Copa 2010: O sonho de Florianópolis está vivo

Descartada na escolha das sedes, Florianópolis, se mobiliza para receber a Copa das Confederações ou o sorteio dos grupos do Mundial
Florianópolis ainda sonha com a Copa de 2014. Descartada na escolha das sedes para o Mundial, a cidade concentra esforços novamente para fazer parte do evento da Fifa. E como ocorreria isso? Sediando um dos três sorteios que vão ocorrer a partir de 2011.
A possibilidade é real, tanto que dirigentes e políticos do Estado já realizam contatos e organizam viagens para viabilizá-la. Nos próximos quatro anos, a Fifa realizará três sorteios no país: o das chaves das Eliminatórias para a Copa, o dos grupos da Copa das Confederações, e do próprio Mundial, o mais badalado.
Segundo o assessor de imprensa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rodrigo Paiva, o primeiro sorteio está previsto para ocorrer em julho de 2011 e deve reunir representantes de vários países.
– Não tem nada de verdade nem de mentira. Florianópolis é, sem dúvida, uma cidade interessante e que tem impressionado bastante a Fifa. Então, pode ser escolhida como sede de um dos sorteios, mas primeiro é preciso saber se a cidade quer se candidatar – afirmou Paiva.
O prefeito de Florianópolis, Dário Berger, está disposto a recolocar a cidade no páreo. Mas não esquece a frustração que teve no ano passado com os critérios usados pela Fifa para a escolha das cidades-sede.
– Fizemos um esforço enorme para ter Florianópolis como uma das sedes do Mundial e não fomos contemplados por uma decisão política. Lamento muito, mas o importante é que deixamos uma porta aberta – destacou o prefeito.
Mesmo frustrado com o resultado da primeira escolha, Berger pediu ao presidente da Fundação Municipal de Esportes, Édio Pereira, um levantamento sobre os requisitos necessários para postular o sorteio.
Se a ideia é entrar forte na disputa, Florianópolis sabe que precisa melhorar muito, especialmente na questão da infraestrutura. Para facilitar, a lei aprovada pelo Senado, na última terça-feira, derruba o limite de endividamento para estados e municípios que realizarem as obras.
O presidente da Federação Catarinense de Futebol (FCF), Delfim Peixoto Filho, se mexe para viabilizar a proposta. Hoje, ele inicia viagem pela Europa, e, na semana que vem, deve passar por Paris, na França.
– Vou me encontrar com alguns “mandachuvas” da Fifa. Quem sabe eu consiga “pescar” alguma coisa – disse Delfim, acrescentando que, por enquanto, não existe indicativo ou decisão tomada.
Ontem, o secretário de Articulação Internacional de SC, Vinícius Lummertz, esteve em Brasília, com o governador Leonel Pavan, e tratou do assunto em meio à agenda de audiências. Lummertz disse que a intenção é “ofertar” Florianópolis para um dos eventos da Fifa.
– Temos um conjunto de ideias. Agora, temos que pedir à CBF o que é preciso fazer – confirmou.
O que é possível
• Ser sede do sorteio da fase eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014
• Ser sede do sorteio da Copa das Confederações, que será realizada em 2013
• Ser sede do sorteio, o que definirá os grupos do Mundial de 2014
• Ser campo base, oferecendo locais de treinamento e alojamento às seleções
• Sediar um jogo da Copa das Confederações de 2013
(Por JEAN BALBINOTTI, DC, 02/09/2010)
Como deve ser feito o projeto
A próxima semana promete delinear as chances de Florianópolis na disputa para sediar um dos sorteios. Nos dias 8 e 9 de setembro, integrantes do Comitê da Copa de 2014 se reúnem, no Rio de Janeiro, com o secretário-geral da Fifa, Jérome Valcke, para colocar a cidade na briga.
Coordenador das ações da candidatura de Florianópolis para ser uma das cidades-sede da competição, o consultor de relações com o mercado da Secretaria Estadual de Turismo, Cultura e Esporte, Joceli de Souza, conhece bem o caminho a ser percorrido. Ele discorda que a capital catarinense esteja muito atrás das 12 sedes escolhidas pela Fifa, em maio do ano passado.
Para Joceli, todos os requisitos do caderno de encargos foram preenchidos por Florianópolis no dossiê entregue à entidade.
– Não fomos escolhidos sede, mas temos condições de reativar o projeto e colocar o comitê na rua novamente – ressaltou , ontem, Joceli.
Na opinião dele, Florianópolis tem seus gargalos na infraestrutura, como qualquer outra cidade do país, mas pode resolver isso em pouco tempo, com ações práticas:
– Se existir vontade política e um projeto que faça os investidores acreditarem, as chances são boas. Certo mesmo é que ninguém vai colocar dinheiro em uma obra sem perspectiva de retorno – afirmou.
Contra Florianópolis
O projeto de mobilidade urbana, que carewce da construção de vias alternativas nos pontos mais críticos da cidade, como as pontes e o acesso ao aeroporto.
A capacidade limitada do Aeroporto Hercílio luz. Já existe um projeto aprovado, que aumentará a frequência de voos e o terminal de passageiros.
A qualificação do setor hoteleiro. Existe a necessidade de preparar um maior número de profissionais para receber os visitantes.
A favor de Florianópolis
Na região Sul, em relação às capitais Porto Alegre e Curitiba, que são sedes do Mundial, a Capital dificilmente tem o aeroporto fechado por causa das condições climáticas.
É uma cidade litorânea, com boa rede hoteleira e opções de praias, semelhante à Cidade do Cabo, na África do Sul, onde ocorreu o sorteio das chaves do Mundial deste ano.
As obras, em andamento, de ampliação da rede de esgoto e de construção de uma linha subterrânea de energia elétrica entre a Ilha e o Continente.
(DC, 02/09/2010)
Avaí e Figueira no mesmo lado
A possibilidade de Florianópolis sediar eventos relacionados à Copa de 2014 coloca Avaí e Figueirense do mesmo lado. Os dois clubes já assinaram contrato de patrocínio com a estatal Eletrosul para investinento nas suas estruturas de treinamentos e nos estádios da Ressacada e Orlando Scarpelli.
Assinado em agosto, o acordo vai repassar, a cada um, R$ 3,5 milhões até dezembro do ano que vem (R$ 220 mil por mês). O presidente do Figueirense, Nestor Lodetti, confirmou que o clube já está se organizando para jogar em outro local enquanto o Scarpelli estiver em obras e, inclusive, iniciou uma negociação com a prefeitura de Biguaçu para a construção de um estádio alternativo.
– Temos um projeto para ser concluído até 2013, pensando na Copa das Confederações – informou.
O presidente do Avaí, João Nilson Zunino, garante que a Ressacada está sendo preparada para virar um complexo capaz de receber o evento
– A Ressacada poderá receber jogos da Copa das Confederações. Florianópolis merece isso – disse.
(DC, 02/09/2010)