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Aquecedores de água que aproveitam a energia do sol ganham cada vez mais espaço nas residências

Há um ano, O empresário Danilo Mazuca instalou um sistema de aquecimento de água por energia solar na casa que construiu em um condomínio fechado de Florianópolis, onde mora com a mulher, a psicóloga Karina, e os três filhos. Gastou 6 000 reais com o equipamento, que inclui um sofisticado controle digital de temperatura, e desde então tem economizado cerca de 100 reais por mês na conta de energia elétrica. A perspectiva, portanto, é que o retorno do investimento se dê em aproximadamente cinco anos. Considerando uma vida útil de 20 anos para o equipamento, é um ótimo negócio. Mazuca também incluiu em seu projeto um sistema de coleta de água da chuva. “Mas o lado financeiro nem é o aspecto mais importante. Queríamos que a casa contribuísse para a preservação do meio ambiente e que nossos filhos tivessem consciência da importância disso”, diz Mazuca.

Economia

O aquecimento da água é a única aplicação da energia solar que já se tornou economicamente viável no Brasil. Especialistas dizem que na maior parte dos casos o retorno se dá em um período entre três e seis anos, dependendo da combinação de fatores como o custo e a eficiência do equipamento escolhido, o número de integrantes da família e a duração média dos banhos. A substituição do chuveiro elétrico significa abrir mão do segundo maior vilão do consumo de energia nas residências do país – ele só fica atrás da geladeira. O alto consumo dos chuveiros ocorre especialmente nas regiões Sudeste e Sul, onde as temperaturas mais baixas ao longo de boa parte do ano fazem com que o banho aquecido pela eletricidade seja responsável por até 40% do valor das contas de energia elétrica. Em decorrência disso, é nessas regiões que a instalação de um sistema residencial de aquecimento de água por energia solar proporciona o retorno mais rápido. “O estado de São Paulo representa 65% do mercado atual no país, pois o investimento inicial exige certo poder aquisitivo”, diz Luís Antônio Ferrari Mazzon, fundador e diretor-presidente da Soletrol, de São Manuel, no interior de São Paulo. A empresa é a maior fabricante brasileira de equipamentos para aquecimento de água por energia solar e vende cerca de 200 000 metros quadrados de coletores por ano.

Os sistemas de energia solar não substituem completamente o uso de eletricidade. O aquecimento é obtido por um sistema térmico. Em dias nublados ou durante um período de uso acima do normal, pode ser necessário acionar a complementação por energia elétrica ou gás para manter a temperatura e preservar o conforto do banho. Já o abastecimento dos demais aparelhos de uma residência dependeria de um sistema fotovoltaico, que converte a energia solar em energia elétrica, tecnologia que permanece cara no Brasil. O custo para manter uma casa exclusivamente com energia solar seria tão desvantajoso que essa alternativa nem sequer está disponível no mercado comercial. Hoje, há apenas opções que geram energia suficiente para operar equipamentos de baixo consumo, como lâmpadas e cercas elétricas. “Muitos países europeus dão grandes incentivos fiscais para quem adota a energia solar, mas esse apelo ainda não é suficientemente forte para os governos daqui”, diz o professor Luiz Guilherme Meira de Souza, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, um dos polos de pesquisa mais importantes do país nessa área.

Os movimentos de incentivo no Brasil são tímidos, como a promessa de obrigatoriedade do Procel Edifica, certificação para prédios comerciais que exige um nível mínimo de eficiência energética, a exemplo do que já ocorre com as geladeiras. A expectativa é que essa certificação venha a ocorrer dentro de alguns anos com projetos residenciais. Mas, mesmo sem a obrigatoriedade, quem já desfruta de água aquecida por energia solar garante que há um ganho adicional na escolha. “O banho fica mais gostoso. Talvez seja porque a nossa consciência fica mais limpa”, diz Mazuca.

(Por Maurício Oliveira, de EXAME, 09/09/2010)

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