Empresários da região e prefeito defendem ampliação da estrutura na cidade, mas aeroclube não considera a ideia viável
A falta de espaço para voos fretados no Aeroporto Hercílio Luz, da Capital, reacende o interesse de lideranças regionais em ampliar o uso do Aeroclube de Santa Catarina, em São José.
A ideia é que a estrutura da cidade vizinha possa ajudar a desafogar o fluxo de aviões fretados na Capital. Mas o comando do aeroclube diz que não há espaço nem interesse em mudar de função. O aeródromo de São José conta com uma pista com 18 metros de largura e 900 metros de extensão. A estrutura é utilizada para a formação de pilotos e técnicos.
Para funcionar efetivamente como uma alternativa para o Hercílio Luz na recepção de voos fretados, o aeródromo de São José precisaria ter a estrutura de um aeroporto. Mais do que uma pista adequada para o pouso de linhas comerciais, um aeroporto deve ter pátio para este tipo de aeronaves e um terminal de passageiros com espaço para a administração do aeroporto e os órgãos de Defesa.
Para aprovar projetos, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) exige um estudo detalhado do entorno, e a situação do relevo é determinante para saber a extensão de pista e o restante da estrutura necessária.
O diretor da escola de aviação Aero TD, de Florianópolis, Juan Ibañez, pondera que a ampliação da pista não credenciaria o aeródromo como alternativa para os voos fretados.
– O investimento será muito grande e demoraria anos. Ampliar o Hercílio Luz e outros aeroportos que já existem seria a opção mais viável.
Hoje, o grande gargalo do Hercílio Luz está na recepção dos voos de empresas latinas que costumam pousar na Capital nas madrugadas. Com as vagas para estacionamento de aeronaves que pernoitam no aeroporto preenchidas, o Hercílio Luz aguarda a liberação da Anac para utilizar parte da pista secundária como estacionamento de aeronaves.
Empresários da região, segundo o prefeito de São José, Djalma Berger, estariam interessados em investir na ampliação da pista do aeródromo. Ela passaria a ter 20 metros de largura e 1,2 mil metros de extensão. O empresário Jaimes Almeida Jr., que construirá o maior shopping do Estado em Palhoça, considera como “absolutamente necessária” a transformação da estrutura do aeroclube em um aeroporto regional.
– Esta é uma opção imperdível para os governos municipais e os empresários da região – opina.
Aeródromo
O QUE JÁ EXISTE
– Pista de asfalto com 18 metros de largura e 900 metros de extensão
– Pátio para receber aviões de pequeno porte, como bimotores e jatos turboélice para até oito pessoas
– Área para estacionamento de 30 destes aviões – sendo seis no hangar
O QUE FALTA
– Pista e pátio para receber aviões maiores, utilizados para fretamento
– Terminal de passageiros com espaço para a administração
– Estrutura para pousos noturnos
Fonte: Aeroclube de Santa Catarina e Anac
(ALESSANDRA OGEDA, DC, 03/12/2010)
Escola de piloto é prioridade
A estrutura do aeródromo do Aeroclube de Santa Catarina é utilizada para “instrução primária”. Ou seja, por aqueles que utilizam ou estão aprendendo a pilotar ou trabalhar na manutenção de aviões pequenos.
A propriedade particular é mantida por quase 70 sócios, que pagam mensalidades para o aeroclube.
– Somos um dos raros aeroclubes do país que sobrevive após 73 anos de atividades. Não somos um clube para ricos, mas uma escola – defende César Olsen, presidente da entidade.
No local, são ministrados cursos de formação de pilotos e mecânicos.
– Temos prédios e o (morro) Cambirela ao redor. Não há espaço e nem interesse de mudar a nossa estrutura para receber aviões fretados. Devemos preservar a escola, que é prioritária – enfatiza Olsen.
Hoje, a pista funciona entre as 6h10min e as 19h55min. A estrutura recebe, principalmente, aviões de SC, do Paraná e do Mato Grosso. Poderia receber aviões pequenos de fora do país, mas, para isso, estas aeronaves devem pousar primeiro em um aeroporto internacional.
– Eles precisam passar pela alfândega e, só depois, poderiam pousar por aqui – esclarece Olsen.
DJALMA BERGER
Prefeito de São José
“Esse é um projeto da iniciativa privada, não depende de governo nenhum. À prefeitura, cabe incentivar, porque o que queremos é que São José tenha um aeroporto para receber voos comerciais.”
CÉSAR OLSEN
Presidente do aeroclube
“Temos prédios e o (morro) Cambirela ao redor. Não há espaço e nem interesse de mudar a nossa estrutura para receber aviões fretados. Devemos preservar a escola, que é prioritária.”
(DC, 03/12/2010)
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