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Sem areia, sem turistas

Prefeitura diz que, para o próximo verão, não há projetos previstos para melhorar a orla, destruída com a ressaca de abril

Quase terminado o muro para conter o avanço do mar, na Praia da Armação, a preocupação da comunidade do Sul da Ilha passa a ser outra: o turismo no verão. Sem faixa de areia, que desapareceu com a ressaca de abril, moradores e comerciantes temem o sumiço também dos turistas. A prefeitura de Florianópolis já adiantou que para a próxima temporada nada será feito.

O presidente da Associação de Pescadores da Armação, Fernando Sabino, observa que pelo menos 700 metros de areia, deixaram de existir e que não há perspectiva de que a faixa volte a aparecer naturalmente, como aconteceu em outros pontos. A região, onde o mar tomou conta do cenário é a que concentra pousadas e restaurantes.

Além disso, o muro de pedras de 1.750 metros de extensão barrou o acesso à praia. A proximidade do verão preocupa ainda mais o presidente da associação. Para o alargamento da faixa de areia, teria que ser feito um estudo de impacto ambiental. Para todo o processo estar pronto, levaria pelo menos um ano.

Um projeto feito em 1999 pelo Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra) já apontava o alargamento da faixa de areia como a solução para o problema da Praia da Armação. Apesar disso, a prefeitura não tem obra prevista.

O secretário de obras, Luiz Américo Medeiros, afirma que existe a expectativa de fazer algo, mas que não há prazo para isso. Ele alega que o projeto do Deinfra não inclui a revitalização da praia, que é outra obra necessária. A prefeitura estuda colocar passeios, decks e bancos. Para a construção do muro, foram repassados R$ 10 milhões à prefeitura pelo Ministério da Integração. A obra, que é emergencial, deveria acabar no dia 18, mas o prazo foi prorrogado por mais três meses. O secretário de obras acredita que em 60 dias ela poderá estar pronta.

Comunidade está em alerta

O pescador Aldori Aldo Souza, 43 anos, é um dos que dependem da pesca e do turismo. Durante a temporada, ele aluga a sua casa para os turistas. Souza reclama que a pesca foi ruim e agora acha que os turistas não virão.

A comerciante Carmem Lúcia Silva, que tem uma loja de roupas e lembranças, diz que já notou diferença no movimento do último verão, que foi 30% menor em relação ao anterior. Ela também percebeu a mudança de perfil das pessoas que vão à Armação:

– Não existem mais banhistas que vão para ficar na praia e passar o dia. Antes eu reclamava das pessoas que entravam molhadas na loja, sujando tudo. Hoje, até sinto falta delas.

CARMEM LÚCIA SILVA,
Comerciante

“Se não fosse a Praia do Matadeiro, que fica aqui do lado, e as saídas de barco para a Ilha do Campeche, o comércio da Armação já teria acabado.”

ALDORI ALDO SOUZA,
Pescador

“A pesca esse ano já foi muito fraca. Agora, sem areia, quem é o turista que vai querer vir para a Praia da Armação?”

(Por JÚLIA ANTUNES LORENÇO, DC, 10/08/2010)

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