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Cientistas denunciam os riscos do Estaleiro OSX e da fosfateira em Anitápolis

Do blog do jornalista Celso Martins (Sambaqui na Rede 2, 15/10/2010)

As conclusões do Seminário Interuniversitário que discutiu a implantação do Estaleiro OSX e da mina de fosfato em Anitápolis, vão ser transformadas em uma “Carta Aberta” à comunidade universitária, como forma de alertar para os danos dos dois empreendimentos. Esta foi uma das decisões tomadas por consenso no final dos trabalhos que tiveram início na quarta-feira (13.10) e terminaram ontem (14.10), realizados no auditório da reitoria da UFSC.

Participaram dos debates do último dia os professores Marcus Polette (Univali), Margarete Pimenta (UFSC), Leopoldo Cavaleri Gerhardinger (UNICAMP), Hoyedo Lins (UFSC) e Raul Burgos (UFSC), sob a coordenação do professor Lino Peres, que apontaram os riscos sociais, econômicos, sociais e ambientais dos dois empreendimentos, sobretudo o Estaleiro OSX.

A “Carta” a ser divulgada na próxima semana terá críticas à posição da reitoria da UFSC, cujo reitor, Álvaro Prata, acompanhou as lideranças políticas de Santa Catarina que foram a Brasília tentar anular o parecer contrário do ICMBio ao Estaleiro da OSX. A presença da fundação Certi, privada, falando em nome da UFSC, também será tema da “Carta”. Os integrantes dos poderes Legislativo e Executivo do Estado e dos municípios da região de Florianópolis, receberão oficialmente o documento, assim como o Ministério Público estadual e federal.

Além disso, foram apresentadas três moções. A primeira em solidariedade ao analista ambiental Apoena Figueirôa, do ICMBio em Santa Catarina, exonerado do cargo de chefe da Estação Ecológica de Carijós, por ter sido um dos autores do parecer contrário do órgão ao empreendimento em Biguaçu/Baía Norte de Florianópolis. A segunda é em repúdio à ausência da Fiesc e das empresas responsáveis pelo Estaleiro OSX e a mina de fosfato em Anitápolis, nos debates do Seminário. Por último uma moção de repúdio ao papel desempenhado pela Fundação Certi.

Os representantes dos ministérios públicos estadual e federal não puderam participar do evento por problemas de agenda, mas os dois órgãos vão receber as gravações dos debates e os documentos gerados. Os organizadores do Seminário também pretendem realizar debates em Biguaçu e Governador Celso Ramos. Os detalhes das intervenções no debate de ontem serão abordadas aqui no final de semana. (C. M.)

Universidade pode garantir interesses da população em projetos polêmicos

(Por Vera Gasparetto, Porto Gente, 15/10/2010)

O reitor em exercício da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Carlos Alberto Justo, acredita que o papel da universidade é garantir o debate sobre a questão que envolve desenvolvimento e sustentabilidade. Na quarta-feira (13), a UFSC foi palco de seminário que discutiu dois projetos: o estaleiro da OSX e a fosfateira da Bunge/Yara. Nesta entrevista, Justo diz que a universidade pode ajudar na tomada de decisão que se embase menos em interesses particulares e mais nos legítimos direitos da população.

PortoGente – Qual a opinião universidade sobre esses dois empreendimentos?
Carlos Alberto Justo – O propósito da universidade é construir conhecimento. Ela em si não tem uma posição consolidada para esse problema especificamente. Busca escutar as partes envolvidas: a visão ambiental, jurídica, da engenharia, da geografia e dos diversos saberes.

PortoGente – Qual o projeto político pedagógico da UFSC em relação a um “modelo de desenvolvimento”?
Carlos Alberto Justo – A universidade tem um comprometimento com o desenvolvimento e a sustentabilidade. A UFSC tem várias áreas na Ilha para transformar em parque ambiental para preservar a Mata Atlântica, tem museus e preservação de patrimônio em várias ilhas no entorno de Florianópolis e auxiliou no desenvolvimento sustentável da maricultura, com formação para os trabalhadores da pesca artesanal com sustentabilidade científica para conviver com a arte milenar da pesca, para superar o antagonismo desenvolvimento x ambiente.

PortoGente – Qual é a relação que a UFSC tem com a Fundação Certi, contratada pela OSX para elaborar o EIA/Rima sobre os golfinhos?
Carlos Alberto Justo – A Fundação é de direito privado e a UFSC não tem ingerência na gestão da Fundação. Nossa relação é de parceria para o desenvolvimento tecnológico, mas não há vínculo entre as duas instituições.

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