Artigo escrito por Marina de Medeiros Machado, Engenheira ambiental (DC, 27/10/2010)
Com a nova polêmica do lixo nas proximidades de Nápoles, na Itália, mais uma vez o brasileiro demonstra sua falta de intimidade com os conceitos relacionados a resíduos sólidos. Alguns falam em lixão, outros em aterro sanitário. O italiano se revolta porque o depósito faz a cidade cheirar mal, o terreno não possui tratamento adequado de impermeabilização do solo e existe risco real de contaminação de seus lençóis freáticos. A indignação da população napolitana dá-se na contramão de um sistema ambientalmente incorreto.
Lixões não são aterros sanitários. Chamar o local de destinação de lixo de Nápoles de aterro sanitário é legitimar as práticas ilegais de pelo menos 60% dos municípios brasileiros, que não dispõem seus resíduos de maneira ambientalmente correta. Como, certeiramente, apontou a matéria do DC de 25/10, Nápoles possui um lixão. Por não ter tratamento algum para o chorume e os gases tóxicos produzidos pelo lixo, a população napolitana se revolta, e com muita razão.
Politizada, ela mostra sua indignação com a falta de respeito dos governantes pelo meio ambiente. Do lado de cá, a falta de informação é que atrapalha as discussões e evoluções nos assuntos relacionados ao lixo. Segundo a Norma Brasileira 8.419 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aterro sanitário é uma técnica de disposição dos resíduos que não causa danos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais. Empresas sérias que trabalham com gestão de resíduos incentivam a reciclagem através de programas de educação ambiental para toda a comunidade com o objetivo de mostrar que o material reciclável atrapalha a compactação do lixo e diminui a vida útil dos aterros sanitários.
Atentar para o bem-estar da população do entorno, procurando minimizar ao máximo os impactos ambientais da atividade também é um dever de quem trabalha com resíduos sólidos.
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