímetros para acessibilidade dos cadeirantes. O teto baixo de um dos consultórios não teria como resolver, por causa de uma viga, e a ventilação será garantida com sistema de refrigeração central.

– Já os degraus que a comissão reclamou, sem consultar o projeto, não continuarão assim, pois falta, ainda, terminar a sala de espera em frente à porta da emergência, onde chegarão as ambulâncias – salienta a superintendência dos Hospitais Públicos Mara Regina Grando, que garantiu a entrega da obra para abril.

(DC, 16/12/2010)

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