Investimentos contribuem para formação de empresas e de profissionais
SC é o terceiro Estado no ranking da indústria de produção de games no Brasil, que este ano deve faturar R$ 90 milhões. O Estado fica atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Com cursos específicos para a área, um Polo de Games na Capital, um programa de desenvolvimento (o SC Games) e a maior empresa do setor no país, SC prevê dobrar o número de empresas em 2011.
Esta euforia marcou o primeiro dia do SBGames 2010, que começou ontem, na Capital. O evento com caráter técnico e de negócios prossegue até amanhã e promove intercâmbios entre pesquisadores, estudantes, investidores e empresários do setor.
O grande lançamento é o jogo Taikodom: Living Universe, da Hoplon Infotainment, que iniciará 2011 sendo distribuído para 31 países simultaneamente. Resultado de quase seis anos de desenvolvimento e um investimento de US$ 15 milhões.
Pela primeira vez desde que o jogo começou a ser elaborado, os fãs do game de ação vivenciaram a experiência de pilotar naves espaciais em uma plataforma de três dimensões (3D). A empresa Nvidia instalou uma máquina – a mais disputada do evento – com três monitores, duas placas de vídeo e óculos especiais para 3D.
À margem da ação virtual, profissionais e pesquisadores discutem as tendências dos jogos em rede, dos games desenvolvidos para redes sociais e o futuro propiciado pelos televisores digitais e em 3D.
– Tratamos de uma tecnologia que não está totalmente desenvolvida, mas para a qual já fazemos experimentos, que é a de jogos desenvolvidos para as TVs digitais – comenta Rudimar Dazzi, coordenador do evento e do curso de Tecnologia em Jogos Digitais da Univali.
Um novo curso será criado em SC
A indústria de games existe há oito anos no país, segundo Tarquínio Teles, diretor-geral da Hoplon Infotainment. Mesmo recente, o setor em SC deve dobrar de tamanho até o fim de 2011 segundo Alexandre Sena, gerente de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável.
– A condição para que isso aconteça é que os incentivos de fomento para a criação de novas empresas continuem existindo – avalia Sena.
Ele se refere ao edital Prime, que liberou R$ 120 mil para empresas inovadoras, e ao Programa Sinapse da Inovação, que dedicou R$ 60 mil para empresas recém-criadas. Parte delas são de desenvolvimento de jogos.
O governo do Estado criou o programa SC Games em 2006. No ano seguinte, a primeira empresa entrou no Polo de Games. No local, funcionam três empresas, com um potencial para 12 – que deve ser alcançado em 2011, na projeção de Sena.
O Polo de Games está passando para a gestão da Associação Catarinense das Empresas de Tecnologia (Acate). O presidente da entidade, Rui Luiz Gonçalves, destaca o potencial de crescimento da área e o surgimento de cursos no Estado.
– Nos próximos meses será lançado um ensino médio técnico para a formação de programadores de jogos. Em três anos, um jovem poderá ver a aplicação prática e lúdica do que aprendeu – comenta Gonçalves.
O curso, que será promovido pelo Instituto Federal de Santa Catarina, soma-se a cursos técnicos, de graduação e de pós-graduação do Senac, da Univali e do Senai.
O mercado
14
é o número de empresas de games em SC
132
é o número de empregos diretos do setor em SC
10
milhões de reais é o faturamento previsto em SC este ano
42
empresas de games atuavam no Brasil em 2008
560
era o número de funcionários do setor no país em 2008
90
milhões de reais é a previsão de faturamento do setor no país em 2010
2,75 mi
milhões de dólares em games foram exportados pelo país em 2009
(ALESSANDRA OGEDA, DC, 09/11/2010)
Conquistar visibilidade é um dos desafios
Talento, criatividade, o diferencial da mestiçagem e da alegria fazem os desenvolvedores brasileiros se destacarem no mercado de games. Esta é a avaliação de Tarquínio Teles, diretor-geral da Hoplon Infotainment, maior empresa brasileira do setor e que emprega atualmente 105 funcionários.
Mesmo com este diferencial, as empresas brasileiras enfrentam grandes desafios para conseguirem competir de igual para igual com os melhores desenvolvedores estrangeiros. Para Teles, o principal deles é o Custo Brasil, que afeta a todas as indústrias do país, seguido da falta de capital destinado para o segmento de games.
– Estes problemas precisam ser resolvidos. Além disso, as empresas devem atingir padrões internacionais, mesmo as que quiserem focar no mercado interno, porque irão competir com as estrangeiras também – afirma Teles.
Divulgar e vender os produtos brasileiros, assim como propiciar equipamentos de alta tecnologia para quem está começando neste segmento, são entraves para que a indústria nacional – e catarinense – cresça mais. O presidente da Acate, Rui Luiz Gonçalves, destaca como solução para o primeiro ponto a criação da inédita plataforma de jogos nacional Arena 41.
– Neste local estarão concentrados jogadores e produtos, incentivando jovens a divulgar as suas criações e, desta forma, tornarem-se conhecidos – prevê Gonçalves.
Um dos objetivos das ações no Estado é o de atrair investidores para o segmento. Para Alexandre Sena, um dos grandes desafios do SC Games é dar visibilidade internacional para as empresas do Estado.
– O primeiro passo para isto é a vinda de uma missão francesa na SBGames. Mas precisamos também organizar missões de empresas catarinenses nas principais feiras e eventos do setor no mundo – avalia.
Novos equipamentos chegam em 2011
Em 2011 estão previstos R$ 12,5 milhões em recursos dos governos federal e estadual para a compra de equipamentos de alta tecnologia e para bolsas de pesquisadores da área de tecnologia. Parte destes recursos beneficiará o segmento em 18 cidades e 14 instituições catarinenses.
– Queremos que os equipamentos entrem em licitação este mês para que eles estejam à disposição dos alunos no primeiro semestre de 2011 – comenta Sena.
Entre os equipamentos previstos estão computadores e estações de trabalho com alta capacidade para a área gráfica, um estúdio de captura de movimento e um scanner 3D de corpo inteiro.
Estes produtos serão utilizados para a área de saúde e compartilhados pelos desenvolvedores de games.
(DC, 09/11/2010)
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