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Fortuna no lixo

Artigo escrito por Sebastião Pereira da Silva, pesquisador e ambientalista (DC, 12/09/2010)

O Brasil produz mais de 240 mil toneladas de lixo por dia. De todo esse volume, apenas 13% vão para aterros controlados, 10% para aterros sanitários, 0,9% são compostados, em usinas, e 0,1% são queimados. Os restantes 76% (mais de 180 mil toneladas) são depositados em lixões a céu aberto, provocando enorme impacto ambiental e risco, cada dia maior, à saúde do planeta e da população. Algo precisa ser feito para reverter esse quadro desfavorável. A reciclagem é o ideal, pois, além de evitar que o nosso hábitat se transforme numa grande lixeira, proporciona a montagem de uma grande fonte de recursos a partir daquilo que hoje jogamos fora.

Como aquele passarinho da fábula, que levava gotas para apagar o incêndio, eu tenho feito a minha pequena parte em relação ao plástico. Há anos desenvolvo polímeros que tornaram capaz a formação de uma liga segura entre os diferentes tipos de matéria plástica – hoje são aproximadamente 400 – que o homem e as empresas descartam. Conseguimos um produto híbrido de alta resistência e durabilidade, capaz de substituir a madeira, com as vantagens ser imune ao apodrecimento, a pragas e ao fogo.

Com algum investimento, organização e método, esse material readquire utilidade e, em vez de problema, transforma-se em solução. Deixa de poluir e sufocar o homem, atende as necessidades construtivas e evita o corte de árvores ou a destinação de recursos mais nobres e finitos para a mesma finalidade. Estudos revelam que o plástico leva 450 anos para a decomposição. Mesmo peças mais frágeis, como os sacos plásticos e náilon resistem por mais de 30 anos.

Ao reciclá-los, nós recuperamos sua utilidade e ainda conseguimos oferecer ocupação e gerar renda para os envolvidos ao longo de todo este processo, que, dependendo do volume, podem ser milhares, até milhões de pessoas.

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