Poluição, alta salinidade e calor provocaram a proliferação excessiva
As algas em excesso na Lagoa da Conceição, na região da Rua Osni Ortiga, começaram a ser retiradas ontem. A operação deve durar cerca de 10 dias. O material recolhido é colocado em caminhões e deve ser aproveitado pelo programa de compostagem da Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap).
A operação é feita manualmente por 54 funcionários da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) e da Comcap. Quatro redes foram confeccionadas especialmente para o recolhimento.
De acordo com o biólogo e mestre em Engenharia Ambiental da Floram, Luiz Pazini Figueiredo, trata-se de um trabalho minucioso e que requer muita paciência dos envolvidos.
– Quanto mais essa alga for fragmentada, maior é a sua proliferação. Então, precisamos fazer a retirada com muito cuidado – avisa.
Material em decomposição tem provocado mau cheiro
As algas não oferecem riscos à população, mas quando crescem em excesso, podem provocar danos à fauna da Lagoa. Outro motivo que deu origem à operação de retirada é que o material em decomposição exala um odor muito forte e desagradável, que tem incomodado moradores e pessoas que passam pelo local. Pazini explica que o cheiro vem das algas mortas que estão na superfície.
– É importante ressaltar que a alga não é, necessariamente, um indicador de poluição, embora ela se prolifere onde há grandes concentrações de nitrogênio, presente no esgoto sanitário. O excesso deixa claro que há desequilíbrio no local. Estamos solucionando o problema, mas se o despejo de esgoto não tratado na água continuar, isso vai ser constante. É preciso atacar a causa para que isso não ocorra mais – explica.
O diretor-superintendente da Floram, Gerson Basso, explica que os trabalhos só começaram agora porque foi necessário comprar equipamentos de proteção individual, como macacões, botas e luvas impermeáveis para os funcionários que precisam entrar na água.
Lanchas e barcos não são utilizados para não dispersar as algas. Depois que a retirada for concluída, as equipes vão fazer monitoramento.
O problema – A alga
• É conhecida como alface do mar.
• O nome científico é ulva lactuca.
• É uma macroalga (grande).
• Chega a um metro de comprimento.
• É comestível.
• Se desenvolve nas costas do oceano.
Na Lagoa
• A presença dessa alga na Lagoa da Conceição é comum, já que possui ligação com o mar e a água tem salinidade.
• O problema é que agora há excesso
de algas no local.
Causas da proliferação
• A abertura do Canal da Barra trouxe mais água do mar para a Lagoa e, com isso, houve aumento na salinidade.
• Excesso de nitrogênio (encontrado no esgoto sanitário) e fósforo (presente no detergente) na água.
Clima quente.
O que provoca
• Falta de oxigênio na água.
• Sem oxigênio, o ecossistema fica
prejudicado.
• Esse desequilíbrio provoca a morte da
fauna do local.
• Apesar de ser comestível e não oferecer riscos à população, a alga da Lagoa não deve ser ingerida por causa da poluição.
O mau cheiro
• Quando as algas morrem, elas ficam na superfície da água. O processo de apodrecimento das algas mortas emana gases.
(MELISSA BULEGON, DC, 25/11/2010)
Biólogo da Floram estima retirar toneladas de algas da Lagoa
Operação conjunta envolvendo Floram e Comcap visando a limpeza das algas da Lagoa da Conceição continuará durante os próximos 90 dias.
Cerca de 18 Funcionários da Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram) e quatro da Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap) deram inicio pela manha a operação de retirada das algas da Lagoa da Conceição. Todo trabalho está sendo coordenado pelo biólogo Luiz Pazini Figueiredo.
Em entrevista ao jornal Diário Catarinense, o biólogo fez questão de ressaltar que quanto mais a alga for partida, maior é a sua proliferação. Em razão disso o processo de retirada requer cuidados especiais.
A questão do mau cheiro na região da Rua Osni Ortiga vinha incomodando moradores e turistas que passavam pela vizinhança. De acordo com o estudo realizado a poluição das águas interfere nas cadeias alimentares em que as algas servem de alimento para pequenos peixes, assim sendo, elas acabam morrendo, alerta Pazini.
A ação da Floram atingirá uma área de lâmina d’água de 48.600 m², onde estão condensadas as algas presentes num volume estimado de 7.776 m³ que serão removidos até o final da operação.
Estima-se que cerca de 90% do oxigênio presente na atmosfera terrestre seja gerado pela fotossíntese das algas planctônicas. Assim, essas pequenas algas possuem papel fundamental na manutenção da vida no planeta.
Para o diretor superintendente da Floram Gerson Basso, a limpeza deverá ser rotineira durante toda temporada. “Quanto mais gente chegando na cidade, mais cuidado temos que ter com o ambiente natural”.
Pazini revelou ainda ao jornal Diário Catarinense que três motivos contribuíram para a grande proliferação: a abertura do canal da Barra (que traz mais salinidade para a lagoa), a presença abundante de nitrogênio e de fósforo (provenientes do esgoto sanitário e de detergentes) e o clima quente.
“Creio que vamos recolher toneladas de algas mortas nos próximos 90 dias. As algas recolhidas serão enviadas para o setor de compostagem da Comcap”, informa.
(PMF, 24/11/2010)
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