Confirma abaixo dois artigos escritos por participantes do evento “Mega Projetos e Unidades de Conservação: Como fica o desenvolvimento sustentável?”, promovido pela ACIF em 10/11/2010. (Publicados por Sambaqui na Rede 2, 11/11/2010)
A ACIF não sabia
Por Everton Balsimelli Staub, advogado.
A Associação Comercial e Industrial de Florianópolis – ACIF, realizou na noite de 10/11/2010, o evento “Mega Projetos e Unidades de Conservação: Como fica o desenvolvimento sustentável?”, tendo como convidado o Professor Sérgio Floater, Doutor em Ecologia (UENF/RJ), Pós-Doutorado em Ecologia (California University, Santa Barbara/EUA), Professor do Departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC.
O Professor Floater, com brilhantismo, abordou os possíveis impactos nas Unidades de Conservação, em especial o caso do Estaleiro OSX e seus 16 possíveis impactos na região da Baía Norte. Destacou o Parecer Itajaí, de 16 de agosto de 2010 e os demais estudos já realizados no âmbito da Baía Norte pelo meio acadêmico, como documentos importantes de contra-ponto as conclusões finais do EIA/RIMA proposto. Concluiu que existem diversas impossibilidades para que o Estaleiro se instale na Baía Norte.
A maioria dos presentes, inclusive associados da ACIF, externaram contrariedade a instalação naquele local, de empreendimento desta natureza, alguns como o Sr. José Bado, não compreendiam como a entidade estava apoiando o empreendimento. Foi comentado que as entidades associativas devem debater o assunto internamente e só aí emitir opinião formada legitimamente por seus termos estatutários.
Estiveram presentes diversos representantes do Movimento em Defesa das Baías de Florianópolis e representantes da empresa OSX, como o Sr. Norberto Schaeffer, que se retirou antes do término do evento”.
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“ACIF prestou um excelente papel”
Por Eduardo Lima*
A ACIF, através do seu Núcleo de Arquitetura e Urbanismo, abriu um importante espaço para debate em sua sede, tendo como objeto secundário da discussão o estaleiro osx.
Importante pois levou para o seio da instituição um assunto que parecia, a depender da opinião de alguns diretores o seu presidente, ser uma visão unânime.
Parecia pois o que se percebeu entre os presentes, apesar de toda aparente discussão que se tem travado pela mídia, é que muitos desconheciam o empreendimento e que alguns dos presentes ligados a própria instituição não eram favoráveis aos mesmo.
Importante pois demonstra que o assunto não se esgotou e muito embora haja um eventual aval da Entidade não ficou muito claro se houve uma discussão mais aprofundada entre os associados, como se operacionalizou em vários bairros do norte da Ilha, chegando a ter além da exposição do empreendimento, uma votação para obter de forma construtiva, participativa e democrática a visão da maioria presente a participante ativamente.
Sim pois alguns poderão entender que não dentro de um universo, um determinado percentual não representa a visão da maioria. Por outro norte, um resultado amostral leva em conta, a maioria entre os que se fizeram presentes e que discutiram. Os ausentes ao processo, podem ser tanto a favor, como neutros, como contra, mas preferiram não se manifestar e sendo assim, a ausência de posição será sempre uma incógnita. E ai vale o resultado da maioria que se fez presente.
E qual é a importância dessa “maioria”? Em verdade exprime que em alguns estudos dão a entender que 90%(noventa por cento) são a favor tal empreendimento, mas como se chegou a esses números, como se construiu esse dados, qual a base estatística que suporta esse resultado?
A questão tem pertinência pois onde se trava uma discussão mais técnica, com dados científicos sólidos, percebe-se que a “maioria” ou muda de lado ou começa a ter uma percepção bem diferente do que antes se apresentava.
E a temática ganha capital importância pois coloca em cheque alguns discursos de aprovo e que na prática não tem sido bem comprovados. O debate na AJIN em Jurerê Internacional, no Conselho Comunitário do Pontal da Daniela, em Sambaqui, entre os maricultores, e agora professores universitários, alunos e por ai vai, mostra justamente o contrário.
E por isso a ACIF prestou um excelente papel ao promover o debate e ao menos entre o que se fizeram presentes, a unicidade do pensamento de ser a favor do estaleiro não se comprovou. Que a instituição promova mais e convide o lado dos que estão a favor. Mas primeiro terão que encontrar uma disponibilidade na lotada agenda dos principais interessados.
Assim, quem sabe antes tenham tempo de promover uma reunião extraordinária para debater de forma ampla e participativa entre seus associados qual é a posição de todos e posteriormente externá-la a sociedade.
Pois fica difícil compreender como uma entidade que tem sua sede no Município de Florianópolis defende e apoiá um projeto em um município vizinho, sem que antes de tudo tenha definido de forma concreta qual a posição dos seus membros.
Por isso fica o reconhecimento pela postura do Núcleo de Arquitetura e Urbanismo pela postura e coragem de promover esse debate. Se agradou a todos na entidade, talvez não saberemos, mas o resultado certamente foi positivo para democracia e divulgação da informação e de uma outra visão.
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