Licenciamento de operação e equipamentos, que deveriam estar prontos no sábado, terão novo prazo
As balsas Flutuante Ilha 3 e Gisela – que vão auxiliar na obra de recuperação na Ponte Hercílio Luz – ainda não saíram das proximidades da Ponte Colombo Salles. Elas aguardam o licenciamento para realizar a operação e a chegada de equipamentos de São Paulo. A previsão era para as embarcações estarem prontas até sábado, o que não deve ocorrer. O prazo foi ampliado pelo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) para os primeiros dias de outubro.
Esta não é a primeira vez que o cronograma é desobedecido. A montagem das balsas, prevista para julho, só foi concluída na metade do mês passado. Apesar dos atrasos consecutivos, o Deinfra afirma que o prazo final para a conclusão da obra permanece inalterado.
Segundo o órgão, há ações que não dependem somente do Estado, como as autorizações de operação, que cabem à Capitania dos Portos. Além disso, os testes com os equipamentos e a complexidade do transporte são outros fatores que contribuem para a lentidão do processo de montagem da estrutura.
A balsa principal, Ilha 3, vai ser usada pelos engenheiros e operários construírem uma estrutura para sustentar o vão central da ponte. A embarcação abrigará um guindaste de 70 toneladas e uma perfuratriz, que pesa entre 10 e 15 toneladas, que devem chegar à Capital em 15 dias. O transporte será feito por caminhões, em horários determinados pela Polícia Rodoviária, e com o acompanhamento de batedores. A montagem de algumas peças será feita somente com a balsa ancorada no Canal do Estreito. A partir daí, vai ter início o estaqueamento de pilares – de metal e concreto – no fundo do mar.
Cerca de 130 homens trabalham na restauração
Enquanto isso, o Deinfra comunica que cerca de 70 trabalhadores diretos e mais 60 indiretos fazem o reforço nas fundações dos acessos à ponte com estacas de concreto.
A previsão é inaugurar a restauração da ponte em 13 de maio de 2012, dia em que um dos principais cartões-postais de Santa Catarina completa 86 anos de idade. Mas o edital prevê a conclusão das obras em 7 de junho do mesmo ano.
A reportagem tentou contato com o engenheiro Cássio Magalhães, da Consórcio Florianópolis Monumento (CFM), e com João Flávio Gomes Costa, gerente de obras especiais do Deinfra, mas eles não quiseram dar entrevista. De acordo com a assessoria do Deinfra, os responsáveis pela reforma na Ponte Hercílio Luz só vão dar declarações quando a estrutura das balsas estiver concluída.
Quanto custa a restauração
R$ 24 milhões: nos viadutos de acesso (Ilha e Continente)
R$ 169 milhões: no vão central
R$ 14,9 milhões: supervisão das obras, realizada pelo consórcio Prosul/Concremat
Total: R$ 207,9 milhões
O orçamento para 2010
No orçamento de 2010 está previsto R$ 58,5 milhões de recursos do governo do Estado, e mais R$ 2 milhões vindos do Fundo Social, dinheiro captado com empresas por meio de incentivo fiscal. Total de R$ 60,5 milhões.
O cronograma
Início da restauração do vão central: julho de 2010
Prazo de conclusão: intenção é inaugurar em 13 de maio de 2012, mas o edital anuncia para 7 de junho do mesmo ano
Quem promete: Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra)
A estrutura
– Ilha 3: transportará os equipamentos (guindaste de 70 toneladas e outros) usados para perfurar as rochas para fixar as estacas metálicas que vão sustentar provisoriamente o vão central. A base vai ficar fixa, ancorada no Canal do Estreito
– Gisela: vai carregar o material utilizado. fará o deslocamento do canteiro de obras, embaixo das pontes Pedro Ivo e Colombo Salles, até a Ilha 3. Capacidade: até 3 caminhões betoneira
– Barco auxiliar: carregará as pessoas que participarão da obra. Capacidade: oito operários por vez
Fonte: Deinfra e Coordenadoria do Orçamento Estadual da Assembleia Legislativa
Cartão-postal
– A Ponte Hercílio Luz é a maior ponte pênsil do Brasil e com o maior vão central do mundo entre todos os suspensos por barra de olhal (sistema de suspensão do vão pênsil).
– A construção do cartão-postal catarinense mais fotografado começou em novembro de 1922.
– A estrutura foi inaugurada no dia 13 de maio de 1926. A sua cor original era preta.
– A primeira manutenção foi realizada em 1960.
– Em 1975, a Ponte Colombo Salles foi inaugurada, e a Hercílio Luz passou a ser conhecida como a “ponte velha”. Na época, a Hercílio Luz recebia 45 mil veículos por dia.
– No dia 22 de janeiro de 1982, a ponte foi interditada pela primeira vez. Seu movimento já era menor: cerca de 27 mil veículos ao dia.
– Em março de 1988, foi reaberta para o tráfego de pedestres, motocicletas e carroças
– A ponte voltou a ser interditada em julho de 1991. Como medida de segurança, foi retirado o asfalto do vão central, alívio de 400 toneladas. A Ponte Pedro Ivo Campos, a terceira, foi inaugurada em março daquele ano. As três funcionaram simultaneamente por pouco mais de três meses.
– Em 1992, a Hercílio Luz é tombada pela prefeitura como patrimônio histórico, artístico e arquitetônico de Florianópolis
– A primeira etapa da restauração inicia em 2006 e dois anos depois é assinada a ordem de serviço para a recuperação do vão central, segunda etapa do processo.
(Por MELISSA BULEGON, DC, 17/09/2010)
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0 Comentários
Isso tudo de tão trágico se torna cômico…
Será que só eu me sinto lesado por essa falta de cuidado com o dinheiro público?
Necessitamos de tanta melhoria na nossa cidade e no estado a nível de urbanização e vias de acesso e a prefeitura juntamente com o governo do estado estão dispostos a investir “R$ 207,9 milhões” numa ponte velha com a desculpa de ser ela um cartão postal!!! que loucura…
só pra ter idéia, ouvi dizer que o “elevado Rita Maria” vai custar algo em torno de R$ 8,1 milhões e o “elevado do trevo da seta” vai custar algo em torno de R$ 16 milhões… Será que só eu acho um exagero gastar “R$ 207,9 milhões” para restaurar a ponte Hercílio Luz?
por favor, pessoas de bom senso, manifestem-se! como parar essa loucura… não aguento mais pagar imposto e ver o público dinheiro ser administrado dessa forma!